Se ao ler A Abadia de Northanger fiquei com a sensação de Jane Austen ser uma precursora dos chick-lits, Emma consolidou essa minha impressão.
Emma é uma rica jovem de 21 anos que mora com seu pai. Por já julgar ter tudo de que lhe é necessário na vida, não deseja se casar. Contudo, Emma gosta de arranjar casamentos. Assim, após o casamento de sua tutora, ela decide orientar Harriet, uma jovem de classe inferior a sua, e está disposta a conseguir um bom casamento para sua mais nova amiga.
As características de Jane Austen estão todas presentes: uma leitura leve, divertida, recheada de diálogos irônicos e inteligentes, uma ótima caracterização dos costumes do século XIX e uma protagonista de destaque.
No prefácio da edição da BestBolso, a tradutora conta que Jane Austen criou Emma com o propósito de fazê-la desagradável aos leitores. Por isso, Emma é arrogante, ainda que também seja gentil, imatura por diversos momentos e dona de uma vaidade que a faz confiar em absoluto em sua própria opinião a despeito da dos outros. Entretanto, ao contrário de sua intenção, Emma não desagrada por também ter um coração bondoso, ingênuo e por ser dona de uma constante alegria.
Tanto a protagonista quanto a leveza e o ar divertido da história me fizeram pensar nela como uma precursora dos chick-lits. Ainda, o fato de acompanharmos o amadurecimento de Emma bem como haver uma forte relação de amizade entre ela e Harriet, fato importante no enredo, apenas reforçou minha impressão. Por sua vez, o romance também me pareceu característico do gênero contemporâneo: ele é presente, mas não é o mais importante. O foco está em Emma e em seu amadurecimento.
Diversos pontos do livro me fizeram lembrar Orgulho e Preconceitoe Persuasão devido aos mesmos conceitos empregados por Jane para criar a personalidade de suas personagens e, assim, transmitir sua opinião sobre determinado assunto.
Algo que acho incrível é a maneira de como Jane Austen consegue caracterizar tão bem suas personagens mesmo que não use tantas descrições para isso. Há diálogos extremamente extensos não interrompidos por descrições; contudo, ainda assim é possível identificar os sentimentos das personagens e, inclusive, as entonações de suas vozes.
Principalmente por conta dos diálogos, consegui um excelente envolvimento com a narrativa logo no início da leitura. No meio do livro, porém, percebi não estar mais tão envolvida, algo que foi melhorando conforme eu me aproximava do final. Assim, nas últimas 100 páginas, voltei a me sentir completamente ligada à história, chocada com o rumo tomado por Jane e tão preocupada quanto Emma para saber como os problemas seriam solucionados.
Devo dizer que, novamente, a edição da BestBolso me agradou muito. Encontrei alguns poucos erros de revisão, que consistiram principalmente em erros de digitação, mas que em nada prejudicaram minha leitura. Gosto do trabalho de tradução feito pela editora e recomendo a leitura dos volumes publicados por ela.
Emma não tirou o lugar de Persuasãocomo meu favorito de Jane Austen, mas, sem dúvida, é um exemplo da qualidade das obras da autora, inclusive em demonstrar conceitos do séculos XIX, tanto os já modificados atualmente quanto outros ainda presentes em nossa sociedade.
Oi Aione,
Bom, eu tenho que admitir que nunca li um livro da Jane Austen, por mais que seja louca para ler. Eu sempre acabo deixando para ser minha próxima leitura e acabo nem lendo. Nunca vi o filme, mas claro que já havia ouvido falar. Tenho vontade de ler e assistir Emma :3
Beijos!