Viralata: O Filho do Caimão
Título: Viralata: O Filho do Caimão
Título original: Viralata – Le fils du Caïman
Autor: Sébastien Acacia
Tradução: Sébastien Acacia e Fernanda Agut
Editora: Publicação Independente
Número de Páginas: 198
Ano de Publicação: 2018
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Martin está ciente: ele não tem muito tempo de vida pela frente. Ele não tema a morte, mesmo assim, está aterrorizado. Uma questão não o deixa dormir: quem cuidará do Antonin, seu filho de doze anos atingido por uma forma severa de autismo, quando sua esposa terá deixado este mundo? Um só arrependimento: não ter lhe oferecido um irmãozinho ou uma irmãzinha para ficar do seu lado uma vez sua mãe desaparecida. Então, quando uma misteriosa mensagem lhe informa que Marcia, seu primeiro grande amor, teve um filho dele, não há como recuar: ele pula no primeiro avião para o Brasil, movido pela esperança louca de encontrar aquela que ele tanto amou há 18 anos e descobrir este filho, este irmão inesperado cujo não sabe nada. Apesar das dores causadas pelo linfoma que o consuma por dentro, apesar do aflito provocado pela separação com a esposa e o filho, apesar da morte tocando na sua porta, Martin enfrenta o coração da floresta da Amazônia, mais decidido que nunca a sobreviver até o desfecho da sua delirante busca por eternidade.
Resenha em Vídeo
Resenha Escrita
Viralata: O Filho do Caimão é um livro que se passa predominantemente no Brasil, mas que não foi escrito por um brasileiro. Sébastien Acacia, apesar de francês, morou 12 anos aqui e sua experiência permitiu a ele incluir na história parte do que viveu.
Martin está a beira da morte. Pai de uma criança autista, ele enfrenta a dor de não saber o que será de seu filho quando nem ele e a esposa estiverem vivos para cuidar da criança. Então, em suas últimas semanas de vida, ele descobre ter um filho mais velho, fruto de um romance no Brasil com uma mulher indígena, que sumiu misteriosamente após alguns meses de uma intensa relação amorosa. Agora, resta a ele embarcar em uma viagem sem garantias, na qual seu maior incentivo é a esperança de não só conhecer o fruto de um antigo amor como também possibilitar que seu filho mais novo tenha mais uma conexão familiar no mundo.
O romance de Sébastien Acacia é livremente inspirado em experiências e fatos reais, já que o próprio autor é pai de uma criança autista, cujo diagnóstico marcou o início da carreira de escritor de Sébastien. Dessa maneira, não só é fácil que o leitor se identifique com os sentimentos de Martin quanto também o livro como um todo é pontuado pelas mais diversas informações e contextualizações sobre o Brasil.
Tais contextualizações não só fazem da leitura mais interessante, como abrem espaço para algumas reflexões. Ao mesmo tempo em que achei importante encontrar aspectos de nossa sociedade informados na leitura — uma vez que correspondem a problemas do país que precisam há muito de resolução e mais atenção inclusive por parte dos brasileiros — também me deparei com perspectivas controversas em relação ao meu próprio ponto de vista. Acredito que há muito da dinâmica entre povos colonizados e povos colonizadores na narrativa, que resultam em impressões e caracterizações que podem ser discutidas, ao mesmo tempo em que elas não necessariamente afetam a experiência de leitura.
De qualquer maneira, Viralata: O Filho do Caimão também me apresentou cenários e histórias do meu país desconhecidos por mim, o que, para mim, foi algo muito positivo e enriquecedor. Em termos de narrativa, é interessante, ainda, observar a disposição dos capítulos que, de maneira não-cronológica, criam um suspense ao redor da trama que instiga o leitor e o deixa curioso a respeito do desfecho da saga de Martin. Também, os anseios do personagem fazem dele mais palpável e dão uma maior carga emocional à leitura, fazendo da história bastante bonita de ser acompanhada.
Em linhas gerais, Viralata: O Filho do Caimão foi uma leitura rápida e prazerosa, que mesclou bem os momentos de emoção com os mais objetivos, sendo um livro tanto informativo quanto envolvente.
Ah que legal o autor ter morado aqui por tanto tempo e depois escrever o livro sobre o Brasil, a Amazônia, os indígenas , algo que a gente não ver muito nos livros e aposto que foi nesse aspecto que vc falou que não conhecia (também não sei de muita coisa e é tão legal ver esse nosso Brasil enorme sendo representado). E sobre o autismo, na faculdade eu já gostava desse tema, passei até um tempo estagiando em uma ong de autista, o tema me sensibilizou, acho que vou gostar de ler. Valeu pela dica ?