Sendo pertencente ao gênero New Adult, No Limite da Atração promete intensidade e foi exatamente isso que encontrei em suas páginas. Porém, diferente do suposto por mim, a intensidade que encontrei não foi causada pelo romance entre o casal Echo e Noah, mas sim por suas histórias de vida em particular.
Uma das características do gênero é que as personagens vivem situações conturbadas, muitas vezes escondidas por uma falsa aparência, e essas situações acabam por ser um dos maiores obstáculos por elas enfrentados. As personagens precisam superá-los, precisam vivenciá-los para amadurecerem e, enquanto isso não acontece, passam por diversos conflitos internos, relativos ao paralelo entre o que gostariam de viver e o que de fato vivem, e externos, que seriam os próprios problemas em si.
Em No Limite da Atração é exatamente isso que encontramos e é possível compreender muito bem o panorama tanto de Echo quanto de Noah pelo fato de os capítulos serem narrados em primeira pessoa, ora por Echo, ora por Noah. Assim, tanto sabemos e compreendemos o que vivenciam internamente como também podemos enxergá-los um pela visão do outro, o que foi extremamente positivo durante toda a leitura. Também, gostei muito do humor presente em muitos momentos da narrativa; ele tanto me divertiu como suavizou algumas passagens do enredo.
“(…) Ashley batucava com os dedos na barriga inchada e eu lia as diversas placas pintadas à mão penduradas na parede para me concentrar em qualquer coisa que não fosse ela.
O fracasso é seu único inimigo. A única maneira de subir é nunca olhar para baixo. Temos sucesso porque acreditamos. Num ninho de mafagafos sete mafagafinhos há; quem os desmafagafizar bom desmafagafizador será.
Essa última frase não estava na parede de ditados, mas eu acharia sensacional.”
página 8
Katie McGarry me conquistou no primeiro capítulo. Foi inegável a química que tive a leitura desde o início, a ponto de rapidamente estar envolvida com as personagens e suas histórias. Foram diversos os momentos que chorei, principalmente os ligados à vida de Noah, que luta para conseguir reconstruir sua família ao lado dos irmãos mais novos. Ainda, a autora conseguiu me fazer visualizar com muita facilidade as personagens, os cenários e as cenas ao longo do enredo.
O fato de Echo não se recordar do dia que tudo mudou em sua vida, do que aconteceu para que ela ganhasse suas cicatrizes – externas e internas –, foi um importante impulsionador na leitura, uma vez que manteve minha curiosidade para descobrir, com ela, esse mistério de seu passado. E, ao ser revelado, contribuiu também com boa carga emocional da história.
“(…) O pior tipo de choro não era o que todo mundo podia ver – os gemidos, as roupas rasgadas. Não, o pior tipo acontecia quando sua alma chorava e, não importava o que você fizesse, não havia consolo. Algo murchava e se tornava uma cicatriz na parte da alma que sobrevivia. Para pessoas como a Echo e eu, a alma tinha mais cicatrizes do que vida.”
página 257
O romance entre os dois é bastante previsível e típico do gênero. Começa com uma forte atração física, alimentada pelas opiniões contrárias que cada personagem tem do outro, baseadas nas falsas aparências. Ainda assim, achei uma delícia acompanhar o desenvolvimento da relação entre os dois, vê-los se encontrarem um no outro no momento em que mais se achavam perdidos.
“Ela respirou fundo antes de terminar a explicação das derivadas. Eu tinha entendido derivadas cinco minutos antes, mas adorava o som daquela voz doce. Parte anjo, parte música.”
página 74
“Minhas entranhas derreteram quando o Noah deu aquele sorriso malicioso e me olhou como se eu estivesse nua. O Luke costumava me dar a sensação de borboletas no estômago. O Noah invocava pterodátilos mutantes.”
página 85
O único ponto que questionei na história foi a forte importância das aparências e do status social na escola frequentada por Echo e Noah. É claro que isso existe, sendo, inclusive, o motivo para terem os famosos estereótipos do tipo “as líderes de torcida”, mas achei que, nesse caso, eles foram levados a sério em demasia, principalmente porque acabaram influenciando em grandes amizades na história. Ainda assim, isso não diminuiu meu encantamento com a leitura, nem muito menos meu envolvimento.
Outra crítica que faço é com relação ao título em português escolhido pela obra. Ver “No Limite da Atração” aliado à imagem da capa me limita à ideia de que o foco da história é o romance e a forte química entre o casal, e, em minha opinião, isso não é verdade. Como disse, achei as histórias particulares de cada um muito mais intensas e centrais do que o próprio romance em si. Entendo que a escolha de um título seja algo complicado de ser feito, principalmente pela tradução, muitas vezes, não conseguir ser tão atrativa, ainda que mais fiel, enquanto há vezes em que a tradução literal simplesmente é impossível. Ainda assim, o original “Pushing The Limits”, algo como “Pressionando os Limites” em tradução livre, é muito mais abrangente em todos os setores da história, não sendo aplicada apenas ao relacionamento de Echo e Noah.
No Limite da Atração é o primeiro volume de uma série, sendo que os demais são continuações independentes. Em Dare You To, temos a história de Beth, melhor amiga e irmã de consideração de Noah, e em Crash Into You, é a vez de Isaiah, melhor amigo de Noah, ser o protagonista. Há, também, o livro Crossing The Line, que seria um intermediário entre No Limite da Atração e Dare You To, no qual a história é protagonizada por Lila, melhor amiga de Echo.
Aos amantes do gênero ou interessados em conhecê-lo, No Limite da Atração é certamente um excelente representante, sendo capaz de entreter, emocionar e envolver pelo romance desenvolvido e, principalmente, pelos conflitos familiares e internos vividos por cada personagem.
OI Mi*
Bela resenha menina!
Eu adorei ler este livro, ele também me conquistou de primeira e me deixou mega curiosa para saber o que havia acontecido com a Echo.
Nossa, este outro título caíria melhor mesmo com a história.
Pretendo ler os outros livros.
Beijinhos*