[Resenha] A Troca — Beth O’Leary - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
28

abr
2021

[Resenha] A Troca — Beth O’Leary

Leena Cotton tem 29 anos e sente que já não é mais a mesma. Eileen Cotton tem 79 e está em busca de um novo amor. Tudo de que neta e avó precisam no momento é pôr em prática uma mudança radical. Então, para colocar suas respectivas vidas de volta nos trilhos, as duas têm uma ideia inusitada: trocar de lugar uma com a outra.
Leena sabe que precisa descansar, mas imagina que a parte mais difícil será se adaptar à calmaria da cidadezinha onde a avó mora. Cadastrada em um site de relacionamentos, Eileen por sua vez embarca na aventura com a qual sonha desde a juventude. Dividindo o apartamento com dois amigos da neta, ela logo percebe que na cidade grande suas ideias mirabolantes não são tão complicadas assim.
Ao trocar não só de casas, mas de celulares e computadores, de amigos e rotinas, Leena e Eileen vão descobrir muito mais sobre si mesmas do que imaginam. E se tudo der certo, talvez destrocar não seja a melhor solução.

 

FICHA TÉCNICA

Título: A Troca
Título original: The Switch
Autor: Beth O’Leary
Tradução: Ana Rodrigues
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 352
Ano de Publicação: 2020
Skoob: Adicione
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RESENHA: A Troca

Depois de meses de expectativa sem conseguir encaixar A Troca em minhas leituras, enfim consegui ler mais um sucesso de Beth O’Leary, autora de Teto Para Dois — um dos meus queridinhos de 2019. O livro havia sido primeiramente enviado no Clube Intrínsecos, e chegou às livrarias no final de 2020.

Leena é afastada do trabalho por dois meses após cometer um erro colossal e atípico em seu bom desempenho. Sobrecarregada e lidando com sentimentos dolorosos, busca refúgio na cidade da avó. Lá, ela propõe a Eileen que ambas troquem de lugar: ela ficará ali, assumindo as tarefas da avó, enquanto Eileen ficará em seu lugar, em Londres. Eileen, ressentida por um casamento frustrado, sente que, prestes a fazer 80 anos, é o momento ideal para viver uma grande aventura.

Assim como em Teto Para Dois, A Troca alterna os capítulos com as narrativas de Leena e Eileen. Em primeira pessoa, Beth O’Leary é habilidosa na construção das vozes de suas personagens. Além do tom leve e muito bem-humorado, há o toque certo de sensibilidade no desenvolvimento de seus conflitos emocionais. Leena está lidando com um sentimento enorme de perda, trazendo emoções que ela não sabe processar e a distanciando de quem é — além de distanciá-la de sua mãe, que mora próxima da avó. Eileen, embora preocupada com a filha e a neta e lidando com suas próprias emoções conflitantes, mantém a personalidade ativa, divertida e benevolente, ainda que firme quando necessário.

Uma das coisas que mais me encantou na leitura foi a sensibilidade no desenvolvimento de Eileen. A autora humaniza a personagem ao desenvolvê-la com delicadeza e ao nos lembrar sobre as paixões na terceira idade. Mesmo lúcida e ativa, Eileen continua sendo uma mulher idosa, e há as marcas necessárias para retratá-la de tal maneira. Além disso, ela, apaixonada por Agatha Christie, detém em si as características típicas de pessoas curiosas por mistérios.  Foi impossível não me apaixonar por ela e por seu jeito cativante! Leena, por sua vez, conquista a sua própria maneira. Suas emoções são bastante sinceras e foram várias as passagens em que quis abraçar a personagem.

O romance aparece em A Troca, mas não em destaque. Beth O’Leary entrega às suas protagonistas — e aos leitores! — amores de causar suspiros, mas em segundo plano. A retomada de Leena e Eileen de suas próprias vidas, redescobrindo quem são após viverem trágicos momentos é o centro do enredo, fazendo dele bastante forte e emocionante. Amei como, ainda, há a reflexão sobre gênero, uma vez que parte do que elas enfrentam, sobretudo no que diz respeito a Eileen, é impactado pelos papéis sociais impostos às mulheres.

A Troca me proporcionou uma leitura deliciosa e emocionante, ainda que não tão frenética quanto Teto Para Dois — meu estado de agitação mental em nada relacionado à leitura me impediu um envolvimento maior com a história. Valeu a pena esperar, e sigo na espera por sua adaptação!





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