[Resenha] A Vida Invisível de Addie LaRue — V. E. Scwhab - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
29

abr
2022

[Resenha] A Vida Invisível de Addie LaRue — V. E. Scwhab

França: 1714. Addie LaRue não queria pertercer a ninguém ou a lugar nenhum. Em um momento de desespero, a jovem faz um pacto: a vida eterna, sob a condição de ser esquecida por quem a conhecer. Um piscar de olhos, e, como um sopro, Addie se vai. Uma virada de costas, e sua existência se dissipa na memória de todos.
Após tanto tempo vivendo uma existência deslumbrante, aproveitando a vida de todas as formas, fazendo uso de tantos artifícios quanto fosse possível e viajando pelo tempo e espaço, através dos séculos e continentes, da história e da arte, Addie entende seus limites e descobre — apesar de fadada ao esquecimento — até onde é capaz de ir para deixar sua marca no mundo.
Trezentos anos depois, em uma livraria, um acontecimento inesperado: Addie LaRue esbarra com um rapaz.
Ele enuncia cinco palavras.
Cinco palavras capazes de colocar a vida que conhecia abaixo:
Eu me lembro de você.
Uma jornada inspirada no mito faustiano sobre busca e perda, eternidade e finitude e, acima de tudo, uma questão: até onde se vai para alcançar a liberdade? Best-seller do The New York Times e recomendado pelo Entertainment Weekly, A vida invisível de Addie LaRue é um livro inesquecível e que colocou V.E. Schwab entre as principais autoras de fantasia da atualidade.

 

Ficha Técnica

Título: A Vida Invisível de Addie LaRue
Título original: The invisible life of Addie LaRue
Autor: V. E. Scwhab
Tradução: Flavia de Lavor
Editora: Galera Record
Número de Páginas: 504
Ano de Publicação: 2021
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Resenha: A Vida Invisível de Addie LaRue

A Vida Invisível de Addie LaRue foi meu primeiro contato com a escrita de V. E. Schwab, renomada autora de fantasia. Apesar de não ser um gênero que me atrai, me interessei pela leitura por esse aspecto não parecer central na trama — e não me decepcionei. Ao contrário, fiquei encantada pela história bem desenvolvida e por sua narrativa poética.

Addie LaRue nasceu no século XVII em um vilarejo na França. Embora queira conhecer o mundo e não se limitar às parcas possibilidades que sua vida oferece, ela é forçada a se casar, o que a colocaria justamente no destino que rejeita. Assim, em um momento de desespero, ela faz um pacto com um deus da escuridão: em troca de tempo e vida para experimentar tudo o que deseja, ela se tornará incapaz de ser lembrada por alguém e de deixar uma marca no mundo.

V. E. Schwab alterna os capítulos entre a vida atual de Addie, no ano de 2014, com a construção de sua história, desde quando nasceu até tudo o que viveu em seus três séculos de existência. Mais do que narrar a trajetória da protagonista, o que a autora faz brilhantemente, o recurso também permite a ela brincar com fatos históricos, dando esse panorama à obra, mas adaptando acontecimentos e personas ao universo fantástico criado — o que proporciona momentos um tanto quanto divertidos na leitura.

 

E foi isto que estabeleceu: consegue ficar sem comida (não vai definhar). Consegue ficar sem calor (o frio não vai matá-la). Mas uma vida sem arte, sem deslumbramento e sem beleza a deixaria louca. Já ficou louca uma vez.

Ela precisa de histórias.

Histórias são um modo de se preservar. De ser lembrada. E de esquecer.

página 34

 

Por ter uma escrita detalhada e construir as passagens aos poucos, A Vida Invisível de Addie LaRue entrega uma leitura mais vagarosa em sua primeira metade, mas nem por isso menos interessante. Ao contrário, não demorei a me envolver com a personagem e os cenários em que passeia, sendo tragada por completo pelo universo criado por V. E. Schwab. Mais do que tudo, fiquei extremamente encantada pela narrativa sensível e poética, muito bem traduzida por Flavia de Lavor, sendo esse um daqueles livros em que temos vontade de grifar inúmeras citações.

 

Nunca põe um fim nas coisas, nunca tem a chance de se despedir. Nunca tem um ponto final ou uma exclamação, só uma vida de reticências. Todo mundo recomeça, vira a página, mas ela não consegue. As pessoas falam que a chama de velhos amores nunca se apaga, mas, apesar de não ser um incêndio, as mãos de Addie estão cheias de velas acesas. Como é que ela poderia abafá-las ou extingui-las? Faz tempo que perdeu o fôlego.

página 393

 

A força de A Vida Invisível de Addie LaRue está sobretudo no belo desenvolvimento da protagonista. Addie, ironicamente, é uma personagem inesquecível, seja por seu desejo vibrante pela vida, seja por sua astúcia. Gostei como V. E. Schwab retoma a ideia do pacto, frequente na literatura, para demonstrar os desejos mais profundos das personagens, ligados a como cada uma almeja viver e, ainda que Addie seja o grande destaque, a autora também trabalha muito bem as demais personagens. Adorei como Henry traz a perspectiva de quem lida com transtornos mentais, assim como Luc é uma figura tão complexa — foi impossível não me atrair por seu carisma, apesar de seu lado sombrio. Em relação aos temas, me encantei pela forte presença da arte na trama, especialmente por demonstrar não apenas sua capacidade de expressão humana ou de ser um retrato da história da humanidade, mas o quanto uma existência sem ela é impossível. 

Em linhas gerais, A Vida Invisível de Addie LaRue foi uma leitura encantadora, daquelas para se fazer aos poucos, saboreando o trabalho poético de V. E. Schwab com as palavras e ideias apresentadas. É um livro que nos faz transitar por inúmeros cenários, viajando entre o real e o fantástico, passado e presente. É delicioso, também, observar a habilidade da autora em desenvolver o enredo, incluindo reviravoltas nos momentos exatos e culminando em um final de tirar o fôlego. 





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