O Bom Partido — Curtis Sittenfeld
Título: O Bom Partido
Título original: Eligible
Autor: Curtis Sittenfeld
Tradução: Alexandre Barbosa de Souza
Editora: Essência
Número de Páginas: 320
Ano de Publicação: 2019
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Liz trabalha como escritora em uma revista e, assim como Jane, sua irmã mais velha instrutora de yoga, mora em Nova
York. Preocupadas com os recentes problemas de saúde do pai, elas voltam à cidade onde nasceram para ajudar – e
acabam descobrindo que tanto a bela casa em que cresceram quanto sua família estão desmoronando.As irmãs mais novas Kitty e Lydia estão ocupadas demais com seus treinos de CrossFit e dietas para arranjar empregos.
Mary, a irmã do meio, está fazendo seu terceiro mestrado à distância e quase não sai do quarto, exceto para suas
aventuras misteriosas nas noites de terça. E a Sra. Bennet só pensa em uma coisa: como casar suas filhas, especialmente
com o aniversário de quarenta anos de Jane se aproximando.Até que chega à cidade o cobiçado médico Chip Bingley, famoso por ter participado do reality show Bom Partido.
Em um churrasco de Quatro de Julho, Chip e Jane se interessam imediatamente um pelo outro, mas seu amigo
neurocirurgião Fitzwilliam Darcy não tem a mesma sorte com Liz.
Primeiras impressões, porém, podem estar erradas.
RESENHA EM VÍDEO
RESENHA ESCRITA
O Bom Partido é a contribuição de Curtis Sittenfeld para o The Austen Project Series, no qual seis diferentes autoras contemporâneas são responsáveis, cada uma, por criar uma adaptação moderna de um livro de Jane Austen. Aqui, temos a releitura de Orgulho e Preconceito em uma história que tanto parte da premissa original quanto segue seus próprios caminhos para funcionar em um mundo diferente daquele conhecido por uma das mais famosas escritoras britânicas.
Liz e a irmã Jane moram há anos em Nova York, mas acabam retornando para Cincinnati, sua cidade natal, após o pai sofrer um infarto. Pouco tempo depois, ficam sabendo que Chip Bingley, médico famoso por ter participado do reality show O Bom Partido, chegou à cidade, e passa a ser uma missão para a mãe delas apresentar as filhas a ele. Enquanto Jane e Chip se interessam quase que instantaneamente um pelo outro, Liz sente aversão pelo melhor amigo de Chip, o neurocirurgião Fitzwilliam Darcy, sem saber que primeiras impressões podem ser um tanto quanto equivocadas.
Assim como Liz vai aprender em sua trajetória a não fazer julgamentos causados pelas primeiras impressões, passei pela mesma experiência com O Bom Partido. A verdade é que, pelo início da leitura, achei que não gostaria do livro. As personagens, de modo geral, me pareceram tão odiosas, com pensamentos e falas tão problemáticos, que por um segundo imaginei que esse seria um problema do livro. Então, me lembrei de que era uma característica de Jane Austen criticar a sociedade em que ela vivia e pouco a pouco fui percebendo que é exatamente isso que Curtis Sittenfeld procurou fazer. As personagens são odiosas porque elas representam problemas de nossa sociedade, e suas manifestações muitas vezes machistas e preconceituosas refletem a presença dessas questões em nosso meio. Até mesmo em um momento mais para o meio do livro, quando imaginei que, novamente, haveria um problema em relação à representatividade que surge na história, logo a autora faz questão de apontar como a própria Liz tem consciência de sua visão equivocada, o que serve também para debater a temática em si. Dessa maneira, O Bom Partido tem um lado social e político bastante presente no sentido desses aspectos fazerem parte de quem são as personagens e como é o meio em que elas estão inseridas. E Curtis Sittenfeld merece os parabéns por ter procurado apontar esses aspectos na trama como Jane Austen também fazia: com sutileza e ironia.
No que se refere ao enredo, O Bom Partido traz o suficiente de Orgulho e Preconceito para ser uma releitura e proporcionar tal identificação pelo leitor quanto também segue seus rumos próprios. Ao mesmo tempo que o livro garante uma sensação de conforto por estarmos lidando com uma história que, em partes, já sabemos como é e como se desenvolverá, ele também entrega o prazer de se descobrir as novidades, uma vez que muito dele é novo, especialmente por ser uma trama ambientada em nosso mundo contemporâneo. Também, adorei como Curtis Sittenfeld ressignificou muitos dos acontecimentos e das personagens, principalmente no que envolve as personagens que, no original, correspondem a Lydia e Wickham.
Não bastasse a forma positiva de como o livro adaptou a essência da obra de Austen, O Bom Partido funcionou muito bem para mim como leitura própria, resultando em uma experiência deliciosa de ser feita. Apesar do incômodo inicial, logo me envolvi com a trama e li tudo em poucas horas. Liz, por ser a protagonista, é uma personagem que foi bastante aprofundada e seus conflitos internos são sólidos e reais, o que me aproximou da história. Foi gostoso acompanhá-la tão envolvida com os problemas de sua família, em um primeiro plano, e depois lidando com as angústias de sua vida amorosa. Também aqui, Curtis Sittenfeld é fiel à obra original, já que muito de Orgulho e Preconceito se dá em um nível doméstico e o romance mesmo aparece de forma tênue. No caso da versão contemporânea, a relação entre Liz e Darcy é completamente atual e achei delicioso acompanhar o desenvolvimento dessa paixão. A adaptação da famosa declaração de Darcy me fez sorrir de forma boba e terminar o livro com o coração leve e quentinho.
Em linhas gerais, O Bom Partido me proporcionou uma experiência repleta de prazer. Enquanto fã de Jane Austen, tive o gostinho de retornar a um universo que tanto me encanta, ao mesmo tempo que pude me deleitar pelas adaptações da história em um contexto atual. Foi uma leitura agradável e envolvente, que me divertiu e me fez sorrir como os melhores entretenimentos costumam fazer.
Engraçado que enquanto via o vídeo no canal e depois lia a resenha aqui, só conseguia pensar numa coisa que aconteceu recentemente: li alguém dizendo que as letras de Jane davam sono..rs
Talvez uma releitura assim, mas jovial e atual, deixasse essa leitora mais atenta né?rsrsrs
Brincadeiras à parte, adoro releituras, ainda mais quando elas chegam assim, com a leveza dos tempos modernos, mas ainda assim, mantendo alguns traços originais!
Jane é fabulosa e construiu cenários únicos, por isso é gostoso ver que usam isso até hoje, para dar vida a tantos Darcy’s e afins!
Com certeza, o livro vai para a lista de desejados!
Beijo