Sobre o Livro
Título: Caixa de Pássaros
Título original: Bird Box
Autor: Josh Malerman
Tradução: Carolina Selvatici
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 272
Ano de Publicação: 2015
Skoob: Adicione
Compare e Compre: Amazon ♥ Americanas ♥ Submarino
O tão bem comentado Caixa de Pássaros de Josh Malerman voltou a ser assunto após o lançamento de sua adaptação pela Netflix. O livro, que havia sido publicado em 2015 pela editora Intrínseca, recebeu no final de 2018 uma nova reimpressão, agora com a sobrecapa do pôster do filme.
Em um futuro próximo e pós-apocalíptico, as pessoas vivem trancadas dentro de casa, impossibilitadas de olhar para o mundo exterior. Uma ameaça desconhecida — criaturas, ao que tudo indica — fez com que as pessoas passassem a cometer atrocidades, seguidas de suicídio, após ver esses monstros misteriosos. Cinco anos após os surtos terem começado, Malorie decide sair com seus dois filhos pequenos em busca de um local mais seguro. Porém, o trajeto deve ser feito com olhos vendados, porque a ameaça continua pairando.
Em uma narrativa que alterna presente e passado, acompanhamos em Caixa de Pássaros duas linhas temporais. Na do presente, o tempo narrativo transcorre em um dia, no qual vemos Malorie e seus filhos enfrentando as adversidades do mundo exterior. Na narrativa passada, temos a extensão de alguns meses de acontecimentos, que se iniciam no momento em que os surtos começaram a ser noticiados, de forma que se torna possível compreender como tudo começou e quais foram as medidas necessárias nesses primeiros meses pós-apocalipse. E embora a narrativa em ambos momentos se dê em terceira pessoa, a sensação de leitura é de extrema aproximação com os personagens, principalmente por conta da sensação de agonia despertada pelo thriller. A escrita de Josh Malerman, aliás, se desenvolve sobretudo em frases mais curtas, fragmentadas e justapostas, que intensificam a sensação de alerta no qual as personagens constantemente vivem.
Não bastasse a escrita em si despertar as emoções típicas de thrillers, o próprio “vilão” da trama permite um aprofundamento do alarme que a história gera. Se em nossas vidas as situações desconhecidas são aquelas que mais proporcionam medo e ansiedade, temos o mesmo raciocínio para as criaturas de Caixa de Pássaros, porque elas não apenas são desconhecidas como nem ao menos podem ser vistas; por consequência, elas podem assumir, em nossas imaginações, as formas mais diversas e aterrorizantes. Mais do que isso, essa presença silenciosa e disforme é a essência do terror psicológico.
Vi muitas pessoas que se decepcionaram com o final por ele ser relativamente aberto, que não fornece respostas para muito do que desejamos saber. Em minha experiência, não vejo como Caixa de Pássaros poderia terminar de outra forma, já que um fechamento completo também colocaria fim no próprio sentimento que o livro desperta e que é sua essência. Ainda, como em histórias pós-apocalípticas, o final foi bastante típico nesse sentido.
Como fã do gênero, mergulhei na leitura e devorei o livro em pouquíssimas horas. Bem na verdade, tive a sensação de que a melhor maneira de se aproveitar a leitura é justamente essa, lendo o livro de uma só vez, para que não haja uma quebra nas sensações que ele desperta. Ao mesmo tempo, tanto a narrativa de Josh Malerman me fisgou quanto a história em si aguçou meu interesse; havia momentos em que eu queria mais da narrativa presente, para saber se Malorie conseguiria chegar em seu destino final, assim como em outros eu ansiava por mais episódios no passado, curiosa para entender os desdobramentos que levaram a protagonista a viver como nós a conhecemos no primeiro capítulo. Em linhas gerais, adorei Caixa de Pássaros, e fica o destaque por esse ser o romance de estreia do autor.
Sobre o Filme
Bird Box tem dado o que falar desde seu lançamento: bastou estrear na Netflix para que inúmeros memes do filme começassem a brotar, bem como as mais diversas teorias sobre o que seriam as tais criaturas que assombram a história. Aqueles, porém, que esperavam encontrar na adaptação exatamente o que há no livro com certeza se decepcionaram: Bird Box, o filme, é muito mais inspirado na obra de Josh Malerman do que realmente sua reprodução visual.
A ideia geral é a mesma; o que muda, no filme, é a forma de como muitos dos acontecimentos se dão. O que ficou claro para mim é que foi feita uma escolha sobre como o livro seria adaptado em relação ao público a que o filme se destinaria e, em ordem de manter a agilidade presente na leitura, foi esse o elemento transposto para a adaptação. Com isso, tudo no filme é mais rápido, com mais ação, com mais elementos que mantém presa a atenção de quem assiste. Os eventos se dão em proporções maiores, bem ao estilo hollywoodiano — ainda que essa seja uma produção Netflix. Caso Bird Box fosse fiel exatamente aos acontecimentos do livro, seria um filme muito mais parado, silencioso, e que talvez não funcionasse no propósito desejado. O que há na obra de Josh Malerman funciona muito bem no papel, já que o leitor é colocado diretamente na posição dos personagens e consegue captar suas impressões, bem como a agonia de se sentir desprovido de sua visão. Isso, contudo, não é possível em uma mídia visual, cuja maneira de contar a história é por meio de imagens. Também, há muitos momentos no livro em que Malorie aparece sozinha; no filme, há uma necessidade de mais interação e da presença de diálogos, o que exige que tais cenas sejam alteradas.
Além das diferenças dos acontecimentos entre um e outro, algo que foi muito perceptível é como o filme suaviza o terror do livro. As cenas descritas por Josh Malerman são muito mais pesadas do que as reproduzidas na adaptação e, com isso, a leitura desperta muito mais agonia do que o filme — que acabou sendo um bom entretenimento, mas nada tão intenso quanto os burburinhos ao redor dele. Também, é visível o quanto o filme inseriu conflitos sobre a personalidade de Malorie que não existem no livro, a fim de criar tanto uma trajetória de crescimento da personagem quanto, também, possibilitar a presença de um romance no filme — que não acontece no original. Sandra Bullock trouxe, em minha visão, muito da protagonista de Malerman, e o que há de diferenças entre elas se deve ao roteiro, não à releitura da atriz.
Em linhas gerais, enquanto Caixa de Pássaros, livro, foca no terror psicológico e prende a atenção por isso, o filme Bird Box focou na ação para entreter. Além disso, incluiu conflitos pessoais das personagens buscando desenvolver outra trama além do apocalipse em si. O resultado foi também um final mais positivo, já que nele há a sensação de aprendizagem e de crescimento pessoal encarado pela protagonista. É possível que os que leram o livro primeiro o prefiram ao filme, enquanto aqueles que tiverem contato com a obra de Malerman após assistirem ao filme estranhem a leitura. Eu, como leitora, fico no time dos que preferiram o livro, ainda que tenha gostado da adaptação.
Me senti do mesmo jeito quando li esse livro, me segurava para não ler o próximo capitulo só para saber mais da história tanto do passado, quanto do futuro. Simplesmente me me apaixonei pelo livro.Ate me emocionei na ultima parte. O filme foi interessante pq achei a ideia do livro e do filme bem parecida,diferente de outros q as vezes é diferente do livro.