[Resenha] Fique Comigo — Ayòbámi Adébáyò - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
17

jul
2020

[Resenha] Fique Comigo — Ayòbámi Adébáyò

Yejide espera por um milagre: um filho. É o que seu marido deseja, o que sua sogra deseja, e ela já tentou de tudo para engravidar. Mas, quando seus parentes insistem que seu marido receba uma nova esposa, Yejide chega ao limite. Tendo como pano de fundo a turbulência política e social da Nigéria dos anos 1980, Fique comigo relata a fragilidade do amor matrimonial, o rompimento de uma família, o poder do luto e os laços arrebatadores da maternidade. Uma história sobre as tentativas desesperadas que fazemos para salvar a nós mesmos, e a quem amamos, do sofrimento.

 

Ficha Técnica

Título: Fique Comigo
Título original: Stay with Me
Autor: Ayòbámi Adébáyò
Tradução: Marina Vargas
Editora: HarperCollins
Número de Páginas: 256
Ano de Publicação: 2018
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Resenha: Fique Comigo

Fique Comigo, romance da nigeriana Ayòbámi Adébáyò, foi umas das melhores — e mais devastadoras — leituras que fiz nos últimos tempos. Parte do clube de assinatura TAG Inéditos, foi posteriormente publicado pela editora HarperCollins.

Yejide está casada há quatro anos com Akin, mas ainda não engravidou. A família do marido espera avidamente por uma criança, uma vez que a tradição local está bastante ligada à continuidade da linhagem familiar. Por isso, eles pressionam Akin a aceitar uma nova esposa, embora ele e Yejide tenham concordado em serem monogâmicos. A chegada da segunda mulher de Akin coloca Yejide no limite, e disposta a tudo para engravidar.

Os primeiros parágrafos de Fique Comigo já mostram ao leitor o que esperar: uma leitura sensível e extremamente emocional. A escrita de Ayòbámi Adébáyò é precisa, sendo capaz de expressar as emoções dos personagens e torná-las parte do leitor. Por sua linguagem fluida e muitas vezes poética, devorei o livro em um misto de querer avançar pelas páginas e precisar interromper a leitura, sufocada por todas as dores a que o casal é submetido. A narrativa principal em primeira pessoa é de Yejide, mas há algumas também de Akin, além de alguns capítulos se passarem no futuro da narrativa, durante o ano de 2008. Com isso, a autora antecipa ao leitor parte do desfecho da história do casal, potencializando as angústias do que estamos lendo.

O cenário principal de Fique Comigo é a Nigéria dos anos 1980, de maneira que o contexto político da trama é bastante presente e importante na narrativa. De certa forma, Ayòbámi Adébáyò traça um paralelo entre a história individual do casal e a história do país naquele momento, afetado pela ditadura militar, como se ambos desenrolares acontecessem em ritmo e trajetórias semelhantes.

Embora o romance de Ayòbámi Adébáyò retrate uma realidade bastante diferente da brasileira — o que faz de Fique Comigo interessante por, também, nos aproximar de outra cultura —, a maneira de como os sentimentos dos personagens são trabalhados é universal. Acima de tudo, essa é uma história sobre os sacrifícios feitos em nome de um desejo maior, e o preço a ser pago quando se escolhe vivê-lo em detrimento de tudo mais. As relações familiares são trabalhadas com cuidado e sinceridade, e as reviravoltas do livro fazem dele ainda mais viciante, além de surpreendente. Antes da metade do romance, eu já não sabia mais o que esperar em termos de eventos.

No geral, Fique Comigo me devastou por tudo que Yejide e Akin são obrigados a viver. Porém, mais do que os acontecimentos em si, fui impactada pela escrita de Ayòbámi Adébáyò, capaz de tornar tudo ainda mais visceral e ao alcance do leitor. Finalizei o livro aos prantos, sabendo que carregarei essa história comigo por ainda muito tempo.





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4 Respostas para "[Resenha] Fique Comigo — Ayòbámi Adébáyò"

Angela Cunha - 18, julho 2020 às (08:47)

Aquele tipo de resenha que a gente vai lendo e vai sentindo a alma cortar. Não sabia da existência desse livro, ao menos, assim, não sabia o tema tão forte e dolorido.
A gente está tão acostumado a falar de outras culturas, mas sempre superficialmente, nunca assim, num costume tão sofrido e dolorido a uma mulher.
Impossível tentar imaginar uma situação assim.
Mas com certeza, o livro já vai pra interminável listinha de desejados!!!!
beijo

Dheifen Sara - 18, julho 2020 às (10:08)

Apenas a resenha do livro já foi suficiente para garantir uma mistura de repulsa, raiva e tristeza. Nunca é fácil nos depararmos com culturas diferentes, né?! Já vi que quando for ler este livro vou surtar (sim, eu me envolvo muito com as leituras e quando vi já tomei as dores do personagem para mim…tsc,tsc…). Muitooo obrigada pela indicação! ♥♥♥

RUDYNALVA CORREIA SOARES - 18, julho 2020 às (23:34)

Aione!
Imagino o quanto essa é uma leitura devastadora, ainda mais porque é uma cultura bem diferente da nossa.
Bom ver que o livro traz como são os relacionamentos humanos (em outra cultura) e que trata sobre perdas, mesmo que haja todo drama familiar para se ter um filho.
Sei bem como é essa cobrança, porque sempre tive problemas uterinos e nunca pude ter filhos biológicos e apesar de querer ser mãe, pude ser mãe de outra forma, o que me realizou como pessoa.
cheirinhos
Rudy

Bianca Martins - 29, julho 2020 às (18:12)

A TAG arrasa sempre neah!
Culturas é uma coisa que pega mesmo neah.

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