Título: Cartas Secretas Jamais Enviadas
Título original: Dear My Blank
Organização: Emily Trunko
Tradutor: Fabrício Waltrick
Editora: Seguinte
Número de Páginas: 200
Ano de Publicação: 2018
Skoob: Adicione
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Você já desejou poder voltar no tempo e dar conselhos para si mesmo? Já quis ter coragem de falar como é forte o amor que sente por alguém? Alguma vez já se perguntou por que uma pessoa importante na sua vida parou de falar com você? A partir de contribuições anônimas, Emily Trunko reuniu nesta coletânea cartas que revelam segredos profundos de quem as escreveu. Afinal, muitas vezes o único jeito de lidar com nossos sentimentos mais intensos — seja um amor incondicional ou uma perda irreparável — é botando tudo no papel. A leitura destas cartas nos permite mergulhar na vida de seus remetentes e, ao mesmo tempo, redescobrir nossa própria história e perceber que, mesmo nos piores momentos, não estamos sozinhos.
Que atire a primeira pedra quem nunca escreveu uma carta e não enviou. Quem nunca colocou no papel o que estava sentindo para não ser sufocado por palavras nunca ditas. Quem nunca escreveu para sentir alívio e depois se perguntou como seria enviar. Quem nunca sofreu com o paradoxo de querer mandar uma carta e morrer de aflição somente ao pensar nessa possibilidade.
Cartas Secretas Jamais Enviadas reúne uma coletânea de cartas originalmente postadas no Dear My Blank, tumblr criado por Emily Trunko em 2015 para que ela compartilhasse online algumas das cartas que havia escrito ao longo da vida sem jamais submetê-las a seus respectivos destinatários. O projeto cresceu e a jovem, de então 15 anos, se viu recebendo milhares de cartas do mesmo tipo, e o que era para ser uma página pessoal acabou se tornando uma comunidade de apoio e conforto.
No final de 2016, algumas das cartas publicadas online foram reunidas em um livro, traduzido no início de 2018 pela editora Seguinte e publicadas em uma lindíssima edição em capa dura. E, pelo pouco que pude ver na amostra do original, o projeto gráfico de Ale Kalko na edição brasileira é ainda mais bonito e visualmente mais atrativo.
Também organizado por Emily Trunko está o Últimas Mensagens Recebidas, que resenhei este ano. Ambos livros seguem o mesmo estilo, sendo esse formado por últimas mensagens enviadas e recebidas por pessoas nas mais diversas situações. Como Cartas Secretas Jamais Enviadas por definição trabalha com textos mais longos e mais elaborados — mesmo que algumas das cartas sejam bastante curtas, quase que bilhetes — minha leitura foi também um pouco mais lenta; de qualquer maneira, li o livro em pouco mais de uma hora. Outra diferença é que, dessa vez, senti um impacto um pouco menor do que da primeira, já que, na outra experiência, a brutalidade de algumas mensagens por vezes acaba sendo maior, tanto por elas serem tão compactas quanto pela ironia de muitas das situações em que foram escritas.
Ainda assim, Cartas Secretas Jamais Enviadas me proporcionou uma leitura envolvente e, sobretudo, humana. Em todas as cartas há um toque inevitável de melancolia; afinal, se elas estão sendo escritas é porque, por algum motivo, tais palavras não puderam ser diretamente ditas. Dessa forma, o que temos são pessoas se abrindo completamente para um outro — que, às vezes, é somente uma outra versão, em uma outra época, de quem as escreveu — revelando as mais diversas emoções, nas mais diversas situações. São pessoas em seus momentos de maior vulnerabilidade e, por isso, há uma sinceridade pura que salta de cada palavra. Independentemente de algumas cartas serem mais poéticas e outras mais coloquiais, o que extravasa de todas elas são os sentimentos de quem as escreveu.
A leitura de Cartas Secretas Jamais Enviadas me proporcionou uma conexão com diversas intimidades anônimas: me senti ligada a tantas pessoas que jamais conhecerei simplesmente porque pude reconhecer nelas emoções que eu mesma tive. Mesmo nos casos em que não ocorreu essa identificação, fui delas uma confidente, ainda que por apenas alguns instantes. Recomendo a experiência de leitura para que, assim como essas pessoas aos escreverem, nós também, ao lermos, possamos nos relacionar com o que de mais humano houver em nós.
Não vejo a hora de poder conferir este livro!Sou maluca pela vida, por tudo que ela nos oferece e desde que eu o vi pela primeira vez.
Melancolia, uma pitadinha gostosa de tristeza por tudo que poderia ter sido dito e não foi. Por tudo que foi dito e que não deveria ter sido dito!
Livros assim, deveriam ser obrigatórios a todos nós!
Lerei com certeza.
Beijo