[Resenha] Garota, 11 — Amy Suiter Clarke - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
29

set
2021

[Resenha] Garota, 11 — Amy Suiter Clarke

Elle Castillo é a apresentadora de um podcast popular sobre crimes reais. Depois de quatro temporadas de sucesso, ela decide encarar um caso pelo qual sempre foi obcecada ― o do Assassino da Contagem Regressiva, um serial-killer que aterrorizou a comunidade vinte anos atrás. Suas vítimas eram sempre meninas, cada qual um ano mais jovem que a anterior. Depois que ele levou sua última vítima, os assassinatos pararam abruptamente. Ninguém nunca soube o motivo.
Enquanto a mídia e a polícia concluíram há muito tempo que o assassino havia se suicidado, Elle nunca acreditou que ele estava morto. Ao seguir uma pista inesperada, no entanto, novas vítimas começam a aparecer. Agora, tudo indica que ele está de volta, e Elle está decidida a parar sua contagem regressiva.

 

Ficha Técnica

Título: Garota, 11
Título original: Girl, 11
Autor: Amy Suiter Clarke
Tradução: Helen Pandolfi
Editora: Suma
Número de Páginas: 304
Ano de Publicação: 2021
Skoob: Adicione
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Resenha: Garota, 11

Garota, 11 é o romance de estreia de Amy Suiter Clarke. Publicado no Brasil pela editora Suma com tradução de Helen Pandolfi, o thriller policial proporciona uma leitura voraz, além de questionar os limites éticos de narrativas de true crimes.

Elle é apresentadora de um podcast de true crime, obcecada pelo serial-killer da Contagem Regressiva, um assassino que matou diversas garotas há 20 anos sem nunca ter sido desmascarado e que parou com os crimes abruptamente. Determinada a investigar o caso, deixado de lado anos antes pela polícia, ela recebe uma pista quente: um email de um homem que diz saber a identidade do assassino. Contudo, ao chegar para o encontro, Elle descobre o rapaz morto, sem saber que informação ele tinha para dar a ela. A partir daí, novas vítimas passam a surgir, deixando-a sem saber se seu podcast está incitando os crimes.

Garota, 11 combina um enredo ágil, repleto de eventos e reviravoltas, a uma narrativa instigante, que mescla diferentes formatos. A linha principal está na narrativa em terceira pessoa pelo ponto de vista de Elle, mas que, em alguns capítulos, assume a perspectiva de outros personagens. Porém, alguns capítulos são compostos pela transcrição dos episódios do podcast de Elle, o que não só deixa a leitura mais interessante como permite a apresentação do caso do Assassino da Contagem Regressiva de forma mais dinâmica: em vez de ser explicado no enredo, é aos poucos detalhado nesse formato, colocando o leitor também na posição de “ouvinte” do podcast. Assim, Amy Suiter Clarke aguça a curiosidade sobre os acontecimentos do final da década de 1990 por meio de ganchos narrativos e descrições sonoras muito bem detalhadas, ressaltando as impressões auditivas como se, de fato, estivéssemos ouvindo os episódios, ansiosos pelos seguintes.

Em termos de estrutura de enredo, Garota, 11 é um tanto quanto previsível. Pude adivinhar não só muitas das surpresas finais como também antecipar alguns dos acontecimentos. Porém, justamente por isso a leitura funcionou para mim nesse momento. Queria algo leve e, de certa forma, conhecido, para poder relaxar e ter prazer com a leitura, e a obra de Amy Suiter Clarke me proporcionou exatamente isso. Estava há tempos desejando um livro com esse tipo de enredo, então encontrei o que queria.

Pensando nos diferenciais, destaco a narrativa em formato de podcast, um tipo de mídia cada vez mais em alta, e a discussão surgida a partir disso. Garota, 11 questiona os limites éticos de narrativas de true crimes, como a tênue fronteira entre focar em vítimas ou no assassino, e as consequências a partir disso. Também, demonstra a rotina de quem trabalha com internet, estando sujeito a assédios e hates. Importante mencionar, ainda, que embora Elle seja uma personagem branca, há vários outros não-brancos na história, e Amy Suiter Clarke pontua em diversos momentos as formas que o privilégio branco pode assumir.

Em linhas gerais, Garota, 11 me proporcionou uma leitura fluida e um conhecido esqueleto de thriller policial — que era justamente o que eu buscava —, mas com a roupagem própria de Amy Suiter Clarke. É uma boa pedida para quem quer conhecer o gênero ou que, habituado a ele, procura por um bom entretenimento. Apesar das insinuações de violência presentes na história — e esperadas, dado o gênero e premissa da trama —, não é um livro descritivo e pesado, que pode gerar incômodos mais profundos.





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