[Resenha] Orgulho — Ibi Zoboi - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
27

mar
2020

[Resenha] Orgulho — Ibi Zoboi

Orgulho — Ibi Zoboi

Título: Orgulho
Título original: Pride
Autor: Ibi Zoboi
Tradução: Giu Alonso
Editora: HarperCollins
Número de Páginas: 272
Ano de Publicação: 2019
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Zuri Benitez tem orgulho. Orgulho do Brooklyn, de sua família e de suas raízes afro-latinas. Mas orgulho não é o suficiente para salvar seu bairro da gentrificação e de se tornar irreconhecível.

Quando a rica família Darcy se muda para o outro lado da rua, Zuri não quer contato com seus dois filhos adolescentes, mesmo quando sua irmã Janae começa a se apaixonar pelo encantador Ainsley. Acima de tudo, ela não suporta o crítico e arrogante Darius, mas eles são forçados a se entender, e o que antes era um confronto se torna uma inesperada amizade.

Agora, com quatro irmãs a empurrando em direções diferentes, com o adorável Warren em busca de sua atenção e com as candidaturas para a faculdade chegando, Zuri luta entre encontrar seu lugar na paisagem em transição de Bushwick ou perder tudo.

Nesta adaptação contemporânea do clássico Orgulho e Preconceito, a autora aclamada pela crítica, Ibi Zoboi, habilidosamente equilibra identidade cultural, classe e gentrificação com a mágica do primeiro amor em sua vibrante versão do amado romance.

Orgulho é o livro jovem adulto de Ibi Zoboi publicado pela editora Harper Collins no Brasil. Sendo uma releitura moderna do clássico Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, traz como diferencial de outras recontagens o fato das personagens serem negras — o que reflete diretamente em suas vivências e conflitos na história.

Zuri é uma jovem que tem orgulho de suas raízes e da comunidade onde nasceu e cresceu. Por isso, fica temerosa quando uma família abastada se muda para o bairro, já que ela não quer as mudanças que a chegada de pessoas ricas pode ocasionar. Ela antipatiza logo de cara com Ainsley e Darius, seus novos vizinhos. Porém, quando sua irmã Janae se apaixona por Ainsley, ela precisa encontrar uma forma de conviver com eles enquanto se preocupa, também, com a faculdade na qual deseja ingressar.

A narrativa em primeira pessoa de Ibi Zoboi permite que nos conectemos com Zuri desde as primeiras páginas. Mais do que conhecer a jovem determinada e segura de si, ouvimos a sua voz, o que é imprescindível no que diz respeito a sua personalidade e contexto do enredo. Zuri cresceu ciente da importância de se defender e de lutar pelo que acredita, e isso fica impresso em cada página. Também, a protagonista gosta de escrever poemas e encontramos muitos deles ao longo da história. Além deles proporcionarem maior sensibilidade, ajudam a demonstrar como Zuri utiliza a arte para expressar sua realidade. Por consequência, ficamos ainda mais conscientes dessa realidade que a rodeia.

O cenário de Orgulho é o bairro periférico de Bushwick, no Brooklyn. Zuri é negra, de uma família negra e pobre. As referências culturais que ela traz refletem essa vivência, assim como sua experiência de mundo é gritante em inúmeros aspectos em relação a minha. Quando Zuri se vê em contato com uma família negra e rica, as diferenças entre eles se tornam ainda mais evidentes, fazendo com que o leitor reflita e perceba o mundo desigual no qual vivemos.

Apesar da forte temática social e das críticas presentes na leitura, Ibi Zoboi, assim como Jane Austen, consegue imprimir leveza na narrativa, que é também bastante ágil. Essa, talvez, tenha sido a releitura menos engraçada que já li de Orgulho e Preconceito, mas que não deixa de ter seus momentos divertidos, assim como as passagens românticas trazem frescor à história. Orgulho tem claras ligações com o clássico a que faz referência, mas, ao mesmo tempo, tem um ritmo próprio, seguindo os acontecimentos principais do original, mas não os reproduzindo na íntegra.

Em linhas gerais, Orgulho foi uma das releituras do mais famoso romance de Jane Austen mais bonitas a que tive o prazer de ler. A força da ancestralidade presente na obra de Ibi Zoboi me emocionou e me fez compreender um pouco mais uma cultura a qual não pertenço. É um livro necessário por todas as questões que aborda e que não deixa de se enquadrar como um Young Adult por trabalhar tantas das questões típicas dessa fase da vida. Afinal, Zuri é uma garota sujeita a cometer erros de julgamentos e aprender com eles, assim como também é uma jovem em busca de um meio termo que signifique encontrar seu lugar no mundo sem deixar para trás suas verdadeiras origens.





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6 Respostas para "[Resenha] Orgulho — Ibi Zoboi"

Angela Cunha - 28, março 2020 às (08:26)

Puxa, eu admito que ainda não tinha lido ou visto nada sobre esse livro. Mas por ser uma releitura de um grande clássico, já me chamou a atenção.
Aí vem isso do preconceito, do tentar se impor a um mundo distorcido e sim, racista, foi algo que me segurou e emocionou na resenha.
Pra ser muito sincera, nunca havia pensado no título do livro sob essa perspectiva.
Já quero!!!!

Beijo

Elizete Silva - 28, março 2020 às (21:18)

Olá! Só por se tratar de uma releitura de Orgulho e Preconceito eu já queria ler, mas agora entendendo um pouco melhor a história a certeza de que eu PRECISO ler esse livro só aumento (risos). Muito bom saber que a história traz momentos de reflexão e o melhor de tudo emoção.

Scheila - 30, março 2020 às (08:47)

Aione,
Não sei se fico triste ou feliz, pois ainda nem li Orgulho e Preconceito e já me aparece uma releitura dessa!
Prometo que assim que possível vou ler os dois heheh,.
Sei que é um clássico e eu deveria ter vergonha de nunca ter lido, mas fazer o que né! )=
Adorei essa releitura, um livro que traz emoção é tudo na vida!

Beijos

Anna Mendes - 30, março 2020 às (18:14)

Oi Aione! Adorei a resenha!
Eu estava bem curiosa para conhecer mais sobre esse livro! Já li Orgulho e Preconceito e, apesar de não ter curtido tanto a leitura, acho muito legal essas releituras.
Achei linda essa capa de Orgulho e parece ser uma história única, apesar de se tratar de uma releitura. Pelos seus comentários, a protagonista parece ser bem cativante e a história parece proporcionar muitas reflexões, principalmente pelas questões sociais que ela borda.
Fiquei com muita vontade de fazer a leitura! 🙂
Bjos!

Ana I. J. Mercury - 31, março 2020 às (20:20)

Oi, Aione
Nossa, que legal!
Qu não conhecia essa releitura de Orgulho e preconceito que tanto amo, e agora já quero!
Sem contar que parece ser cheia de reflexão e críticas importantíssimas!
Tô encantada!
E ainsiosa pra começar!
bjs

ANA PAULA SANTOS MOREIRA - 31, março 2020 às (23:40)

Ja vi várias releituras de Orgulho e preconceito, mas esse livro é a primeira vez que vejo, mas não me encantou ainda como as demais releituras infelizmente.

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