[Resenha] Não Chore, Não — Mary Kubica - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
29

jun
2018

[Resenha] Não Chore, Não — Mary Kubica

Título: Não Chore, Não
Título original: Don’t You Cry
Autor: Mary Kubica
Tradutor: Fal Azevedo
Editora: Planeta
Número de Páginas: 304
Ano de Publicação: 2018
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No centro de Chicago, a jovem Esther Vaughan desaparece de seu apartamento sem deixar vestígios. Uma carta sombria dirigida a “Meu bem” é achada entre seus pertences, deixando sua colega de apartamento, Quinn Collins, se perguntando onde a amiga estaria e se ela era – ou não – a pessoa que Quinn achava que conhecia.
Enquanto isso, em uma pequena cidade de porto de Michigan, uma mulher misteriosa aparece no tranquilo café onde Alex Gallo trabalha lavando pratos. Ele é atraído imediatamente pelo seu charme e beleza, mas o que começa como uma paixão inofensiva rapidamente se transforma em algo mais sinistro…

Não Chore, Não é o mais recente lançamento de Mary Kubica no Brasil. O livro é o terceiro da autora editado pela Planeta, que também publicou A Garota Perfeita, romance de estreia de Kubica, e A Desconhecida.

Em Não Chore, Não a jovem Quinn acorda em um domingo e percebe que sua colega de apartamento, Esther, desapareceu. Dividida entre a incerteza de algo de grave ter acontecido e de a amiga simplesmente ter ido misteriosamente embora, Quinn começa a buscar indícios sobre o que pode ter acontecido. Paralelamente, a vários quilômetros de distância, Alex vive em uma pequena cidade e tem sua rotina afetada pela chegada de uma jovem, que imediatamente o atrai e a quem ele nomeia Pearl. Sem conseguir parar de prestar a atenção nela, ele pouco a pouco começa a vigiar seus passos, e o que começa como uma simples paixão, logo evolui para algo mais sombrio.

A narrativa de Não Chore, Não é construída em primeira pessoa alternando as perspectivas de Quinn e Alex. Assim, é como se duas histórias diferentes começassem a ser contadas, deixando ao leitor apenas sugestões de como elas podem estar interligadas.  Apesar de tanto Quinn quanto Alex fornecerem bastantes informações sobre Esther e Pearl, bem como das situações vividas por cada um, minha impressão era de que suas narrativas revelavam muito mais sobre si próprios do que sobre as jovens por eles acompanhadas. Assim, me vi em muitos momentos me perguntando mais sobre eles do que sobre as garotas, o que criou em mim a expectativa de receber mais informações sobre os narradores. Fui frustrada, é claro, uma vez que a história não é sobre eles, ambos apenas são porta vozes da trama desenvolvida. Por um lado, a estratégia de Mary Kubica foi ótima ao desenvolver a narrativa dessa maneira, uma vez que tanto Quinn quanto Alex desconhecem os segredos de Esther e Pearl e, assim como o leitor, passam a conhecê-las conforme a história avança. Se a narrativa se desse pela perspectiva das garotas, os artifícios para ocultar os mistérios e criar o suspense deveriam ser outros.

Apesar de ter ficado curiosa pelo desfecho de Não Chore, Não e de não ter sido capaz de solucionar seu final, o livro acabou por me decepcionar. Em primeiro lugar, a leitura não me prendeu. Demorei para avançar as páginas simplesmente porque não conseguia me envolver: tudo parecia se desenrolar de forma muito monótona, de maneira que pouco me vi atenta ao que lia e deixei passar muitas informações relevantes para compreender a trama. Ao final, quando tudo foi revelado, precisei retornar os capítulos para reler passagens que haviam sido lidas superficialmente e só então entendi melhor o desenvolvimento do enredo. Não sei se eu teria conseguido solucionar o mistério, caso tivesse feito uma leitura realmente atenta.

Não apenas o livro não me prendeu, como o final também me decepcionou. Em partes, gostei de como Mary Kubica criou a história e uniu as pistas pouco a pouco para chegar ao clímax. Em termos de estrutura, Não Chore, Não não deixou a desejar. Porém, foi a construção dos personagens e suas motivações o que me incomodou: não consegui me convencer pela escolha que levou ao desenvolvimento do caso. A situação criada pela autora certamente é polêmica e nos faz questionar o que faríamos se estivéssemos na mesma situação da personagem em questão; contudo, a maneira de como o conflito é desenvolvido é rasa, a ponto de ter sido difícil que eu aceitasse sua justificativa. Dessa maneira, o final fez com que a história não me parecesse verossímil. Em vez de eu me ver dividida e compreendendo a dificuldade da situação, apenas achei tudo um tanto quanto absurdo.

Assim, Não Chore, Não ficou aquém das minhas expectativas, criadas a partir da experiência positiva com A Garota Perfeita. De qualquer modo, ainda espero ler A Desconhecida para ter outra oportunidade de acompanhar o trabalho de Mary Kubica.





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8 Respostas para "[Resenha] Não Chore, Não — Mary Kubica"

Lily Viana - 29, junho 2018 às (10:19)

Olá!
Eu já vi esse livro e me chamou bastante atenção pelo titulo, apesar de já ver outras obras da escritora. O livro tem uma premissa ótima, com um mistério e envolvimento muito bom. Estou muito curiosa para ler!

Meu blog:
Tempos Literários

Patrini Viero - 29, junho 2018 às (17:40)

Ainda não li nada da autora, mas os seus livros sempre me chamam atenção pelo gênero e pelo mistério que trazem em si. Eu confesso que achei a trama deste em particular um tanto quanto batida e meio inconsistente num primeiro momento, mas isso se deve ao fato de eu ter acesso apenas à sinopse do livro. Com relação ao final, acredito que ele precise amarrar as pontas que o enredo abre e dar uma justificativa plausível para os acontecimentos ao longo da narrativa. Quando isso não acontece, a mim parece que a história se torna superficial e incompleta, não me convencendo de todo, como aconteceu contigo. Ainda quero ler os livros da autora, mas vou manter minhas expectativas mais baixas dessa vez.

Anna Mendes - 29, junho 2018 às (18:46)

Oi Aione!
Adorei a resenha!
Eu já ouvi falar dos livros desta autora, mas até agora não li nada dela.
Gostei bastante da premissa de Não chore, não. Ela conseguiu despertar a minha curiosidade. No entanto, a sua decepção com a leitura me deixou um pouco receosa em dar uma chance para esse livro.
Talvez eu comece lendo A Garota Perfeita, já que a sua experiência positiva me faz sentir que é melhor apostar nela como minha primeira leitura de um livro da autora 😉
Bjos!

Ana Carolina Venceslau Dos Santos - 29, junho 2018 às (19:36)

Eu não me sentia atraída por nenhum dos livros da Mary não sei se foi a premissa do livro ou se realmente não fiquei interessada mesmo porque eu adoro os livros desse gênero mas não teve algo que me conectar-se com esse livro

Micheli Pegoraro - 29, junho 2018 às (23:02)

Oi Aione,
Não conhecia essa autora, mas agora fiquei curiosa para saber mais dos outros livros dela. Quanto a esse livro resenhado, que pena que deixou a desejar, pois achei a sinopse bem instigante e estava torcendo para a trama ser envolvente.
A autora falhou em construir uma trama que fisga o leitor, esse mistério que permeia as personagens Esther e Pearl tinha muito potencial para proporcionar uma leitura eletrizante, e acredito que o desenvolvimento dos personagens e a narrativa em si prejudicaram muito.
Apesar disso, tenho interesse em conhecer a escrita da autora.
Beijos

Daiane Araújo - 30, junho 2018 às (01:09)

Oi, Aione.

Acredito que, em livros como esse, os pontos de vistas alternados, são fundamentais e primordiais. Até mesmo para situar o leitor melhor e nos encarregar

Ir descobrindo todas as revelações, juntamente, com os personagens, é fantástico. Acredito que a força das descobertas, são maiores.

Apesar de ter lido um livro da autora (A Desconhecida) e não ter gostado muito (esperava mais), a proposta desse livro me ganhou rapidamente. E, com certeza quero muito lê-lo.

Pena que o mesmo não supriu as suas expectativas!

suzana cariri - 30, junho 2018 às (14:02)

Oi!
Esse não foi um livro que me chamou atenção, esse enrendo de personagem que desaparece não me convenceu muito e os dois narradores que temos no livro não me conquistaram, senti a falta daquela curiosidade que faz toda a narrativa girar, o que acabou me fazendo não ficar interessada nesse livro !!

RUDYNALVA CORREIA SOARES - 30, junho 2018 às (23:06)

Aione!
Uma pena ver um livro com um plot tão bom que poderia ser bem desenvolvido, ter se tornado uma leitura monótona e ainda mais ser te fazer envolver com as personagens e com a história.
Nada mais a dizer…
Bom domingo e mês de julho!
“Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. “ (Clarice Lispector)
cheirinhos
Rudy

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