Título: The 42nd St. Band. Romance de Uma Banda Imaginária
Autor: Renato Russo
Editora: Companhia das Letras
Número de Páginas: 216
Ano de Publicação: 2016
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Entre os quinze e os dezesseis anos, enquanto convalescia de epifisiólise (rara doença óssea), Renato Russo — à época, ainda chamado Renato Manfredini Jr., em Brasília — criou a história de um grupo de rock formado em 1974, em Londres, a partir do encontro de ícones como Mick Taylor, dos Rolling Stones, e outros roqueiros imaginados pelo futuro líder da Legião Urbana. Da origem à separação da banda, passando por momentos de sucesso astronômico, Renato pensou em cada detalhe. A partir do personagem Eric Russell, figura central da 42nd St. Band, nasceria Renato Russo, um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos, que tem, portanto, sua gênese revelada neste estrondoso romance inédito.
Em sua adolescência, Renato Manfredini Jr. – que viria a se tornar Renato Russo, líder da Legião Urbana, uma das maiores bandas brasileiras -, foi acometido pela epifisiólise, uma rara doença óssea. Durante sua recuperação, Renato preencheu folhas e mais folhas sobre uma banda por ele imaginada, a 42nd St. Band. Agora, a Companhia das Letras reuniu esses escritos, formando o romance fragmentário The 42nd St. Band, belissimamente ilustrado com representações dos álbuns da banda, manuscritos e figuras diversas, inclusive que simulam revistas nas quais os integrantes foram entrevistados. Como originalmente os textos foram redigidos em inglês, a tradução é de Guilherme Gontijo Flores.
A história da banda começa com o encontro de três primos na infância, Eric, Jesse e Nick. Temos o relato do crescimento dos três, bem como dos episódios que influenciaram sua inserção no meio musical, e pouco a pouco reunimos as informações que nos permitem compreender a trajetória da 42nd St. Band.
Recheado de referências musicais dos anos 1960 e 1970, principalmente, The 42nd St. Band, contudo, não é formado por uma narrativa convencional. A organização da editora permitiu que uma das primeiras partes do livro seja a que traz o bloco de texto mais longo, mais próxima da estrutura de um romance no sentido de contar uma história de maneira linear e no caso, através da visão de Nick.
Nesse “capítulo”, o personagem narra em detalhes a trajetória dos primos rumo ao surgimento da banda enquanto responde a uma pergunta em uma entrevista, até onde podemos supor, sobre seus primeiros anos de formação musical. Por consequência, a escrita é direta e fluida, acompanhando a fala do astro do rock, e recheada de jargões. Há outros trechos similares, que também funcionam como respostas a uma pergunta, nos quais temos algum episódio sendo narrado. Entretanto, eles são menos extensos do que esse inicial.
Ainda, há diversos outros formatos diferentes de narrativas: cenas de ensaios e shows da banda, nos quais é possível visualizar como Renato imaginava a reunião entre os integrantes; diferentes resumos cronológicos, que esquematizam os acontecimentos principais sobre a 42nd St. Band nos períodos selecionados; discografias; entrevistas diversas; letras de músicas; informações sobre as turnês da banda etc. Como cada um dos escritos de Renato foram feitos de maneira separada e não necessariamente representavam uma unidade fechada, há divergências de informações bem como lacunas de acontecimentos – foi a organização da editora que permitiu a apresentação de The 42nd St. Band como um livro.
O que mais achei incrível na leitura foi ter mais uma evidência da grandiosidade da mente criativa de Renato Russo. A 42nd St. Band foi a concepção de um jovem confinado em seu quarto, como muitos atualmente fazem ao, por exemplo, criarem fanfics e histórias diversas; entretanto, é fantástico notar o quão palpável essa banda foi para ele. Renato não apenas pensou nos integrantes e em suas funções; ao contrário, deu histórias individuais – repletas de detalhes -, definiu passo a passo o curso da banda, criou letras de músicas e títulos para elas, e não me surpreenderia descobrir que ele chegou a imaginar melodias para as canções, algo que, infelizmente, não seria possível de se testemunhar no livro. “Aloha”, inclusive, título de uma das músicas da 42nd St. Band, aparece em A Tempestade, sétimo álbum da Legião Urbana.
Há, também, ao final, uma parte reservada aos trabalhos extras de Eric Russel, como um texto filosófico escrito em sueco – e aqui, como não há tradução e desconheço o idioma, não sei dizer seu conteúdo – e cenas de uma peça de teatro escrita por ele. É curioso, porém, que há a aparição da troca do sobrenome de Eric de Russel para Russo, o mesmo que Renato viria a adotar futuramente. Ainda, há traços de personalidade compartilhados por ambos, conforme apontado na nota editorial que abre o livro, o que nos faz pensar no personagem como um alter ego de Renato. Essa e tantas outras evidências ao longo do livro demonstram o quanto a concepção da 42nd St. Band ressoa na própria Legião Urbana.
A leitura de The 42nd St. Band seria interessante por si só simplesmente por acompanhar a história de uma banda fictícia, tão tangível que se torna difícil imaginá-la como irreal. Porém, o livro alcança outras dimensões por revelar ainda mais sobre Renato Russo e sua capacidade criativa, bem como sua visão de mundo, e tais dimensões são ainda mais intensificadas se pensarmos que essa foi a criação do adolescente, e não do artista já formado e consagrado como uma das mais importantes figuras no cenário do rock nacional.
Aione, eu fiquei super empolgada para ler um dos livros do meu cantor favorito(ele é sensacional)!! Adorei sua resenha, seu blog e seus vídeos!! Parabéns, vou te acompanhar sempre!!! Super beijo, de uma leitora viciada (risos)