[Resenha] Queria Que Você Me Visse — Emery Lord - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
16

maio
2018

[Resenha] Queria Que Você Me Visse — Emery Lord

Título: Queria Que Você Me Visse
Título original: When We Collided
Autor: Emery Lord
Tradutor: Lígia Azevedo
Editora: Seguinte
Número de Páginas: 352
Ano de Publicação: 2018
Skoob: Adicione
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Jonah Daniels vive em uma cidadezinha na Califórnia desde que nasceu. Há seis meses, com a morte de seu pai, toda a sua família teve que se adaptar: Jonah e seus cinco irmãos se tornaram responsáveis por manter a casa em ordem e cuidar do restaurante que o pai deixou. No começo do verão, porém, a vida do garoto parece prestes a seguir um novo rumo com a chegada de Vivi Alexander.
Vivi é apaixonada pela vida. Encantadora e sem papas na língua, ela se recusa a tomar um de seus remédios porque sente que ele reprime seu ímpeto de viver novas aventuras. E, ao encontrar Jonah, ela tem certeza de que está prestes a viver mais uma. Mas será que Jonah está disposto a correr os mesmos riscos que ela?

Queria que você me visse é o primeiro livro de Emery Lord publicado no Brasil. Escrito com delicadeza, o livro aborda a questão das doenças mentais sem deixar de abordar temáticas típicas da adolescência que normalmente estão presentes em obras YA.

Jonah perdeu o pai há seis meses. Desde então, ele e os irmãos vêm se desdobrando para se cuidarem, especialmente porque sua mãe continua muito debilitada pelo luto. É quando Vivi chega à cidade e, com seu jeito intenso e espontâneo, traz para essa família uma alegria até então impensável. Porém, a garota também enfrenta os próprios fantasmas — entre eles, sua recusa em tomar os medicamentos receitados por sua médica.

Em primeira pessoa, a narrativa se alterna a cada capítulo entre as perspectivas de Jonah e Vivi, proporcionando ao leitor conhecer intimamente cada um dos personagens. Como a escrita de Emery Lord é bastante simples e cativante, a leitura pode ser feita rapidamente, permitindo que a história avance em grande velocidade. Contudo, o que mais confere essa rapidez à narrativa é a própria Vivi. A personagem é sempre tão acelerada que sentimos seu ritmo na própria leitura, mesmo quando estamos na perspectiva de Jonah — afinal, ele também é afetado pela figura de Vivi.

O trunfo da autora em Queria que você me visse está justamente em ter conseguido transpor para a narrativa características da personagem e da doença que ela enfrenta. Em diversos momentos, me vi em conflito com Vivi e até mesmo me sentia atordoada pelo ritmo narrativo. Dessa maneira, podemos ter um vislumbre do que ela vivencia e nos tornamos mais sensíveis a compreender sua doença de uma forma mais próxima do que por simples palavras esvaziadas de significação, como normalmente acontece ao lermos os sintomas de uma enfermidade. Porém, mais do que tudo, a personagem não é definida por sua doença. Vivi é espontânea, empoderada, consciente de si ao mesmo tempo que tem suas próprias inseguranças e caprichos. Vivenciei uma relação de amor e ódio com ela, sofri por seus traumas e anseios, me enchi de esperança e carinho por sua determinação e visão de mundo. A personagem erra e acerta e nos ensina que essa é a melhor maneira de aprendermos a viver — se isso for possível. Caso não seja, ela ao menos no ensina uma maneira de tentarmos levar a vida da melhor maneira que pudermos.

Apesar de ter sentido muito a presença de Vivi em Queria que você me visse, Jonah e seus conflitos são igualmente importantes na leitura. Emery Lord não apenas foi feliz na maneira como retratou as dificuldades do personagem e de sua família como também conseguiu construir muito bem a complicada relação desenvolvida entre ele e Vivi. O que adorei no romance é que ele passa a sensação de ser real, completamente composto por altos e baixos e tão arrebatador quanto as paixões nessa fase da vida costumam ser. E não apenas a relação entre os protagonistas tem suas complicações, mas também a de Jonah com a mãe e os irmãos. É nítida a mescla de expectativas e receios que permeia a família.

Em linhas gerais, Queria que você me visse me proporcionou uma leitura rápida e leve em sua maior parte, com momentos mais angustiantes e reflexivos em outros. O livro não perde suas características como YA e se propõe a discutir temáticas ligadas às doenças mentais e ao luto de forma sensível, o que torna a obra especial a seu modo.





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8 Respostas para "[Resenha] Queria Que Você Me Visse — Emery Lord"

Marlene Conceição - 16, maio 2018 às (21:02)

Oi Aione.
Essa realmente parece ser uma leitura intensa e intrigante.
Eu gosto que o livro traz reflexões ao leitor, em especial por retratar um assunto tão delicado, mas ainda assim muito real e presente na vida de muitas pessoas, eu gosto também o fato de que durante a leitura é abordado temas sobre família e relacionamento familiares. Essa me parece ser uma história sensível, que de maneira leve retrata assuntos importantes, por isso, não poderia deixar de conferir, espero desfrutar bastante da leitura.
Bjs.

Evandro - 16, maio 2018 às (22:46)

Esse parece ser um daqueles livros especiais que nos fazem envolver completamente com o enredo e seus personagens. Embora seja uma leitura fluída, a autora parece que soube aproveitar cada linha ao explorar os dramas de seus personagens. Gosto dessa narrativa alternada, pois nos dá uma visão mais ampla sobre os acontecimentos. Adorei essa dica e a capa é linda e parece nos dizer muitas coisas.

Jéssica Medeiro - 17, maio 2018 às (12:22)

Esse é um daqueles que não dá pra largar até terminar de ler…❤ amo❤

Daiane Araújo - 17, maio 2018 às (20:44)

Oi, Aione.

Ultimamente, estou à procura de leituras dinâmicas e também levemente intensas, como essa que nos traz à tona o amadurecimento precose do Jonah, por ter que tomar uma responsabilidade sobre si…

E que ao mesmo tempo, nos é apresentado essa questão da Vivi em ter que lidar com tal doença.

Acredito que a leitura dele irá suprir as minhas expectativas. E devo confessar que no primeiro momento, eu achei que essa era somente mais uma dessas histórias típicas que tanto vemos por, aí… Espero me surpreender mais ainda, quando eu lê-lo.

Micheli Pegoraro - 17, maio 2018 às (21:44)

Oi Aione,
Fico animada em saber que esse livro é especial assim, pois a sinopse me cativou logo quando vi o lançamento, e agora, fiquei com vontade de ler logo essa história. A Vivi parece ser uma garota muito especial, que não se deixou ser rotulada por uma doença mental. Longe disso, é uma adolescente alegre e forte, que tem muito o que ensinar com o seu jeito de ser. Que bacana que a narrativa nos permite ter um pouco do vislumbre de como é ter essa doença da personagem. A autora acertou em criar uma narrativa simples, mas com uma delicadeza e sensibilidade que permitem uma leitura tocante. Gosto de tramas com relacionamentos familiares, e saber que há um foco também na relação de Jonah com sua mãe e seus irmãos proporcionará uma leitura mais envolvente ainda.
Beijos

RUDYNALVA CORREIA SOARES - 17, maio 2018 às (22:52)

Aione!
Faz tempo não leio um livro no estilo e interessante ver que o autor conseguiu imprimir um ritmo satisfatório ao enredo, onde podemos nos envolver com todos dramas familiares vividos.
“Eu gosto de escutar. Eu aprendi muito escutando cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca escuta. “(Ernest Hemingway)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA MAIO BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

Anna Mendes - 18, maio 2018 às (09:20)

Oi Aione!
Adorei a resenha!
Amei a capa deste livro! Tão linda e delicada <3
Gostei bastante da premissa também! Parece ser uma leitura muito envolvente e gostosa de fazer, mas que também proporciona reflexões importantes.
Eu li recentemente Tartarugas Até Lá Embaixo, do John Green, um livro que eu amei e que me emocionou muito. E a protagonista tem uma doença mental e ler sobre ela me fez pensar na importância de livros jovens trazerem esse olhar para as doenças mentais que tantos jovens enfrentam pelo mundo.
Por isso fiquei ainda mais curiosa para ler Queria que Você me Visse! 🙂
Bjos!

mirian kelly - 29, maio 2018 às (09:26)

Primeiro gostaria de falar de amei essa capa, la é muito fofinha. Agora posso dizer que esse livro me encantou, por ser bem reflexivo e falar sobre doença mental achei bem interessante. É muito bom poder entender o que se passa com um personagem como se fossemos parte dele e que bom que o livro nos permite isso com a Vivi.

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