Título: O Pomar das Almas Perdidas
Autor: Nadifa Mohamed
Editora: Tordesilhas
Número de Páginas: 296
Ano de Publicação: 2016
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Hargeisa, segunda maior cidade da Somália, 1987. A ditadura militar que está no poder faz demonstrações de força, mas o vento que sopra do deserto traz os rumores de uma revolução, e em breve, pelos olhos de três mulheres, vamos assistir ao mergulho do país em uma sangrenta guerra civil.Aos 9 anos, atraída pela promessa de ganhar seu primeiro par de sapatos, a menina Deqo deixa o campo de refugiados onde nascera. Em circunstâncias dramáticas, conhece Kawsar, uma viúva que logo em seguida é presa e espancada por Filsan, uma jovem soldado que deixara a capital para reprimir a rebelião que crescia no norte. Intimista, singelo e poético, O pomar das almas perdidas nos lembra de que a vida sempre continua, apesar do caos e do sofrimento.
Nadifa Mohamed nasceu na Somália e foi educada no Reino Unido. Estudou história e política e atualmente mora em Londres. A partir das referências da autora, podemos esperar uma história com uma base firme e bem definida decorrente do conhecimento de causa que ela possui, além de ter nascido em Hargeisa, segunda maior cidade do país e onde se passa essa história.
Num período nebuloso de ditadura militar no país, três mulheres de diferentes idades passam por situações inusitadas e circunstâncias adversas. Deqo, de 9 anos deixa o campo de concentração onde vive e sai em busca de um par de sapatos; Kawsar é uma senhora viúva que está prestes a passar por uma situação complicada; e Filsan, uma jovem soldado que veio da capital de Mogadíscio para reprimir as rebeliões que cresciam ao Norte.
O livro é dividido em três partes: Na primeira, somos conduzidos ao encontro dessas três personagens. Na segunda parte, nos aproximamos um pouco mais de cada uma delas separadamente e na terceira se dá o desfecho.
“O ano de 1987 é de seca, e o sol da manhã se instala mais uma vez sobre um azul inflexível e sem nuvens.”
página 13
Em terceira pessoa, a narrativa possui uma boa fluidez. Ao mesmo tempo em que a escrita da autora se mostra direta e por vezes um tanto crua, em outros momentos vislumbramos seu lado poético e singular.
A trama retrata um período histórico difícil e repleto de conflitos, porém, o que sobressai aqui é a perspectiva do povo comum que estava em meio ao caos e, sobretudo, das mulheres quem tem voz ativa neste livro. Por vezes, há uma possibilidade de encontrarmos diálogos embrutecidos pelo contexto vivido e pelas situações adversas naturalizadas através do sofrimento em comum dos personagens, o que nos leva muitas vezes a pensar sobre as ações do ser humano neste mundo e de como um estado de guerra pode assolar um país e seus moradores de modo estrutural e emocional.
Um livro forte e ao mesmo tempo doce, que nos proporciona intensas reflexões. Sem falar no seu final que é tão belo e brilhante que nos dá vontade de abraçar o livro. Recomendo muito a leitura.
Fiquei com muita vontade de ler!
Estou lendo Infiel e ela está falando da infância dela na Somália e acho que vai ser muito interessante ler esse depois, uma vez que a história da Ayan também se passa nesse período.
Um beijo!