Sobre o Livro: Tony & Susan
Título: Tony & Susan
Título original: Tony & Susan
Autor: Austin Wright
Tradução: Rubens Figueiredo
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 336
Ano de Publicação: 2011
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Tony & Susan estava há tempos na minha lista de leitura. O romance de Austin Wright originalmente publicado na década de 1990 chegou ao Brasil pela Intrínseca em 2011 e foi adaptado para os cinemas sob o título Animais Noturnos.
Susan não ouvia notícias sobre o ex-marido, Edward, há cerca de 20 anos. Então, ela se surpreende ao receber o manuscrito de seu livro, Animais Noturnos, e o pedido de que o leia, para dar sua sincera avaliação crítica. Ao embarcar na história de Tony, cuja família é sequestrada em meio a uma viagem de carro, Susan se vê abalada pela história e transformada por ela.
Minha impressão antes de iniciar a leitura era a de que Tony & Susan era um thriller psicológico. De certa maneira, não me enganei, mas não encontrei nas páginas o tipo de suspense que eu estava esperando. Em primeiro lugar, a narrativa de Animais Noturnos é mais extensa do que a narrativa primeira, então acompanhamos por mais tempo Tony do que Susan propriamente dita. Apesar de ter gostado da escrita de Austin Wright — muito bem elaborada —, não consegui dar a atenção devida à leitura naquele momento. A narrativa exige um pouco do leitor e, sem estar completamente imersa nela, certamente perdi muitas das camadas que Animais Noturnos apresenta e que possibilitam estabelecer relações entre o manuscrito e Susan.
Ainda assim, se pensarmos em termos de suspense, a história de Tony, escrita por Edward, é eletrizante de um jeito mais óbvio do que a de Susan: afinal, o personagem tem sua família sequestrada e se envolve em situações inusitadas na tentativa de encontrar os encarregados pelo crime. Porém, a história de Susan também carrega tensão, ainda que psicológica. Ao ler o manuscrito, Susan passa a relembrar o passado com Edward. Mais do que isso: as impressões que ela passa a ter sobre o livro do ex-marido pouco a pouco transformam as lembranças que ela tinha dele, como se ela, de repente, começasse a enxergá-lo sob uma outra ótica. Em decorrência, seu próprio casamento atual também é afetado. Dessa maneira, a habilidade de Austin Wright está em construir uma transformação completa dentro de sua personagem sem que absolutamente nada aconteça externamente a ela. Sem essa compreensão, a leitura de Tony & Susan parece terminar em um anticlímax, no qual o leitor possivelmente estaria esperando por uma grande revelação ou reviravolta sem que tivesse recebido isso do autor nas páginas finais. Contudo, a reviravolta aconteceu: a Susan do final certamente não é a mesma do começo — e sua modificação se deu pelo poder de um livro.
Embora Tony & Susan tenha sido uma leitura mais lenta — arrastada em alguns momentos — e que exigiu de mim uma atenção que não pude oferecer, foi um livro que me agradou bastante tanto pela escrita primorosa do autor quanto por uma de suas temáticas ser o impacto da literatura sobre nós. As passagens descrevendo os efeitos da leitura de Animais Noturnos em Susan estão, certamente, entre minhas favoritas do romance.
Sobre o Filme: Animais Noturnos
A adaptação de Tony & Susan por Tom Ford recebeu o título da história interna ao romance de Wright, Animais Noturnos. Com um elenco de peso, composto por nomes como Jake Gyllenhaal, Amy Adams e Isla Fisher, o filme foi indicado a diversos prêmios, conquistando o Grande Prêmio do Júri na 73ª edição do Festival de Veneza.
A leve diferença entre o tom das duas obras se mostra desde a abertura, com uma cena de exposição do trabalho de Susan. Embora isso não esteja presente no romance, funciona no filme como uma contraposição entre a arte dela e da arte do ex-marido, bem como para demonstrar a trajetória na carreira de ambos — e em suas evoluções pessoais. Depois, há um requinte na vida de Susan e o marido ausente no livro, o que reforça a personalidade da personagem que é construída no filme. Apesar das modificações, elas funcionam a favor da trama, para ressaltar aspectos presentes na obra original.
Assim como essas, há outras pequenas diferenças nos enredos — mínimas. De modo geral, o filme resume muitos dos desenrolares do livro a fim de focar nos mais relevantes e, também, se aprofundar naquilo que é trabalhado. Animais Noturnos acaba ganhando mais agilidade em relação à leitura, não apenas pelo diferente formato de mídia, mas por “simplificar” a história, por assim dizer, atendo-se ao principal.
O que pude perceber é que o filme revela os temas de Tony & Susan de maneira mais explícita, além de apresentar com mais clareza as relações entre a vida dos personagens e do romance escrito por Edward — foi mais fácil enxergar, no filme, as metáforas que o personagem utilizou em sua história para retratar o que viveu com Susan. Também, me agradou muito como Tom Ford conseguiu incluir na adaptação os aspectos psicológicos do livro, mesmo que eles fossem mais difíceis de se representar em um roteiro. Nesse ponto, vale o destaque para a interpretação de Amy Adams, capaz de demonstrar as transformações internas que sua personagem sofre sem nem ao menos revelá-las através da fala.
Assim, Animais Noturnos mescla a tensão com elegância e sutileza de maneira a manter o aspecto fortemente psicológico do romance de onde foi adaptado. Filme e livro são obras diferentes, mas ao mesmo tempo muito similares, cada uma funcionando muito bem em seu próprio formato de mídia. Embora tenha gostado de cada uma em suas particularidades, o filme tem mais chances de agradar do que o próprio romance de Wrigth.
Aione!
Achei também que era um thriller psicológico.
O livro me parece extraordinariamente bem escrito, nos proporcionando duas histórias em uma só. Uma onde podemos refletir e acompanhar a leitura de Susan e outra mais definida coma história de “Animais noturnos”.
Acredito que seja mesmo um livro para reflexão, já que o final de Susan é aberto.
Quanto a adaptação cinematográfica, sempre há algumas modificações para causar mais impacto e claro, para atrair mais público.
cheirinhos
Rudy