Marcus Goldman teve uma juventude inesquecível em Baltimore, ao lado dos primos e dos tios, a parte bem-sucedida de sua família e que ele tanto admirava. Mas a felicidade aparente não condizia com a realidade e o dia do Drama marcou o destino fatídico e inesperado de todos aqueles que ele mais amava.
Oito anos depois, Marcus ainda tenta montar o quebra-cabeça do Drama, lidar com as consequências e entender o que aconteceu. Desencavando o passado, reacendendo paixões e desvendando mistérios, ele decide escrever o próximo romance sobre sua família, numa tentativa de se libertar de antigos ressentimentos e redimir aqueles que foram punidos pelos infortúnios da vida.
Rivalidade, traição, sucesso, paixão e inveja: abordando temas presentes na vida de todos nós, Joël Dicker constrói brilhantemente o retrato de uma juventude, destacando a força do destino e a fragilidade de nossas maiores conquistas.
Ficha Técnica
Título: O Livro dos Baltimore
Título original: Le Livre des Baltimore
Autor: Joël Dicker
Tradução: André Telles
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 416
Ano de Publicação: 2017
Skoob: Adicione
Compre: Amazon
Resenha: O Livro dos Baltimore
O livro dos Baltimore é o segundo livro de Joël Dicker protagonizado por Marcus Goldman, escritor apresentado em A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert. Publicado em 2017 pela editora Intrínseca, conta com tradução de André Telles e pode ser lido separadamente do primeiro volume, já que não há relação entre as histórias ou mesmo spoilers sobre o livro anterior.
Marcus Goldman teve uma juventude memorável com os primos e tios em Baltimore. Contudo, após o grande Drama, a vida de todos foi modificada para sempre. Agora, oito anos depois, ele ainda lida com as consequências do passado, tentando compreendê-lo. É quando decide escrever sobre sua família, dando vida ao que guarda na memória.
Como de praxe nas obras do autor, O livro dos Baltimore se desenvolve sob diferentes perspectivas e linhas temporais. Em primeira pessoa, há a narrativa de Marcus Goldman, no presente, o principal recurso para causar suspense: como o protagonista tem o conhecimento do que houve no passado, insere comentários que aguçam a curiosidade do leitor sem revelar, de cara, o que aconteceu. Assim, em terceira pessoa, o livro assume a perspectiva das demais personagens, no passado, reconstituindo aos poucos a juventude do protagonista e de sua família.
Dessa maneira, O livro dos Baltimore é quase um romance de formação, já que toda infância e adolescência das personagens é narrada. Em determinados momentos, o livro parece se desenrolar de forma mais lenta, principalmente pelo grau de detalhamento dado aos acontecimentos e cenários. Por outro, é justamente esse cuidado que permite uma enorme imersão na leitura, além da conexão com as personagens e a compreensão de como tudo se conecta. As peças são tão bem encaixadas que se torna difícil estabelecer dois pontos de causa e consequência. Na realidade, o que temos é uma visão multifatorial da família Goldman, em que o efeito dominó entre os acontecimentos não tem apenas um ponto de origem.
Iniciei o livro esperando encontrar um thriller policial — e não foi o que encontrei. Embora haja, sim, um tom de suspense que permeia a leitura por conta do mistério ao redor do dia do Drama, O livro dos Baltimore é um drama familiar. É nessa obra que entendemos as origens de Marcus Goldman e o que aconteceu para que ele se tornasse não apenas um escritor, mas um escritor famoso — adjetivo esse que faz toda diferença em termos de compreensão de sua personalidade. Não só adorei toda esse construção como me encantei pela mensagem que o livro passa sobre a perspectiva que temos sobre algo não necessariamente corresponder à realidade. Esse é um romance sobre inveja, ambição, ressentimentos e vaidades, mas também sobre memória, afeto, lealdade e, acima de tudo, família. Joël Dicker foi feliz, ainda, em incluir também uma história de amor na trama, contando os encontros e desencontros entre Marcus e a amada, Alexandra.
Por ter lido A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert e O desaparecimento de Stephanie Mailer, esperava que O livro dos Baltimore seguiria a mesma linha de suspense, com um caso a ser investigado. Contudo, esse é um drama familiar, o que, por um lado, frustrou um pouco minhas expectativas. Por outro, encontrei mais um romance de Joël Dicker escrito com maestria, e que me surpreendeu, mais uma vez, sobretudo pelo esmero com que interliga os acontecimentos, formando um enredo complexo em termos de personagens e conflitos. Tive a sensação de que algumas passagens poderiam ter sido suprimidas para evitar repetições, ao mesmo tempo em que a mesma história poderia ter sido editada de outra maneira para trazer mais agilidade em determinados momentos. Ainda assim, adorei a leitura e fiquei curiosa por ler outros trabalhos do autor.