[Resenha] Disque T Para Titias — Jessie Q. Sutanto - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
28

fev
2023

[Resenha] Disque T Para Titias — Jessie Q. Sutanto

Quando Meddelin Chan acaba matando sem querer o cara com quem teve um encontro, sua mãe intrometida chama as irmãs — três tias mais intrometidas ainda — para se livrarem do corpo. Mas desovar um cadáver é mais difícil do que parece, sobretudo quando ele é colocado em um cooler para bolos e acaba parando sem querer num resort de luxo na Califórnia onde está acontecendo o casamento bilionário em que Meddy, a mãe e as tias estão trabalhando.
Esse casamento foi o maior contrato que a pequena empresa da família Chan conseguiu desde que começaram a trabalhar juntas. E agora nada, nem mesmo um defunto inconveniente, vai impedi-las de realizar a festa perfeita. Porém, como se não bastasse a confusão em que as cinco se meteram, as coisas pioram muito quando o grande amor dos tempos de faculdade de Meddy aparece de surpresa em meio ao caos em que o casamento está prestes a se transformar.
Absurdo, engraçadíssimo e repleto de reviravoltas, Disque T para titias traz, pela primeira vez na história das comédias-românticas-meio-thrillers, a seguinte pergunta: será possível escapar de acusações de assassinato, reconquistar seu ex e realizar um casamento deslumbrante, tudo no mesmo fim de semana?

 

Ficha Técnica

Título: Disque T Para Titias
Título original: Dial A for Aunties
Autor: Jessie Q. Sutanto
Tradução: Luciana Pádua Dias e Maria Carmelita Dias
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 352
Ano de Publicação: 2022
Skoob: Adicione
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Resenha: Disque T Para Titias

Disque T Para Titias é o romance de estreia de Jessie Q. Sutanto, traduzido por Luciana Pádua Dias e Maria Carmelita Dias e publicado pela editora Intrínseca. Na nota de apresentação, a autora conta um pouco da história de sua família, que migrou da China para a Indonésia antes de seguir para Cingapura, e as questões linguísticas envolvidas na comunicação entre as gerações. Por isso, o livro é, também, uma homenagem familiar.

Tudo começa com Meddelin, que acidentalmente mata o cara que sua mãe tinha arranjado para ela em um encontro às cegas. É quando a mãe e as tias se prontificam a ajudar — o que talvez acabe piorando a situação. O corpo vai parar no hotel de luxo onde todas elas estão trabalhando como organizadoras de um casamento, o maior negócio que a empresa familiar já conseguiu fechar. Para piorar a situação, o amor de Meddy dos tempos de faculdade ressurge, colocando a vida dela ainda mais de pernas para o ar.

Narrado em primeira pessoa por Meddy, Disque T Para Titias é daquelas leituras ágeis, gostosas e que fluem com facilidade. Além da escrita em si de Jessie Q. Sutanto ser engraçada, com comentários divertidos muito bem colocados, a sequência de eventos absurdos intensifica o humor. Por isso, essa é daquelas histórias em que esperar algum tipo de racionalidade é um convite à frustração; é necessário embarcar no absurdo para rir com o que o livro se propõe a ser.

Para além do humor e das várias reviravoltas, dois outros aspectos me agradaram bastante em Disque T Para Titias. O primeiro deles é a temática da complexidade das relações familiares, o cerne do livro. Com leveza, Jessie Q. Sutanto representa muito bem os entraves comuns entre pessoas de uma mesma família: as rixas entre as irmãs, as necessidades de aprovação, os ressentimentos entre mãe e filha mesclados ao carinho e afeto. Meddy, também, sente-se muito pressionada a não decepcionar a mãe e as tias, o que afeta suas demais relações e as escolhas que ela faz sobre sua vida. Gostei bastante de como a personagem vai tomando consciência disso ao longo do enredo e vai se transformando. O outro ponto é o romance em si. Embora Disque T Para Titias seja hilário e absurdo, embora conte a história de uma família tentando desovar um corpo, é também um romance de reencontro, que entrega passagens bastante fofas e um mocinho digno de provocar suspiros.

Por fim, é também interessante o aspecto linguístico da obra, muito bem capturado na tradução de Luciana Pádua Dias e Maria Carmelita Dias. Para além das confusões de vocabulário por cada membro da família ser mais fluente em um diferente idioma, ficam também expressos hábitos, costumes e visões de mundo que estão vinculados a uma língua. E como Jessie Q. Sutanto reforça em sua nota, sua intenção não era a de fortalecer estereótipos comumente associados a pessoas asiático-amarelas, mas a de homenagear sua família. Não deixa de ser interessante observar o protagonismo que foge do padrão branco e anglófono.

Para quem busca uma leitura leve, muito divertida e com representatividade amarelo-asiática, Disque T Para Titias entrega tudo isso além de reviravoltas, relações familiares controversas, um romance fofo e muita confusão. Vale dizer que, embora essa seja uma história completa, Jesse Q. Sutanto escreveu uma continuação, Four Aunties and a Wedding, ainda não publicada no Brasil, que promete a mesma mescla de humor e assassinato em meio a uma cerimônia de casamento.





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