[Resenha] O Jardim das Borboletas — Dot Hutchinson - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
22

set
2020

[Resenha] O Jardim das Borboletas — Dot Hutchinson

Perto de uma mansão isolada, existia um maravilhoso jardim. Nele, cresciam flores exuberantes, árvores frondosas… e uma coleção de preciosas “borboletas”: jovens mulheres, sequestradas e mantidas em cativeiro por um homem brutal e obsessivo, conhecido apenas como Jardineiro. Cada uma delas passa a ser identificada pelo nome de uma espécie de borboleta, tendo, então, a pele marcada com um complexo desenho correspondente. Quando o jardim é finalmente descoberto, uma das sobreviventes é levada às autoridades, a fim de prestar seu depoimento. A tarefa de juntar as peças desse complexo quebra-cabeça cabe aos agentes do FBI Victor Hanoverian e Brandon Eddinson, nesse que se tornará o mais chocante e perturbador caso de suas vidas. Mas Maya, a enigmática garota responsável por contar essa história, não parece disposta a esclarecer todos os sórdidos detalhes de sua experiência. Em meio a velhos ressentimentos, novos traumas e o terrível relato sobre um homem obcecado pela beleza, os agentes ficam com a sensação de que ela esconde algum grande segredo.

 

Ficha Técnica

Título: O Jardim das Borboletas
Título original: The Butterfly Garden
Autor: Dot Hutchinson
Tradução: Débora Isidoro e Carolina Caires Coelho
Editora: Planeta
Número de Páginas: 304
Ano de Publicação: 2017
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Resenha: O Jardim das Borboletas

O Jardim das Borboletas é o primeiro livro da série policial O Colecionador de Dot Hutchison, que acompanha casos investigados pelos agentes Victor Hanoverian, Mercedes Ramirez e Brandon Eddison. Até o momento, a editora Planeta lançou no Brasil apenas os dois primeiros volumes da série, que, nos EUA, já conta com quatro títulos publicados. Os livros em inglês, assim como os dois em português, estão disponíveis para leitura através do Kindle Unlimited.

Maya foi uma das garotas sobreviventes resgatadas do Jardim, cárcere mantido por um homem denominado Jardineiro, responsável por sequestrá-las. Ele identificava cada menina como uma diferente espécie de borboleta, e então tatuava em suas peles as asas correspondentes às do inseto. Quando o Jardim é enfim descoberto, Maya é levada para prestar depoimento, mas não parece disposta a colaborar com o relato.

A narrativa de O Jardim das Borboletas se alterna entre a perspectiva em terceira pessoa de Victor, um dos agentes responsáveis pelo caso, e em primeira pessoa por Maya, que revela de maneira não linear como foi sequestrada e a vida no Jardim. Dessa forma, a escrita de Dot Hutchison se mostra bastante habilidosa por dois motivos: em primeiro lugar, representa muito bem as divagações existentes em uma fala. Maya, por vezes, começa em um assunto e muda o foco de maneira muito natural, conduzindo e situando o leitor em diferentes acontecimentos que pouco a pouco constroem a cronologia — mas é necessária certa atenção para perceber os saltos temporais. Depois, essa não-linearidade contribui para a manutenção do suspense. Desde o início, a confiabilidade de Maya é colocada em questão. A garota esconde fatos da própria vida e não responde as perguntas de maneira direta, o que faz os investigadores — e o leitor — se questionarem se ela era parte do esquema. Assim, o romance guarda surpresas e revelações até as últimas páginas.

Não bastasse a escrita proporcionar uma leitura ágil, instigante e capaz de enredar o leitor, o fator psicológico da trama é admirável. Há camadas nos personagens que fazem de suas figuras e das situações complexas, colocando o leitor também em uma posição difícil pelos sentimentos que tais complexidades suscitam. As personalidades do Jardineiro e seus filhos, por exemplo, divergem e nos faz questionar se há algum tipo de relatividade entre as maldades doentias ali existentes. Tais sentimentos também residem nas Borboletas, e a autora soube como construir as emoções conflitantes das garotas, bem como revelar as nuances de como elas lidam com a realidade no jardim. Também, gostei muito de como a personalidade de Maya foi construída, considerando seus traumas pregressos e de como sua postura varia ao longo da trama.

Importante dizer que Jardim das Borboletas é um livro pesado. Temas como pedofilia e violência sexual perduram toda narrativa e criam desconforto pelos horrores retradados, então fica também o aviso para possíveis gatilhos. Contudo, em minha leitura, tais aspectos aparecem bem colocados na narrativa, como parte dela, e não em uma simples tentativa de causar choque pelo choque.

Por fim, O Jardim das Borboletas é um livro que o tempo todo contrapõe maldade e bondade, propondo um debate a respeito da relatividade moral, que pode variar de acordo com diferentes perspectivas. Uma leitura ao mesmo tempo chocante, mas frenética, e que me emocionou, em suas últimas páginas, pelo fim guardado à protagonista. Sem dúvida, um thriller memorável.

 

Série The Collector

A série The Collector tem, atualmente, quatro livros publicados, sendo que apenas os dois primeiros foram traduzidos no Brasil. Apresentam casos policiais independentes entre si.





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9 Respostas para "[Resenha] O Jardim das Borboletas — Dot Hutchinson"

Angela Cunha - 23, setembro 2020 às (07:30)

Eu sempre pensei que fosse apenas dois livros rs
Agora entendi, afinal foram só os dois traduzidos para o português! Sou maluca para ler ambos e me aventurar nesses enredos pesados.
Aliás, gosto muito do gênero e dessa crueldade nos roteiros rs(sou louca)
Espero de coração ler ambos o quanto antes!!!
Beijo

Amanda Braga de Almeida - 23, setembro 2020 às (09:13)

Gente, já é tudo tão complexo e a moça ainda esconde outro segredo. Fiquei muito curiosa para descobrir tudo e já quero ler esse livro. Achei interessante ser uma série e a ilustração é lindaaa! Parece ser mesmo um livro bem intenso, mas fiquei com muita vontade de conhecer essa história. Já foi para minha lista!
Beijos

Theresa Cavalcanti - 23, setembro 2020 às (09:18)

Olá, Aione

Já tinha lido resenhas sobre esse livro, mas não tinha me despertado vontade de ler.
A sua resenha me deixou com vontade de ler e amei que está disponível no Kindle Unlimited, assim não vou ter desculpas para não ler.
Acho que vai ser uma leitura pesada, então vou me preparar psicologicamente antes.

Beijos

RUDYNALVA CORREIA SOARES - 24, setembro 2020 às (00:22)

Aione!
Fico bem chateada quando a continuação de uma série não é lançada no Brasil, ficamos com uma expectativa grande e desgastante.
Sempre gostei de romances policiais, carregados de suspense e mistérios.
Embora não conheça a autora, já anotei aqui para poder ler.
E se traz assuntos que podem ser um gatilho para alguns, para mim gostaria de apreciar o lado mais psicológico das personagens.
cheirinhos
Rudy

Anna Mendes - 24, setembro 2020 às (16:09)

Oi Aione!
Ai, que legal que você fez a resenha desse livro!
O Jardim das Borboletas é um livro que já ouvi falar faz um tempo, mas eu queria saber mais a respeito dele.
Nossa, achei a premissa bem interessante. Parece ser uma história envolvente e instigante.
Apesar dos temas pesados, parece ser o tipo de thriller psicológico que eu gosto.
Não sabia que era o primeiro livro de uma série.
Espero conseguir fazer a leitura em breve! 🙂
Bjos!

Scheila - 28, setembro 2020 às (08:37)

Oi, Aione!
Nossa, me encantei com esse enredo.. Primeiro que viver um trauma desse não é nada fácil né?! O livro parece muito forte, chocante mesmo..
E ter todo isso de outro segredo, me deixa curiosa demais para ler.
Amei saber que são 4 livros, mas só dois traduzidos ainda..
Quero muito ler!

Beijos! <3

Elizete Silva - 29, setembro 2020 às (14:57)

Olá! Enredo bastante perturbador, Maya parece ser uma personagem que não sabemos muito o que esperar, e isso me deixou bem curiosa, além dessa reflexão que ele nos proporciona a cerca do certo e errado.

eliane - 29, setembro 2020 às (20:21)

Ola
Aione primeira resenha que leio sobre esse livro e traz um enredo um tanto quanto pesado .
Os temas abordados aqui me fez ficar na duvida se leio ou náo o livro
Otima resenha

Cristina - 15, novembro 2023 às (14:49)

Não recomendo nada. O terror pra chocar. Dispenso.

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