Título: Meu Livro Violeta
Título original: My Purple Scented Novel
Autor: Ian McEwan
Tradução: Jorio Dauster
Editora: Companhia das Letras
Número de Páginas: 128
Ano de Publicação: 2018
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Dois textos inéditos de um dos maiores ficcionistas da atualidade, reunidos no marco da celebração de seus 70 anos.
Meu livro violeta é uma pequena joia da narrativa curta sobre o crime perfeito. Mestre do suspense e do enredo, Ian McEwan descreve uma traição literária meticulosamente forjada e executada sem escrúpulos.
Publicado em janeiro de 2018 na prestigiosa revista New Yorker, o conto revisita um tema caro ao autor e tratado em livros como Amsterdam: as ambivalências das relações de amizade entre dois artistas, com doses desmedidas de admiração e inveja.
Ao conto que dá título ao livro se segue o libreto Por você, escrito para a ópera de Michael Berkeley. Profundo conhecedor de música, McEwan apresenta uma cativante história de amor e traição envolvendo quatro personagens: o regente e compositor Charles Frieth, sua esposa, uma admiradora, e o médico da família. Em sua primeira incursão no universo da ópera, McEwan mostra que seu talento como criador de histórias segue sendo insuperável.
Meu Livro Violeta traz dois contos de Ian McEwan em estilos bastante distintos um do outro, mas que se aproximam ao trazerem uma temática em comum: a corrupção do homem frente a seus próprios interesses.
No conto que dá nome ao livro — cujo lançamento mundial celebrou os 70 anos do autor —, conhecemos a história de um crime literário. Jocelyn Tarbet e Parker Sparrow são escritores e amigos de longa data. Em algumas páginas, Parker, o narrador em primeira pessoa, narra os altos e baixos dessa amizade e traça a trajetória que cada um dos amigos seguiu ao longo da vida. É quando chegamos ao ponto da narrativa que realmente importará para o desenvolvimento da trama, quando ambos, já na meia-idade e em pontos bastante diferentes de sucesso em suas carreiras, serão drasticamente afetados por uma escolha do protagonista.
O mais interessante da leitura é a habilidade com que Ian McEwan desenvolve os conflitos e, especialmente, o narrador protagonista. Ainda que o conto seja bastante curto, é possível imergir nele com facilidade por conta da linguagem clara do autor e de sua primorosa descrição de cenários e situações. Acima de tudo, me encantou a maneira de como são apresentados os aspectos da personalidade de Parker que levarão à sua atitude decisiva. É justamente no contraste entre o que ele diz e aquilo que demonstra que suas intenções se fazem claras, e a ironia perversa da trama apenas ressalta a temática central, que rodeia os sentimentos de inveja e competição.
“Por você”, por sua vez, é o libreto escrito para a ópera de Michael Berkeley. Nele, é narrada a história do regente e compositor Charles Frieth, cujas aventuras amorosas preparam a ação narrativa que envolverá sua esposa, o médico dela e a criada do casal.
Em uma trama que me lembrou uma mescla de Otelo e Primo Basílio, acompanhamos as paixões inflamadas das personagens e como elas se combinam para a criação da tragédia. Embora o estilo narrativo se diferencie do primeiro texto por ambos pertencerem a gêneros distintos, ainda assim é possível reconhecer a linguagem clara de McEwan, bem como a perversidade presente na trama também a aproxime de “Meu Livro Violeta”.
Em linhas gerais, gostei de Meu Livro Violeta especialmente por seu caráter revelador da obscuridade do ser humano. Foram leituras rápidas e envolventes, ainda que de estilos diferentes, e que mais uma vez me fizeram admirar o trabalho de Ian McEwan.
Aione!
Gosto dos livros que trazem como tema a ambição humana e do que são capazes de fazer por causa dela.
Os contos devem ser bons, já que falam de corrupção, tema bem atual, né?
Gostaria de ler.
cheirinhos
Rudy