[Resenha] O Que Há De Estranho Em Mim - Gayle Forman - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
22

jan
2016

[Resenha] O Que Há De Estranho Em Mim – Gayle Forman

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Título: O Que Há De Estranho Em Mim
Autor: Gayle Forman
Editora: Arqueiro
Número de Páginas:  224
Ano de Publicação: 2016
Skoob: Adicione
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Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade.

Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão.

Juntas, as cinco amigas vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as enlouquece.


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Os livros de Gayle Forman compartilham, de certa forma, algumas mesmas características: embora suas tramas sejam diferentes entre si, apresentam jovens em períodos de mudança e auto-descoberta, enfrentando conflitos tanto internos quanto próprios da vida ao seu redor. O que há de estranho em mim, primeiro romance da autora, traz esses aspectos ainda mais intensificados devido à história em que são abordados.

Brit, uma jovem de 16 anos, é internada em um reformatório juvenil por seu pai, que acredita estar proporcionando o melhor a ela. Desde uma tragédia que abateu sua família há três anos, a jovem e seu pai nunca mais foram os mesmos, e Brit tem passado por momentos constantes de rebeldia aos olhos de seu pai. Porém, quando chega à instituição, os métodos duvidosos de terapia tendem apenas a fazer ainda mais mal a ela, e só o que lhe resta é se reunir a outras quatro garotas, para, juntas, tentarem sobreviver e manterem suas próprias sanidades.

 

“Quando me trancaram na Red Rock, comecei a me sentir vazia, cansada e, na maioria das vezes, revoltada. Em alguns dias, eu simplesmente desejava desaparecer da face da Terra. Portanto, não só eu não fazia a menor ideia de quando poderia voltar à minha vida normal, como também não sabia quem eu seria quando isso enfim acontecesse.”

página 96

 

Desde o início, foi impossível não me sentir extremamente angustiada pelas vivências de Brit na Red Rock. O lugar beira a crueldade devido ao anti-profissionalismo e ao descaso com que as jovens são tratadas, ainda mais se levado em conta o estado de vulnerabilidade com que chegam lá. E a situação apenas tende a piorar: todas as “terapias” oferecidas nada mais são do que um misto de abuso de poder e destruição gradual da auto-confiança de cada jovem para que possam se tornar obedientes devido ao próprio medo e culpa sentidos por elas. 

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Dessa maneira, ao mesmo tempo em que rapidamente fui envolvida pela história, compreendendo a vida de Brit por meio dos flashbacks que permitem ao leitor conhecer suas vivências anteriores ao início da trama, fui também tomada por diversas emoções, principalmente angústia e revolta, por encarar os absurdos feitos pela Red Rock. Enquanto muitas das jovens internadas precisam de fato de ajuda e tratamento, só o que a instituição faz é piorar seus estados mentais e emocionais, e torna-se impossível não lamentar tudo isso. Ainda, foi impossível não me revoltar, também, com questões próprias da sociedade em que vivemos, já que algumas das garotas na história foram institucionalizadas por estarem acima do peso ou por serem gays, ambos vistos como algo a ser tratado e corrigido nessas situações. Assim, ao mesmo tempo em que me revoltei inclusive contra os pais que as internaram, pude também compreender alguns deles, como o pai de Brit, que no desespero de seus próprios medos, tomam decisões erradas por pensarem, justamente, estarem fazendo o certo. Dessa forma, ao invés de enxergarem suas filhas como são e oferecerem aquilo de que precisam, enxergam um espectro de seus temores.

 

“Era como se a música me curasse, trazendo de volta a pessoa eu era, a minha autoconfiança, lembrando que os seis meses anteriores eram apenas uma exceção. A vida real era maravilhosa e, por mais distante que parecesse naquele momento, ainda existia. Eu ainda existia.”

página 108

 

O que há de estranho em mim me proporcionou uma leitura rápida e fluida, envolvente e intensa, considerando-se que estamos a todo momento em contato com as emoções de Brit, principalmente, já que ela é a narradora protagonista da história. Toda a injustiça e revolta sentidas apenas alimentam a ânsia do leitor em conhecer o desfecho, torcendo pelo final justo e feliz das garotas.

Em linhas gerais, adorei a maneira de como a autora abordou as temáticas encontradas, em como deu voz a milhões de jovens incompreendidos e que, acima de tudo, precisam de ajuda e amor. Com uma trama rápida e envolvente, Gayle Forman mais uma vez não me decepcionou; pelo contrário, aumentou minha admiração por seu talento e por suas obras.

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23 Respostas para "[Resenha] O Que Há De Estranho Em Mim – Gayle Forman"

Reniére Pimentel - 22, janeiro 2016 às (17:22)

Eu estou maluca para ler esse livro e saber que você gostou só me deixa ainda mais empolgada, Mi. A Gayle tem um talento absurdo em nos fazer refletir sobre os assuntos-tema das obras que produz e essa é a característica dela que me faz ansiar por cada nova publicação. Tomara que eu goste tanto assim!

Tamara - 22, janeiro 2016 às (17:44)

Aí Aione, li esse livro essa semana é assim como vc não me decepcionei com a escrita da autora! Fiquei revoltada assim como vc com os acontecimentos na instituição e com a negligência dos pais, que fingem que não enxergam a situação! E é mais angustiante ainda saber que essas meninas foram internadas por motivos tão horríveis né… Amei mto a leitura! E parabéns adoro o seu blog! ?

Vanessa Meiser - 22, janeiro 2016 às (20:19)

Oi Aione, tudo bem?

Também solicitei este livro à editora e estou ansiosa para que chegue logo, desde que li Eu Estive Aqui virei fã da narrativa da autora. Gostei da premissa deste e de saber que você gostou da leitura.

Beijo, Vanessa Meiser – Retrô Books
http://balaiodelivros.blogspot.com.br/

Déborah Duarte - 23, janeiro 2016 às (08:16)

Eu nunca li nada da Autora, até tenho um livro na lista dos que quero ler, mas quando vi essa capa eu fui um pouco preconceituosa, não gostei da capa e não me chamou atenção. Mas hoje que vim aqui resolvi dar uma lida na sua resenha, pois eu não sabia do que esse livro se tratava, e sinceramente comecei a gostar do que o livro fala, e é um dos assuntos que mais gosto de ler, pode ter certeza que agora vou por esse livro em minha lista para ler. Obrigada Aione. Bela resenha, Beiijos

Larissa Oliveira - 23, janeiro 2016 às (10:37)

Olá, Aione! O livro tem uma premissa mto interessante e que me deixou curiosa. Gosto de histórias que possuem uma carga psicológica forte e que têm a capacidade de despertar inúmeras reações emocionais no leitor. Sua resenha mostrou que a obra se encaixa perfeitamente nesses aspectos. Qdo tiver a oportunidade, darei uma chance a essa leitura, com certeza.

Cailes Sales - 23, janeiro 2016 às (11:12)

Oi Aione! Já estava interessada em ler este livro devido a sinopse, agora com sua resenha, fiquei ainda mais curiosa. Gostei da premissa da história, do tema que ela vem a discutir, parece realmente muito bom!

Lara Cardoso - 23, janeiro 2016 às (13:31)

Já estava louca pra ler esse livro e agora sua resenha me deixou mais curiosa ainda! Já começo a imaginar a personagem, o cenário, tudo na minha cabeça rs Já li “Se eu ficar” mas gostei mais de “Eu estive aqui” pelo assunto abordado, achei profundo mas tratado com simplicidade.

rayane colomes - 23, janeiro 2016 às (15:42)

ai acho este tipo de livro mto angustiante entao nao faz mto o meu genero. mas todo mundo anda falando mto bem dele. e dizendo que arrasa… entao acho que deve ser mto bom..

Micheli Pegoraro - 24, janeiro 2016 às (10:44)

Olá Aione,
Já li 2 livros da Gayle Formam, “Se Eu Ficar” e “Para onde ela foi” e me apaixonei pela escrita da autora, virei fã! Quero muito ler os outros livros dela e, quando vi o lançamento desse livro, claro que ele não poderia ficar de fora da minha wishlist. Adoro livros que tratam de temas bem reais e a Gayle cria histórias com tramas de uma forma muito envolvente e intensa. Sua resenha me deixou ainda mais interessada em ler mais um livro da autora o quanto antes.
Beijos

Ana I. J. Mercury - 24, janeiro 2016 às (10:55)

Que linda sua resenha, eu amei me deixou com muita vontade de ler o livro, apesar de eu ter um certo pé atrás com a Gayle, que na verdade, só li Se eu ficar dela, mas me decepcionei tanto, mas tantooooo com ele, que não consegui ler mais nada dela, até comecei o Eu estive aqui, mas parei no capítulo 2, rsrs.
No entanto, sua resenha explicou bem os aspectos tratados do livro e amo livros mais sensíveis assim, e que mostram a realidade, seja ela qual for, denunciando até.
Vou tentar ler ele, e logo! A capa também é muito bonita, e da um ar de angústia mesmo.
bjooos

Aciclea Vieira - 24, janeiro 2016 às (11:46)

Aione,a premissa desse livro parece bem interessante. O modo de terapia dessa clínica são bem estranhos,não? Realmente me parecem bem cruéis e desumanos,angustiantes e de revoltar.Que bom que a leitura foi rápida e fluida,envolvente e intensa.Mil beijinhos!!!

Amanda Ferreira - 24, janeiro 2016 às (22:56)

Já tinha visto que a editora Arqueiro iria publicar mais um livro da Gayle em vários blogs literários, até agora só tinha lido a sinopse do livro e você foi muito rápida em publicar a resenha 😉
Gostei da história da adolescente e sua vida complicada, achei bem interessante o fato de o pai dela tê-la internado em reformatório e fiquei me perguntando por quais motivos ele fez isso? Será que ela aprontava tanto assim? Achei a história bem intrigante, irei colocá-lo na minha lista de leituras 🙂

Leticia Golz - 25, janeiro 2016 às (09:42)

Oi, Aione!
Acredito que essa é a obra da autora que mais despertou minha curiosidade até hoje. Deve ser angustiante ver como a instituição, ao invés de ajudar, só piora o estado das pessoas. Acho que se pararmos para pensar isso acontece realmente.
Gostei de saber que a autora trabalhou muito bem a trama e as angustias da personagem. Está na minha lista já!

Cristiane Oliveira - 26, janeiro 2016 às (11:56)

Oi Aione. Nossa, esta história parece ser muito intensa e forte! Adorei a resenha, eu ainda não tinha dado atenção ao lançamento deste livro, mas fiquei muito curiosa.
Beijos

Dan Igor - 26, janeiro 2016 às (20:29)

Estou louco para ler esse livro, trata de um tema bem polêmico, histórias intensa e envolventes me atraem muito, e essa leitura parece proporcionar muito drama e uma escrita incrível. Ansioso para poder ter essa experiência, adorei sua resenha.

Jéssica Fernanda - 27, janeiro 2016 às (22:47)

Nossa! Eu tô chocada, esse livro já está nos meus desejados, mas sua resenha cimentou isso. Odeio essa injustiças e tô até vendo como vou me sentir ao lê-lo. A Gayle deve ter feito desse livro algo unico

Kayna Barra - 28, janeiro 2016 às (03:26)

Preciso começa a ler os livros dessa escritora e eu vou querer começa por esse que me atraiu muito não só pela capa como pela sua resenha que me deixou com muita vontade.^^
Bjss

Fe Fernanda - 29, janeiro 2016 às (10:14)

Amo essa autora

suzana cariri - 29, janeiro 2016 às (11:26)

Oi!
Vi esse livro no lançamento mas não me interessei muito pela historia agora lendo a resenha achei interessante o livro parece ser mesmo uma leitura bem angustiante na qual você torce pelas quatro meninas conseguir um final feliz !!

Maria Alves - 30, janeiro 2016 às (20:35)

Li um livro e sua sequencia da autora e não gostei, preciso ler outro para tirar a má impressão ou continuar com ela rs. Este parece ser uma leitura profunda, onde envolve muitos sentimentos e falha dos pais, deve ser muito triste e angustiante o que se passa nessa clínica.

rudynalva - 31, janeiro 2016 às (00:33)

Aione!
Fiz vários estágios em instituições do tipo na época da faculdade e foi justamente pela indignação que senti ao ver as coisas esdrúxulas que encontrei por lá que não segui esa linha de atendimento na psicologia.
Gostaria muito de ler o livro e gosto demais da autora.
“A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos.” (Platão)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

Fabi - 04, fevereiro 2016 às (19:04)

Olá, Aione.

Eu adorei sua resenha. Estou ansiosa por essa leitura. Eu gosto da Gayle, mas o livro que menos gostei foi Apenas Um Dia. E essa capa, por mais que seja parecida com a história, me incomoda um pouco. Mas, independente disso, a Gayle tem uma forma incrível de envolver o leitor. Parabéns pela resenha.

Marianne Alencar - 24, novembro 2016 às (22:05)

Me sinto na obrigação de ler esse livro! Uma história realmente intrigante, com temas que eu estava querendo entender um pouco mais… Irei ler o livro com certeza! Ótimo blog, fez-me apaixonar por um livro sem nem mesmo ter conhecê-lo.

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