[Resenha] A Filha Ideal - Aione Simões - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
16

out
2020

[Resenha] A Filha Ideal – Aione Simões

Yasmin cresceu não apenas com a fama, mas com uma reputação impecável, a ponto de ser chamada de “A Filha Ideal” por uma revista. Contudo, aos 23 anos, ela passa a questionar se sua imagem, bem como as músicas que canta, realmente a representam. Motivada por um desejo de mudança, ela propõe ao seu pai e empresário, o Sultão do meio musical, começar a compor as próprias músicas e a apresentar um estilo mais seu. Entretanto, após a agência de seu pai quase ter falido, Yasmin se vê presa a um contrato milionário que pode salvar o Sultão — ainda que para isso ela continue prisioneira de uma identidade a qual ela não sente mais pertencer.

Entre letras de músicas, posts em sites de celebridades e uma narrativa em formato de diário, A Filha Ideal é uma novela sobre identidade e imagem da mulher na mídia, que reconta, em dias atuais, a história da princesa Jasmine, de Aladdin. Faz parte da antologia Femme Fatale, composta por 12 novelas sem relação entre si de 12 diferentes autoras da Increasy Consultoria Literária, com a proposta de trazer uma releitura de princesas e heroínas da literatura.

 

Ficha Técnica

Título: A Filha Ideal
Autor: Aione Simões
Editora: Autopublicação
Número de Páginas: 110
Ano de Publicação: 2020
Skoob: Adicione
Compre: Amazon

 
 
 

Resenha: A Filha Ideal

A Filha Ideal de Aione Simões é o quarto volume da antologia de releituras Femme Fatale, proposta das autoras da agência literária Increasy que traz o protagonismo de personagens femininas como foco. As publicações anteriores são: Princesa da Magia da Clara Alves, Entre a Cruz e a Espada da Igraínne Marques e Palácio de Areia da Raffa Fustagno.

Crescer com a fama e ter uma reputação impecável tornou Yasmin “A Filha Ideal” aos olhos do público. É quando essa imagem começa a ser questionada por ela, afinal, suas músicas realmente a representam? Motivada por esse desejo de descobertas e mudanças, ela decide enfrentar seu empresário e pai, o Sultão do meio musical. Contudo, o estilo e as composições próprias não são o que o empresário quer, já que a agência dele está quase falida e tudo o que lhe resta é a Yasmin que o público ama e conhece. Com um contrato milionário e rígido, a jovem cantora se mantém prisioneira de uma identidade a qual não pertence mais.

Acredito que todos as novelas Femme Fatale trouxeram uma forma única de narrar a nova trajetória de suas protagonistas, mas nenhuma chegou a trabalhar uma sensibilidade tão tocante quanto a Aione em A Filha Ideal. Com uma narrativa em formato de diário, letras de músicas cheias de reconhecimento identitário, além de postagens nos sites de celebridades, essa é uma história envolvente e que penetra na questão mais essencial de todas; afinal, como nós somos identificados e quem de fato somos?

Conhecer a trajetória da Yasmin me fez perceber o quanto uma criança pode ter sua imagem podada pelos próprios pais. Eles estão em busca de dinheiro ou fama, e ainda saem impune perante a sociedade, mesmo sendo claro o tratamento de produto que dão aos próprios filhos. É o caso do Sultão, cuja falta de sensibilidade e seu imediatismo em recuperar a empresa e o poder econômico que tinha antes deixam a filha à mercê de uma sociedade machista, repletas de fofocas que trabalham de maneira negativa e cheia de estereótipos o que seria considerado ideal. É essa influência que destrói o reconhecimento da própria identidade da criança. Sinto que esse é um tema que deveria ser difundido em sociedade e ver livros nessa temática é uma forma de causar a impacto e discussão.

A Aione não apenas deu uma boa cartada ao escolher o tema, como também criou um impacto narrativo bem diferente ao propor um contato mais íntimo com a Yasmin através do diário, da mesma forma que apontou nas postagens de fofocas a influência, acolhedora ou não, nas questões particulares de uma pessoa. Afinal, antes de Yasmin ser uma artista idolatrada, ela é uma mulher se descobrindo. Isso nos leva ao romance, às questões sexuais aplicadas nessa evolução entre uma mulher inexperiente no amor e que deseja se entender nessas questões. É absurdo o quanto a sexualidade de uma mulher provoca euforia e tabus diferentes de um homem ao considerar seus tesões. Foi um livro impactante para mim nesse quesito, pois vi ser forçado contra a Yasmin um estereótipo que também um dia mexeu com a minha vida e de outras mulheres.

Uma frase que destaquei em A Filha Ideal que acho muito importante compartilhar e que me causou reflexões internas e externas, seja de aceitação e descoberta da minha própria identidade ou de rejeição a situações machistas que ainda hoje são preservadas, foi a seguinte: “eu ainda não tinha me dado conta da diferença que faz ser uma ‘boa moça’ e uma ‘moça boa’.” Com esse impacto final, concluo minha resenha com um convite para nos redescobrirmos nessa leitura.





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6 Respostas para "[Resenha] A Filha Ideal – Aione Simões"

Angela Cunha - 17, outubro 2020 às (07:45)

Sabe quando se faz ou se fazia aquela roda de amigos na época escolar?? Só consigo olhar para vocês dessa forma. Tá, são autoras incríveis, cada uma no seu modo e jeito, mas acima de tudo, amigas e essa cumplicidade é que faz cada livrinho que é lançado ser ainda mais lindo!!!
Já doida por esse super lançamento!!!
Beijo

Anna Mendes - 17, outubro 2020 às (13:03)

Oi Fran!
Adorei a resenha!
Adoro essa proposta da coleção Femme Fatale. Ainda não tive a oportunidade de fazer a leitura dessas novelas, mas espero conseguir conhecer essas histórias em breve.
Estou muito empolgada para ler especialmente A Filha Ideal.
Achei bem interessante o tema que a Aione abordou; essa questão da fama, padrões e expectativas sociais. Também achei legal a forma que ela escolheu para narrar a história. Não sabia que a narrativa era feita em forma de diário e com passagens de reportagens e sites de fofoca.
Parece ser uma história inspiradora e repleta de reflexões, principalmente sobre nos conhecermos e sermos quem realmente queremos ser.
Espero conseguir fazer a leitura em breve! 🙂
Bjos!

RUDYNALVA CORREIA SOARES - 17, outubro 2020 às (20:23)

fRANCINE!
mAIS UM LIVRO DA aIONE!
E já fiquei bem curiosa em ver esse relacionamento que os pais moldam os filhos e a descoberta da sexualidade da Yasmin, deve ser um conto encantador.
cheirinhos
Rudy

eliane - 18, outubro 2020 às (16:59)

Ola .
Uma leitura em forma de diario , curiosa como a Aione construiu a estoria da Yasmin essa jovem cantora tentando encontrar se a si mesma .Acho que isso acontece mesmo .os pais querem as vezes ditar os caminhos dos filhos .
Desejo ler sim

Scheila - 20, outubro 2020 às (14:13)

Oi, Fran!

Adorei que você fez uma resenha desse livro da Aione, eu sempre tive muita curiosidade., pois ainda não consegui ler ele ):
Amei essa resenha e fiquei com mais vontade ainda de ler esse livro, acho que vou aprender muito com a Yasmin, com toda essa questão que você pontuou da mulher se descobrindo. E sobre ser em forma de diário, me encantei!
E a escrita da Aione realmente deve ser espetacular!
Beijos!

Ana I. J. Mercury - 31, outubro 2020 às (21:30)

Oi, Francine
Aiii amei sua resenha.
Já tô com ele no kindle e em breve lerei!
A Yasmin parece ser muito pra frente, batalhadora e inteligente.
E esses questionamentos são importantíssimos .
Bjs

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