Alice sempre foi uma mulher de certezas. Professora e pesquisadora bem-sucedida, não havia referência bibliográfica que não guardasse de cor. Alice sempre acreditou que poderia estar no controle, mas nada é para sempre. Perto dos cinquenta anos, Alice Howland começa a esquecer. No início, coisas sem importância, até que ela se perde na volta para casa. Estresse, provavelmente, talvez a menopausa; nada que um médico não dê jeito. Mas não é o que acontece. Ironicamente, a professora com a memória mais afiada de Harvard é diagnosticada com um caso precoce de mal de Alzheimer, uma doença degenerativa incurável. Poucas certezas aguardam Alice. Ela terá que se reinventar a cada dia, abrir mão do controle, aprender a se deixar cuidar e conviver com uma única certeza: a de que não será mais a mesma. Enquanto tenta aprender a lidar com as dificuldades, Alice começa a enxergar a si própria, o marido (Alec Baldwin), os filhos (Kate Botsworth, Hunter Parrish e a queridinha de Hollywood, Kirsten Stewart) e o mundo de forma diferente. Um sorriso, a voz, o toque, a calma que a presença de alguém transmite podem devolver uma lembrança – mesmo que por instantes, e ainda que não saiba quem é.
Ficha Técnica: Para sempre Alice
Título: Para sempre Alice
Título original: Still Alice
Autor: Lisa Genova
Tradução: Vera Ribeiro
Editora: Nova Fronteira
Número de Páginas: 288
Ano de Publicação: 2015
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Resenha escrita
Para sempre Alice é o romance de estreia de Lisa Genova. Publicado originalmente em 2007, foi traduzido por Vera Magalhães e publicado em diferentes edições no Brasil pela Nova Fronteira, depois comprada pela HarperCollins, quem passou a publicar o livro. A obra foi adaptada para os cinemas em 2014, rendendo o Oscar de Melhor Atriz para Julianne Moore.
Alice é professora titular de Harvard, pesquisadora e mãe de três filhos. Perto dos cinquenta anos, ela começa a ter problemas de memória, o que nunca havia acontecido. Quando Alice é diagnosticada com Alzheimer de instalação precoce, sua vida e relações são afetadas em todas as esferas.
Narrado em terceira pessoa, Para sempre Alice usa do recurso do discurso indireto livre para se aproximar da mente da protagonista, cujo ponto de vista é o representado na narrativa. O mais interessante disso não é apenas a conexão com o leitor que o recurso promove, mas o retrato do Alzheimer feito através das palavras. É possível vislumbrar os lapsos de memória, as repetições e confusões mentais, o desequilíbrio emocional e, até mesmo, como o vocabulário de Alice vai aos poucos se tornando mais limitado, o que significa ela ter dificuldade em compreender as situações nas quais está inserida e em expressar o que pensa e sente.
Conforme a doença progride, Lisa Genova representa muito bem também todas as consequências que a nova condição impõe. É angustiante ver seus familiares e amigos passando por estágios de negação ou sem saber como se portar no novo contexto — e como outros conflitos vão surgindo a partir de então. Ao mesmo tempo, acompanhar a história pela perspectiva de Alice nos coloca em sua posição, vislumbrando como é a experiência para ela. Dessa maneira, Para sempre Alice representa muito bem não só o quanto o Alzheimer é uma doença dolorosa para aqueles que cercam o doente por ela acometido, mas sobretudo o quanto é dolorosa para o próprio doente, contrariando a falsa afirmação de que aqueles que mais sofrem são os cuidadores, uma vez que o doente em si não teria consciência do que acontece.
Assim, para além de um retrato significativo, Para sempre Alice oferece uma leitura instigante e sensível, com a qual nos conectamos com facilidade e prosseguimos ávidos pelos desdobramentos, recheada de personagens reais e humanas. Entretanto, embora eu reconheça o caráter emocional do livro, de dizer que me emocionei menos do que eu supunha, não sei se por ter achado a escrita muito objetiva ou se por uma própria defesa minha, já que me é um tema bastante próximo e delicado. De qualquer maneira, foi uma experiência proveitosa, e que me deixou ainda mais curiosa para assistir à renomada adaptação.