Delírios Sobre Mudanças - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
26

nov
2014

Delírios Sobre Mudanças

Delírios_Mudanças

É engraçado pensar sobre a ação do tempo em nossas vidas.

Recentemente, li Sisterhood Everlasting, quinto livro da série A Irmandade das Calças Viajantes, separado de seu antecessor por 10 anos de diferença. Ainda que a essência de suas personagens tenha se mantido, tudo está diferente em suas vidas. Até o estilo desse livro – o único da série que não se passa exclusivamente no verão – difere dos primeiros.


Após a leitura de Delírio, de Lauren Oliver, fiz um post com minhas reflexões e o chamei de Delírios Após “Delírio”. Tive uma boa resposta dos leitores e, alguns, me pediram para “delirar” mais vezes.

 

Não precisamos pensar em tanto tempo assim, afinal, 10 anos realmente é muito tempo. Talvez um melhor exemplo esteja em Um Dia, de David Nicholls, no qual cada capítulo é separado do outro pela diferença de um ano. Você termina um, e o capítulo seguinte não é o próximo instante ou o próximo dia – é o próximo ano. E ai as diferenças ficam muito mais explícitas. Nem tanto tempo passou, mas muita coisa pode ter mudado.

E foi fazendo essa análise em minha própria vida que comecei a delirar. Há dois anos, eu era uma pessoa. Há um, eu era outra. Hoje, sou uma terceira. E jamais deixei de ser eu mesma.

A cada dia, descubro uma nova faceta em mim: pode ser um novo gosto, pode ser uma nova característica, pode até ser algo que antes eu adorava e, de repente, já não tem o mesmo sabor. A vida ao meu redor vai mudando e vou mudando junto com ela.

Já dizia Raul que é preferível ser essa metamorfose ambulante, mas, venhamos e convenhamos, não é nada fácil mudar. Aliás, as partes novas da mudança são sempre excitantes. É aquilo que deixa de ser o que me assusta.

Por mais medo que eu sinta de novas situações – e quem é que não o sente? -, elas, de certa forma, também me empolgam. Sempre fui sonhadora demais para não começar a imaginar todas as possibilidades que elas trazem, tudo de bom que pode acontecer. Porém, como uma típica frase que circula pelo Facebook, coisas novas só chegam em sua vida quando você se desfaz das antigas.

Deixar de gostar com a mesma intensidade de uma música não tem lá grande problema, afinal, é só uma música. Mas e quando você muda hábitos e gostos a ponto de isso influenciar suas relações com o mundo? Aquilo que você fazia de repente não quer mais fazer, e nem todo mundo compreende por que você está diferente. Nem você, as vezes, entende isso.

Se desprender de hábitos e opiniões em nossa jornada é completamente natural, mas nem todo mundo encara isso com facilidade – e eu me incluo nesse todo. Para alguém que gosta de rotinas, de planejamentos, que não lida bem com a mudança de planos, a mudança de vida é difícil de ser aceita. Penso, reluto, nego, procuro explicações, penso muito mais. Até que aceito e deixo a vida me levar.

Delírios_Mudanças2

Um dia desses estava pensando sobre um perfume que comprei nesse ano. Eu fiquei doida por ele quando o senti em uma colega, a ponto de eu logo querer um para mim. Contudo, bastou eu usá-lo na primeira vez para ficar enjoada, e hoje em dia mal posso sentir o cheiro dele.

O perfume, entretanto, continuou o mesmo. Quem mudou fui eu.

Nós temos o direito de mudar, e é ótimo que mudemos. E se pelo caminho muita coisa ficar para trás, que saibamos entender que, para tudo, há um momento. Uma roupa pode ser a sua favorita até que não caiba mais em você ou seu gosto mude. Isso não muda o fato dela um dia ter sido sua favorita, só hoje não combina mais com a pessoa que você é.

A chave, talvez, seja deixar de encarar tudo isso como um problema, porque é o que eu costumo fazer. Não significa ter um problema se você deixou de gostar de algo ou estar com um problema para tudo ter mudado. Você só não está mais aonde estava anteriormente. Afinal, a vida segue. E a gente segue com ela.





Deixe o seu comentário

20 Respostas para "Delírios Sobre Mudanças"

Ceile - 26, novembro 2014 às (09:12)

Ai que texto lindo e verdadeiro, Mi!
Estou numa fase de mudança – tanto literal quanto subjetivamente – então suas palavras foram muito bem vindas e certeiras.

Beijos,
Ceile.

Lise - 26, novembro 2014 às (10:06)

A vida segue, e nós seguimos com a vida que vamos encontrando pelo caminho. Concordo que a a gente muda, mas é que quando a gente muda, a gente muda o mundo. hehehe Então não só você mudou como o perfume também mudou.

Quando eu leio esses posts tudo o que eu queria é que morássemos ao menos em cidades vizinhas para eu correr e te abraçar. Porque parece que somente um abraço pode refletir e dizer as palavras inexistentes para o que acontece dentro de nós ao ler teu texto. Ou do David Nicholls (aliás estou numa semana totalmente Em e Dex porque assisti sábado o filme novamente).

Mi, que bom que mudamos e que pena que estamos sempre mudando. Eu que adoro mudar, ao mesmo tempo sou extremamente nostálgica e apegada. É como querer ir, mas querer sempre ficar. Muito doloroso, mas parte do processo.

Beijos
liliescreve.blogspot.com

Edilza - 26, novembro 2014 às (10:06)

Me identifiquei tanto com esse texto, Mi! Desde que eu casei, há 16 anos, passei por tanta coisa, e isso me mudou muito, e foi exatamente isso: essas mudanças me empolgaram quando eu vi o que elas iam me servir no futuro.
Amei! Bjs, fofa <3

Paola Aleksandra - 26, novembro 2014 às (10:59)

Tão lindo e verdadeiro!

Adorei o texto e a reflexão, gêmea. É estranho parar para pensar o quanto mudamos ao longo do tempo. E mais, concluir que é bom mudar.

Fico feliz por fazer parte da sua história e conhecer essa gêmea de cada novo ano. E ah, desconfio que sei da história desse perfume, haha

Beijos

Helena Eher - 26, novembro 2014 às (12:04)

Adorei seu post! Acabei de me mudar pra Holanda e estou vivendo, justamente, um momento de enorme transformação, mas ainda sou eu! Bjos! 🙂

thayna ta - 26, novembro 2014 às (13:37)

Que linda sua foto, o tempo parecia perfeito também, ótimo é um chocolate quente ♥.
Os livros nos mudam mesmo, mas ao mesmo tempo continuamos ser nós mesmos, talvez eles joguem nossa verdadeira essência para fora, o que realmente somos. A gente vai se descobrindo a cada dia. Amei a forma de que falou do perfume.
Amei a forma que se expressou, me senti triste um pouco, não por chorar sabe? Mas algo dentro da gente fica apertado e cada vez mais rápido.
Beijos Aione, ThayQ.

Oliveira - 26, novembro 2014 às (15:45)

Mudanças são difíceis e como disse nem todos deixam que elas aconteçam, alguns perdem muito outros nem tanto aparentemente, mas a perda ocorre.
Amei sua reflexão! Muito sincera e verdadeira.

Andressa Menezes - 26, novembro 2014 às (16:19)

Oiee

Adorei o texto eu adoro mudanças e sempre tento mudar algo na minha vida, parece que o que você escreveu foi para mim pois hoje cedo vim pensando exatamente em mudar algo na minha vida, nunca é tarde para mudar e nunca é tarde para ser feliz.

Beijos

http://www.livrosechocolatequente.com.br

Aline Rodrigues - 26, novembro 2014 às (19:17)

Aione momento filosofa….. amiga vc disse tudo “Nós temos o direito de mudar, e é ótimo que mudemos.”…. mudar não significa que não temos opinião e sim que somos abertos para aprender cada vez mais, aprendizado gera mudança….

Adorei

Desbravadores de Livros - 27, novembro 2014 às (07:00)

Pois é, Aione. Super concordo com você que não é fácil mudar, mas muitas vezes é necessário, ainda mais para sair de algum comodismo ambulante. E Raul disse tudo.
Adorei esse seu momento de devaneios, rs.

samara - 27, novembro 2014 às (11:51)

oi mi

super concordo com tudo que vc disse nos sempre estamos mudando e se vc n tiver aberta a mudança e um pouco dificil a cada dia descobrimos uma nova pessoa dentro de nos , essa nova pessoa que descubrimos e que nos faz diferente de tudo e de todos. e e um pouco dificil vc esquecer os habitos e as opinioes antigas.

beijao !!!!!!!!!!!!!!!!!

grande abraço

Iris Figueiredo - 28, novembro 2014 às (07:02)

Oi, Aione!

Eu sempre me pego pensando nisso. É incrível como a gente muda e nem percebe. Ou como a nossa vida “por fora” (sabe, aqueles fatores que não dependem apenas da gente?) também muda e quando a gente vai ver, estamos num momento completamente diferente de um, dois anos atrás. Dia desses estava pensando nisso. Minha vida mudou totalmente no último ano e em alguns momentos isso me deixou em parafuso. Mas faz parte, sabe. Acho que essas transições são muito importantes, a vida é um eterno caminhar, caminhar, caminhar. A gente chega onde a gente quer, depois a gente muda um pouquinho mais, pq não dá pra ficar sempre no mesmo lugar. E passa a ter novas vontades, objetivos etc. 🙂

Amei o texto!
Beijos

Milena Soares - 28, novembro 2014 às (20:20)

Que texto lindo, concordo com tudo que você escreveu, nos estamos mesmo sempre mudando e não é nada fácil mesmo!

Cristiane Oliveira - 29, novembro 2014 às (20:49)

Oi Aione. Acabei de ler “Um Dia”, e este livro mexeu muito comigo, e me fez refletir em várias coisas sobre esta questão de mudança e passagem de tempo. Nós mudamos sem mesmo nos darmos conta disso…. Beijos

Rudynalva - 29, novembro 2014 às (23:46)

Aione!
Coincidentemente ou como diria meu amigo Fabio Shiva, a sincronicidade do assunto me veio à tona semana passada, acredita?
Ano que vem completarei meio século, imagina! Meio século! E tivemos um encontro da última turma do 2º grau, todas estudamos juntos no último ano, há 33 anos, pensa aí? E passei a recordar como era aos 16 anos em uma turma só de mulheres (fomos a última turma apenas feminina da escola), como era naquela época e tudo que mudou de lá para cá e vi o quanto tinha mudado alguns gostos, desenvolvido algumas novas aptidões, mudado o curso da minha vida… E ao chegar lá e saber das histórias das colegas adolescentes que agora eram cinquentonas também, me fez ver o quanto a vida é dinâmica e o quanto temos de nos adaptar a cada novo dia…Uma das mudanças mais marcantes diz respeito a tecnologia… Naquela época raríssimas pessoas podiam ter um computador em casa e na atualidade, estávamos todas conectadas ao Wattsap, fotos diretas dos celulares e tablets, etc…
E ainda estou aqui, disposta a novas mudanças…E isso é o bom da vida e mostra o quanto de experiências adquirimos ao longo da nossa passagem pela terra.
Amei o tema abordado.
cheirinhos
Rudy

Fernanda Bizerra - 30, novembro 2014 às (09:47)

Oi, Aione! Tudo bem?

Estava aqui pensando que seu texto seria sobre os livros, mas olha o que encontrei. Uma verdadeira reflexão! Li um dia o realmente se passa assim, mas nem percebi o tanho da mudança na vida dos personagens, mas depois do seu texto muitas coisas mudaram aqui, menos o fato de ser obrigada a terminar a leitura de Um dia, pois foi o final de livro mais difícil da minha vida.

Também tenho medo de mudanças, sabe?. Mas se não mudarmos continuaremos na mesmice de sempre e vamos começar a ver nossa vida com algo sem graças e muitas das vezes sem sentido. Nossa vida é como os livros que lemos, ah época para tudo. Pense em um livro que você amou ha tempos atrás e se fosse a VOCÊ de hoje. Você o leria? gostaria dele como antes?. Acredito que não todos pois tenho muitos assim.

Perfume, não poderia deixar de falar deles. Amo perfumes, os masculinos claro. Se tem uma coisa que me deixa com ânsia de vomito são perfumes doces, eles entram em meu organismo e causam um reboliço sem controle. São raros hoje em dia os perfumes femininos que me agradam, gostava deles antes, mas hoje somente os mais amadeirados e masculinos me agradam.

Mudanças, mesmo de modo perceptível ela faz parte de nossa vida no dia a dia. É simples como você mesma citou, hoje gostamos de algo e amanhã já deixamos, não tudo claro. Eu amava sorvete, suco, bolachas tudo de morango, hoje acho meio acho enjoativos apensar de ainda tomar um pouco.

Penso que já escrevi demais rs.
Beijos e parabéns pelo texto.
http://www.amorliterario.com

Dayane - 01, dezembro 2014 às (20:16)

Aione passo por uma situação igual, o problema para mim está no fato em ser obrigada a mudar, e não o fazer por naturalidade ou por

Dayane - 01, dezembro 2014 às (20:17)

Aione, estou passando por uma fase parecida, mas no meu caso o problema maior está em ser obrigada a mudar e não fazer por naturalidade ou porque cheguei à conclusão de que tal mudança seria melhor para minha vida, sempre me achei muito mais madura para as pessoas da minha idade, mas as mudanças foram tantas que hoje preferia quem eu era. Precisamos arcar com as consequências das nossa mudanças e escolhas, aceitar não é fácil, no meu caso é muito doloroso, mas faz parte é uma das experiências da vida em que temos que passar.
Faz um bom tempo que acompanho o blog e o canal, por mais que não comentasse por timidez, sempre li e ouvi tudo de maravilhoso que você diz a respeito da leitura do livro “um dia”, mas sempre achei que fosse aquele especial, que teríamos que ler no momento certo sabe, depois de ler esse seu texto creio que minha hora com esse livro chegou, espero ter a mesma experiência com ele que você teve.
Beijos!

Crislane Barbosa - 08, dezembro 2014 às (20:33)

Oi!
Gostei do seu texto. Peço permissão para pegar uma citação e colocar no meu status do facebook.
As mudanças são tão difíceis. Exige tanto amadurecimento e deixar aquelas coisas que antes eram importantes para nós, para trás. Porque elas agora podem não ser importantes como antes.

Beijos!

Aione Simões - 08, dezembro 2014 às (21:48)

Oi flor!
Muito obrigada <3
Pode pegar sim, só te peço pra colocar a fonte hehe!
Beijão!

Minha Vida Literária

Caixa Postal 20

Mogi das Cruzes/SP

CEP: 08710-971

Siga nas redes sociais

© 2024 • Minha Vida Literária • Todos os direitos reservados • fotos do topo por Ingrid Benício