Em Shaker Heights tudo é planejado: da localização das escolas à cor usada na pintura das casas. E ninguém se identifica mais com esse espírito organizado do que Elena Richardson.
Mia Warren, uma artista solteira e enigmática, chega nessa bolha idílica com a filha adolescente e aluga uma casa que pertence aos Richardson. Em pouco tempo, as duas se tornam mais do que meras inquilinas: todos os quatro filhos da família Richardson se encantam com as novas moradoras de Shaker. Porém, Mia carrega um passado misterioso e um desprezo pelo status quo que ameaça desestruturar uma comunidade tão cuidadosamente ordenada.
Ficha Técnica
Título: Pequenos Incêndios Por Toda Parte
Título original: Little Fires Everywhere
Autor: Celeste Ng
Tradução: Julia Sobral Campos
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 416
Ano de Publicação: 2018
Skoob: Adicione
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Resenha: Pequenos Incêndios Por Toda Parte
Pequenos Incêndios Por Toda Parte é o segundo romance de Celeste Ng, e que, além de escolhido para o Clube de Leitura de Reese Whiterspoon, foi também adaptado como série de TV pela produtora da atriz, que o estrela em um dos papéis principais.
A chegada de Mia Warren e sua filha, Pearl, a Shaker Heights causa abalos. A cidade extremamente organizada — de suas estruturas ao estilo de vida de cada cidadão — tem dificuldades de lidar com a liberdade das novas moradoras, que causam encantamento aos filhos de Elena Richardson. Elena, defensora ferrenha do controle e planejamento, fica incomodada com um estilo de vida tão diferente do que ela leva. Quando o equilíbrio da comunidade parece estar ameaçado, os segredos do passado de Mia correm o risco de virem à tona.
Pequenos Incêndios Por Toda Parte se inicia com a informação de que houve um incêndio intencional na casa de Elena Richardson. A partir disso, retrocedemos alguns meses no tempo para compreender os acontecimentos que culminaram nesse evento. Em terceira pessoa, a narrativa é objetiva e um tanto quanto distante das personagens, mesmo que revele seus pensamentos e impressões. Esse distanciamento é usado de maneira a proporcionar uma tentativa de imparcialidade, na qual os fatos e situações são expostos sem um julgamento crítico. Essa avaliação é tarefa do leitor, que precisa tirar as próprias conclusões sobre o que é demonstrado. As situações abordadas, no geral, não têm respostas corretas: elas variam de acordo com a perspectiva assumida.
Outra característica da narrativa é que ela se desenvolve de forma tranquila, dando uma falsa impressão de que nada acontece na história. Se você espera de Pequenos Incêndios Por Toda Parte grandes emoções ou um suspense repleto de adrenalina, suas chances de se decepcionar são grandes. A tensão é construída aos poucos — como pequenos focos de incêndios que, juntos, culminam em uma explosão final. Da mesma maneira que Shaker Heights exibe uma aparência de superficialidade e calmaria, mas esconde seus próprios segredos sórdidos, assim é a narrativa.
O tema central desse romance de Celeste Ng é a maternidade. Ela é exercida e apresentada em situações diversas, demonstrando não apenas as dificuldades que pode assumir, mas as diferentes formas em que pode se dar. Há a perspectiva de mães sobre seus filhos, de filhos sobre suas mães e, no meio disso, como essa relação pode ser complicada, já que há uma troca mútua e constante de incompreensões, expectativas e frustrações. Há, também, a relação entre maternidade e individualidade, mostrando que os relacionamentos de mães e filhos são únicos porque, em primeiro lugar, as mulheres que assumem o papel da maternidade também são únicas — e existem individualmente antes de existirem como mãe.
A arte é também um elemento importante da história, uma vez que Mia é uma artista. Com isso, o final de Pequenos Incêndios Por Toda Parte se fez ainda mais intenso, resultante da tensão crescente da história com o papel que a arte tem de revelar e representar o que há de mais humano em cada um de nós. Apesar de ter feito uma leitura tranquila no todo, finalizei o livro de Celeste Ng sentindo a força de um soco no estômago, refletindo sobre tudo aquilo que eu havia lido. Em relação à série de TV, disponível atualmente no catálogo da Amazon Prime, ela retrata com fidelidade a obra original, mas incorpora outros elementos próprios, capazes de intensificar os temas debatidos no livro. Na série, a tensão e os conflitos são mais aparentes, assim como senti uma maior humanização das personagens. No geral, considerei uma excelente adaptação e a acho tão boa quanto a obra original.
Eu li dessa autora tudo que nunca contei e não rolou um sentimento forte, foi ok… agora já vi muita gente falando desse, será que rola ?! 🤔 vou deixar aqui de dica … vai que juntando esses pequenos incêndios faz um fogaréu por aqui né! 🤣🤣🤣