[Resenha] Na estrada com o ex — Beth O’Leary - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
20

jul
2023

[Resenha] Na estrada com o ex — Beth O’Leary

Dylan e Addie se apaixonaram há alguns verões, sob o sol da Provença, na França. Quase dois anos atrás, porém, o relacionamento acabou, e eles pararam de se falar.
Às vésperas do casamento de uma amiga em comum, os caminhos dos dois se cruzam novamente. Ou melhor, colidem. Quando, logo no início da viagem para a festa, o carro em que Dylan vai com um amigo bate no que Addie está com a irmã e um sujeito que pediu para ir junto, os planos mudam. Addie se vê obrigada a oferecer carona para a dupla, e, espremidos no carrinho, os cinco retomam a jornada.
Com muitos imprevistos no trajeto e seiscentos quilômetros pela frente, Dylan e Addie serão forçados a confrontar as escolhas que os separaram e refletir se ter colocado um ponto-final no relacionamento foi a melhor decisão.
Alternando a história do namoro com a louca viagem de carro, o terceiro romance de Beth O’Leary nos faz sentir o friozinho na barriga da paixão e as angústias dos rompimentos, enquanto tentamos entender o que causou o ressentimento e a tensão entre os protagonistas. Engraçado, emocionante e repleto de personagens memoráveis, Na Estrada com o Ex é a oportunidade perfeita para refletir se o fim da estrada pode ser um recomeço.

 

Ficha Técnica: Na estrada com o ex

Título: Na estrada com o ex
Título original: The Road Trip
Autor: Beth O’Leary
Tradução: Ana Rodrigues
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 416
Ano de Publicação: 2022
Skoob: Adicione
Compre: Amazon

 

Resenha escrita

Na estrada com o ex é o livro mais controverso de Beth O’Leary, dividindo opiniões entre seus adoradores e entre aqueles que se decepcionaram. Traduzido por Ana Rodrigues, foi publicado pela Intrínseca em 2022 depois de ter sido enviado aos assinantes do extinto Clube Intrínsecos.

Addie e Dylan foram namorados há cerca de dois anos, mas terminaram a relação de maneira bastante dolorosa. Agora, eles se reencontram na viagem a caminho do casamento de uma amiga em comum e são forçados a dividir o mesmo carro, junto de outras três pessoas.

Em primeira pessoa, a narrativa se alterna entre capítulos pela perspectiva de Dylan e Addie. Adorei como o livro fluiu bem e a escrita de Beth O’Leary. A autora é especialmente habilidosa em entregar, aos poucos, as informações que vão situando o leitor sobre as personagens e as circunstâncias. Por exemplo, pelas referências literárias de Dylan, conseguimos compreender muito de sua bagagem e posição sócio-econômica antes da autora abertamente contá-las. Há um importante contraste entre os protagonistas, nesse sentido, e no que é construído em termos do conflito principal.

Além disso, a absurda viagem de carro me rendeu boas risadas e me manteve curiosa sobre o que aconteceria em seguida, trazendo a leveza necessária para o enredo — que aborda temáticas bastante sérias e consideravelmente pesadas. Beth O’Leary sempre retrata em seus livros situações delicadas de violência contra a mulher, e gostei principalmente de como Na Estrada Com o Ex funciona como uma forma de demonstrar a parceria que existe entre homens, como eles estão, em geral, prontos para defender e acreditar em outros homens, não importando o que fazem de errado. Homens costumam dar o benefício da dúvida a outros homens, e temos inúmeros exemplos disso na nossa sociedade. Por outro lado, é fácil demais fazer da mulher a culpada e julgá-la por seus atos, o que também vemos retratado na história. Inclusive, mulheres vítimas de assédio costumam elas próprias se culparem, acreditando terem sido responsáveis pelo que sofreram, e gostei muito de como isso foi construído no livro.

Contudo, se Na Estrada Com o Ex funcionou nesses aspectos, deixou a desejar como comédia romântica. A relação entre Addie e Dylan é frágil, o que tem a ver com a forma de como se conhecem e com as bagagens que carregam, e faz sentido dentro do que é construído como passado do casal. Entretanto, a evolução do romance não aprofunda essa relação e o final não convence. Minha impressão é que a dinâmica entre Addie e Dylan e entre Dylan e Marcus, melhor amigo do protagonista e figura fundamental na trama, seguiria a mesma, apesar das poucas mudanças mencionadas sobre os personagens em relação ao passado. Especialmente, o arco de redenção de Marcus não convence, e a desculpa dada para seus erros foram a pior parte do livro. Também, há um importante aspecto sobre a saúde mental de Dylan: o tema em si é de bastante relevância e faz sentido para o personagem; contudo, é abordado de maneira superficial.

Ou seja: embora eu tenha feito uma boa leitura e gostado de como Na Estrada Com o Ex funciona para retratar a dinâmica de fidelidade entre homens (e gosto de como as construções de Dylan e Marcus fazem sentido nessa ótica. A origem sócio-econômica de ambos é fundamental aqui, demonstrado o quão descolados estão da realidade e de vivências diferentes das deles), o final não se sustenta. Na tentativa de entregar uma comédia romântica com final feliz, o livro perde a força e passa mensagens confusas, descartando o potencial que tinha caso tivesse seguido por outros caminhos.





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