[Resenha] Era Outra Vez — Cora Sanroman - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
22

jun
2021

[Resenha] Era Outra Vez — Cora Sanroman

Através de personagens do universo fantástico, Cora Sanroman traça sua narrativa possível, ou melhor, sua narrativa onde tudo é possível.
Em Era outra vez, a autora, através de sua escrita, ora conta com detalhes de quem está dentro ora comenta e conversa com o leitor e a leitora, criando assim uma cumplicidade.
Permita-se surpreender, encantar, apaixonar, duvidar e mergulhar nas tantas possibilidades de mundo que Era outra vez…

 

FICHA TÉCNICA

Título: Era Outra Vez
Autor: Cora Sanroman
Editora: Giostri
Número de Páginas: 96
Ano de Publicação: 2020
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RESENHA: Era Outra Vez

Era Outra Vez é a novela de Cora Sanroman. Composta por narrativas curtas que compõem cada capítulo para formar um todo entrelaçado em um universo fantástico dos contos de fadas, entrega, em menos de 100 páginas, uma leitura fluida, poética e belamente ilustrada, em edição pela Giostri. 

No primeiro capítulo, conhecemos uma princesa que sonha em ir além das terras onde vive. Ao final dele, somos apresentados ao personagem do capítulo seguinte. Assim, a novela se desenrola, abordando em cada capítulo a história — e perspectiva — de um diferente personagem mencionado anteriormente.

A autora foi bastante habilidosa ao arquitetar todas as mini-tramas em uma maior. Além de escritora e poeta, Cora Sanroman é também cientista, e percebemos essa influência ao longo das páginas, e não apenas na maneira de como ela encadeia os eventos. Há uma racionalidade sempre presente na narrativa, questionando muito do que é dito nela: sobre as palavras empregadas ao início dos capítulos, há uma reflexão a respeito de seus verdadeiros sentidos, indicando que há muito mais em cada figura do que pensamos a princípio. Também, um dos personagens de Era Outra Vez é justamente um cientista, que discorre sobre a ciência e seus métodos. 

Apesar dessa racionalidade tão expressa, o lirismo da poesia marca presença em cada parágrafo da narrativa, e fiquei encantada sobretudo pelo final de Era Outra Vez, um tanto quanto poético. Com muita sensibilidade, Cora fala sobre sonhos, motivações, intrigas políticas e sobre como muitas coisas podem ser mais do que aparentam — inclusive como bem e mal podem não ser tão simples como nos contos de fadas. E, não apenas sobre diferentes perspectivas, Era Outra Vez demonstra como estamos todos conectados e como pequenas escolhas podem afetar a vida do outro, sem deixar de insinuar o quanto somos, também, impactados por influências que, muitas vezes, sequer enxergamos ou compreendemos.

Para além do lirismo narrativo, a poesia está expressa, ainda, na própria fantasia de Era Outra Vez. Mais do que oferecer elementos de contos de fadas, ela funciona de maneira simbólica, como é comum ao fantástico. E, vale dizer, para que o imaginário de contos de fadas permaneça ativo, nenhum personagem recebe nome próprio. Por isso, também, é necessário certa atenção na leitura para fixar quem é quem e compreender que as diferentes menções correspondem às mesmas figuras. De qualquer maneira, Cora Sanroman constrói tudo tão bem que não restam confusões.

Em linhas gerais, Era Outra Vez é um conto de fadas… Mas, talvez, “conto de fadas” não seja a melhor definição para essa leitura gostosa e poética, que, em poucas páginas, traz reflexões sensíveis e questionamentos muito válidos, que rompem com o maniqueísmo típico do gênero. O destaque fica para como Cora Sanroman arquitetou o enredo: não apenas tornou a história mais interessante, como a estrutura compõe, também, a mensagem da obra sobre diferentes perspectivas e sobre o exercício da empatia.





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