Yasmin cresceu não apenas com a fama, mas com uma reputação impecável, a ponto de ser chamada de “A Filha Ideal” por uma revista. Contudo, aos 23 anos, ela passa a questionar se sua imagem, bem como as músicas que canta, realmente a representam. Motivada por um desejo de mudança, ela propõe ao seu pai e empresário, o Sultão do meio musical, começar a compor as próprias músicas e a apresentar um estilo mais seu. Entretanto, após a agência de seu pai quase ter falido, Yasmin se vê presa a um contrato milionário que pode salvar o Sultão — ainda que para isso ela continue prisioneira de uma identidade a qual ela não sente mais pertencer.
Entre letras de músicas, posts em sites de celebridades e uma narrativa em formato de diário, A Filha Ideal é uma novela sobre identidade e imagem da mulher na mídia, que reconta, em dias atuais, a história da princesa Jasmine, de Aladdin. Faz parte da antologia Femme Fatale, composta por 12 novelas sem relação entre si de 12 diferentes autoras da Increasy Consultoria Literária, com a proposta de trazer uma releitura de princesas e heroínas da literatura.
Ficha Técnica
Título: A Filha Ideal
Autor: Aione Simões
Editora: Autopublicação
Número de Páginas: 110
Ano de Publicação: 2020
Skoob: Adicione
Compre: Amazon
Resenha: A Filha Ideal
A Filha Ideal de Aione Simões é o quarto volume da antologia de releituras Femme Fatale, proposta das autoras da agência literária Increasy que traz o protagonismo de personagens femininas como foco. As publicações anteriores são: Princesa da Magia da Clara Alves, Entre a Cruz e a Espada da Igraínne Marques e Palácio de Areia da Raffa Fustagno.
Crescer com a fama e ter uma reputação impecável tornou Yasmin “A Filha Ideal” aos olhos do público. É quando essa imagem começa a ser questionada por ela, afinal, suas músicas realmente a representam? Motivada por esse desejo de descobertas e mudanças, ela decide enfrentar seu empresário e pai, o Sultão do meio musical. Contudo, o estilo e as composições próprias não são o que o empresário quer, já que a agência dele está quase falida e tudo o que lhe resta é a Yasmin que o público ama e conhece. Com um contrato milionário e rígido, a jovem cantora se mantém prisioneira de uma identidade a qual não pertence mais.
Acredito que todos as novelas Femme Fatale trouxeram uma forma única de narrar a nova trajetória de suas protagonistas, mas nenhuma chegou a trabalhar uma sensibilidade tão tocante quanto a Aione em A Filha Ideal. Com uma narrativa em formato de diário, letras de músicas cheias de reconhecimento identitário, além de postagens nos sites de celebridades, essa é uma história envolvente e que penetra na questão mais essencial de todas; afinal, como nós somos identificados e quem de fato somos?
Conhecer a trajetória da Yasmin me fez perceber o quanto uma criança pode ter sua imagem podada pelos próprios pais. Eles estão em busca de dinheiro ou fama, e ainda saem impune perante a sociedade, mesmo sendo claro o tratamento de produto que dão aos próprios filhos. É o caso do Sultão, cuja falta de sensibilidade e seu imediatismo em recuperar a empresa e o poder econômico que tinha antes deixam a filha à mercê de uma sociedade machista, repletas de fofocas que trabalham de maneira negativa e cheia de estereótipos o que seria considerado ideal. É essa influência que destrói o reconhecimento da própria identidade da criança. Sinto que esse é um tema que deveria ser difundido em sociedade e ver livros nessa temática é uma forma de causar a impacto e discussão.
A Aione não apenas deu uma boa cartada ao escolher o tema, como também criou um impacto narrativo bem diferente ao propor um contato mais íntimo com a Yasmin através do diário, da mesma forma que apontou nas postagens de fofocas a influência, acolhedora ou não, nas questões particulares de uma pessoa. Afinal, antes de Yasmin ser uma artista idolatrada, ela é uma mulher se descobrindo. Isso nos leva ao romance, às questões sexuais aplicadas nessa evolução entre uma mulher inexperiente no amor e que deseja se entender nessas questões. É absurdo o quanto a sexualidade de uma mulher provoca euforia e tabus diferentes de um homem ao considerar seus tesões. Foi um livro impactante para mim nesse quesito, pois vi ser forçado contra a Yasmin um estereótipo que também um dia mexeu com a minha vida e de outras mulheres.
Uma frase que destaquei em A Filha Ideal que acho muito importante compartilhar e que me causou reflexões internas e externas, seja de aceitação e descoberta da minha própria identidade ou de rejeição a situações machistas que ainda hoje são preservadas, foi a seguinte: “eu ainda não tinha me dado conta da diferença que faz ser uma ‘boa moça’ e uma ‘moça boa’.” Com esse impacto final, concluo minha resenha com um convite para nos redescobrirmos nessa leitura.
Sabe quando se faz ou se fazia aquela roda de amigos na época escolar?? Só consigo olhar para vocês dessa forma. Tá, são autoras incríveis, cada uma no seu modo e jeito, mas acima de tudo, amigas e essa cumplicidade é que faz cada livrinho que é lançado ser ainda mais lindo!!!
Já doida por esse super lançamento!!!
Beijo