[Resenha] O peso de nossos nomes — Emily Giffin - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
17

jul
2023

[Resenha] O peso de nossos nomes — Emily Giffin

Ele é da realeza americana. Ela tem um passado conturbado. Será que eles são mesmo destinados um ao outro?
Os Kingsley são conhecidos como a realeza americana, famosos por seus heróis e políticos, e com Joe não poderia ser diferente; ele só não está pronto para assumir as expectativas que acompanham essa realidade. Enquanto isso, Cate Cooper cresceu em um lar disfuncional, sem expectativas de futuro. Ainda assim, ela conseguiu se tornar uma modelo de sucesso e deixar esse mundo para trás.
Quando Joe e Cate se veem pela primeira vez na praia, criam uma conexão instantânea e irrefreável. E, apesar de os Kingsley esperarem que ele se case com alguém da elite americana, ele não tem olhos para outra pessoa desde que a viu pela primeira vez. Mas será que o amor será suficiente para sobreviver à pressão dos holofotes e de suas diferenças?
Da autora best-seller do New York Times Emily Giffin, O peso de nossos nomes é uma história divertida, sensível e envolvente sobre identidade, pertencimento e um amor capaz de superar qualquer coisa.

 

Ficha Técnica: O peso dos nossos nomes

Título: O peso dos nossos nomes
Título original: Meant to be
Autor: Emily Giffin
Tradução: Flora Pinheiro
Editora: HarperCollins Brasil
Número de Páginas: 336
Ano de Publicação: 2023
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O peso dos nossos nomes é o mais recente lançamento de Emily Giffin. Traduzido por Flora Pinheiro, o décimo primeiro romance da autora é uma releitura da icônica história de J.F. Kennedy Jr., filho de John Kennedy, 35º presidente dos EUA, e Carolyn Bessette-Kennedy, sua esposa. Seguindo a trágica Maldição dos Kennedy, John-John, como era conhecido, e Carolyn, morreram em um acidente de avião pilotado por ele a caminho de um casamento. Emily Giffin, fascinada pela família que compõe grande parte do imaginário popular dos EUA até os dias de hoje, se baseou em elementos da vida real para criar a ficção entre Joe Kingsley e Cate Cooper.

Joe veio de uma família de extrema notoriedade nos EUA, cujo pai morreu como herói do país. Por isso, há uma enorme pressão que acompanha seu nome, assim como grandes expectativas sobre ele — que não se sente nem um pouco preparado para assumi-las. Cate, por sua vez, cresceu em um lar violento, sem perspectiva de prosperar, mas conseguiu deixar o passado para trás ao se consagrar como modelo. Quando se conhecem, a conexão entre eles é inegável. Porém, seria possível um romance entre duas pessoas de mundos tão distantes?

Narrado em primeira pessoa por Joe e Cate, O peso dos nossos nomes alterna os capítulos de acordo com a perspectiva de cada protagonista. A escrita de Emily Giffin é inegavelmente fluida, o que permite uma imersão quase que imediata na história. Me incomodou um pouco o fato de, ao alternar as narrativas, a autora retomar pela outra perspectiva parte do que já havia sido contado, mas em geral as retomadas acontecem em poucos parágrafos, não chegando a atrapalhar a narrativa. Por outro lado, me agradou como em certos momentos bastante pontuais os narradores se utilizam de recursos para se dirigir diretamente a quem lê, causando uma sensação próxima a de como se estivessem sendo entrevistados — o que combina perfeitamente com o status de figura pública de cada um. 

Mesmo que o livro não tenha para nós o mesmo apelo que para a população estadunidense, é inegável o encantamento que desperta. Em primeiro lugar, é natural nos sentirmos atraídos pela vida de celebridades e figuras públicas em geral, de maneira que o enredo demonstrar parte desse dia-a-dia é cativante por si só. Depois, é inevitável que a leitura não desperte perguntas como “o quanto disso é ficção?”. Me vi pesquisando J.F.K. Jr e Carolyn Bessette no Google incontáveis vezes enquanto lia, e Emily Giffin soube dosar muito bem sua ficção com toques de realidade. Um exemplo disso é a aliança que Joe compra para Cate na história: embora as circunstâncias muito provavelmente sejam fruto da criatividade da autora, a descrição da joia é real e pude encontrá-la online. Ao mesmo tempo, passei o livro todo me perguntando se o desfecho de Joe e Cate seria o mesmo de John-John e Carol ou se Emily Giffin criaria sua própria versão para os personagens — e deixarei quem lê essa resenha com a mesma curiosidade, convidando a descobrir a resposta por meio da leitura.

Em termos de desenvolvimento de personagens, Cate é mais cativante e mais bem-construída do que Joe. Embora a posição dele seja compreensível em termos da pressão que sofre, seus dilemas sobretudo quando mais jovem soam muito como os de um “pobre garoto rico”. A figura de sua avó é uma das que mais chama a atenção no livro, especialmente por contribuir com reflexões bastante pertinentes, e eu gostaria de ter visto mais desse desenvolvimento do protagonista, desse despertar alinhado com momentos de destaque de transformação de sua carreira, uma vez que o caráter leal de Joe é principalmente definido por sua relação com Cate. Já ela, pelo passado familiar delicado, é mais bem delineada e mais capaz de proporcionar empatia por suas inseguranças. De qualquer forma, gostei muito do desenvolvimento do romance entre os dois — e que funciona como o centro da história. É nesse ponto, também, que o livro difere dos demais de Emily Giffin: embora os personagens tenham suas camadas de complexidade, o enredo em si não se desenvolve ao redor de uma situação complexa como é comum nas obras da autora, mas foca na história de amor. Meu interesse em prosseguir se deu pelo envolvimento em si da narrativa e pela curiosidade pelo desfecho, não em como a situação principal se resolveria — que costuma ser o combustível das tramas de Giffin. Isso não torna o livro inferior aos demais, apenas diferente, com uma diferente carga energética.

Como fã de Emily Giffin, O peso dos nossos nomes foi mais um ótimo contato com sua escrita, me proporcionando agradáveis momentos de aconchego em mais uma de suas envolventes histórias. Embora o livro não traga o mesmo impacto de conflitos morais que seus demais romances costumam abordar, funciona como um bom romance, salpicado de toques de realidade e de ares de um conto-de-fadas que traz a típica história de amor entre o príncipe e a plebéia contemporâneos ameaçados por uma maldição.  

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