[Resenha] Madame Xanadu — Aureliano - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
13

set
2022

[Resenha] Madame Xanadu — Aureliano

Quem é Madame Xanadu? Fascinado pela figura de uma drag queen chamada Madame Xanadu, o jornalista João resolve investigar a história dela. Para isso, busca a ajuda das pessoas que conviveram com a Madame mesmo antes de ela se tornar uma das personagens mais marcantes da cidade de Natal. Enquanto acompanhamos a investigação de João, consumida por uma melancolia inexplicável, Madame segue o plano de acabar com a própria vida. Em uma narrativa envolvente e emocionante, recheada de maravilhosas ilustrações autorais, Aureliano convida o leitor a juntar as peças do quebra-cabeças que é Madame Xanadu na tentativa de desvendá-la.

 

Ficha Técnica

Título: Madame Xanadu
Autor: Aureliano
Editora: Nacional
Número de Páginas: 208
Ano de Publicação: 2021
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Resenha: Madame Xanadu

Madame Xanadu, publicado pela editora Nacional, é a segunda edição do romance de Aureliano, que também ilustra a obra. Em uma narrativa não cronológica, conta a história de uma famosa drag queen de Natal em uma tentativa de compreender sua origem e o que a levou à decisão de cometer suicídio.

O livro alterna as perspectivas de Madame Xanadu, João — jornalista obcecado pela figura da Madame — e personagens secundárias amigas da drag queen, entrevistadas por João. Há, também, alternância cronológica, uma vez que visitar o passado é fundamental para compreender o presente narrativo. Dessa maneira, certo suspense permeia o enredo, uma vez que as peças que formam o todo são dadas aos poucos.

Por conta de partes do romance ser em formato de entrevista, há uma característica bastante oral na escrita de Aureliano, o que também contribui para a cadência de leitura. Acompanhei alguns capítulos através do audiobook disponível no Skeelo e tive uma ótima experiência, tanto pela ótima produção quanto por essa característica oral do texto do autor. Ainda, Aureliano brinca com as palavras, o que torna o livro capcioso e muito gostoso de ler. Desde o primeiro capítulo, foram diversas as citações que marquei.

Madame Xanadu está decidida a se suicidar, o que imprime um tom melancólico na narrativa — tom esse que acompanha João. A obra se desenvolve a partir de questionamentos existenciais e retratando, também, transtornos mentais e traumas. Aureliano tem muita sensibilidade em trabalhar os temas do romance e em desenvolver personagens tão humanas, com as quais é possível se conectar. Muitas de suas angústias são comuns a qualquer um de nós em diferentes momentos da vida, especialmente em processos de busca por autocompreensão — que também nos levam a entender melhor o outro. Por isso, a leitura é bastante intimista e introspectiva, já que muitas passagens retratam a subjetividade e complexidade das personagens. 

Ao mesmo tempo, Madame Xanadu mescla sua profundidade e lirismo com passagens divertidas e um humor bem colocado, trazendo um frescor necessário para aliviar momentos mais densos. Adorei a ambientação em Natal e as tantas referências, sobretudo da cultura pop, que marcaram a adolescência dos anos 2000. As relações descritas também são bem desenvolvidas, especialmente por serem tão complexas quanto as personagens em si.

Em linhas gerais, fiquei encantada pela escrita de Aureliano e por sua habilidade em trabalhar as palavras. Madame Xanadu é um romance bonito tanto por sua estética — em termos visuais e em nível de construção narrativa — quanto pelo conteúdo sensível que transmite. É daquelas leituras que tocam nas partes mais doídas e, talvez, sombrias que carregamos, levando luz e conforto através da conexão que propicia. Foi uma leitura que me emocionou, além de ter me dado prazer de fazê-la por conta do talento do autor.





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