Título: O Rouxinol
Autor: Kristin Hannah
Editora: Arqueiro
Número de Páginas: 432
Data de Publicação: 2015
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No pequeno vilarejo de Carriveau, Vianne Mauriac se despede do marido, que ruma para o fronte. Ela não acredita que os nazistas invadirão o país, mas logo chegam hordas de soldados em marcha, caravanas de caminhões e tanques, aviões que escurecem os céus e despejam bombas sobre inocentes. Quando o país é tomado, um oficial das tropas de Hitler requisita a casa de Vianne, e ela e a filha são forçadas a conviver com o inimigo ou perder tudo. De repente, todos os seus movimentos passam a ser vigiados e Vianne é obrigada a fazer escolhas impossíveis, uma após a outra, e colaborar com os invasores para manter sua família viva. Isabelle, irmã de Vianne, é uma garota contestadora que leva a vida com o furor e a paixão típicos da juventude. Enquanto milhares de parisienses fogem dos terrores da guerra, ela se apaixona por um guerrilheiro e decide se juntar à Resistência, arriscando a vida para salvar os outros e libertar seu país.
Ao iniciar a leitura de algum livro de Kristin Hannah, é bom estar preparado para intensas emoções: suas obras são carregadas de sentimentos, conflitos, tragédias, redenções e, sobretudo, amor. E com O Rouxinol não foi diferente – mais um de seus trabalhos a me levar às lágrimas e a figurar em minha lista de favoritos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, conhecemos, na França, a vida de Vianne e Isabelle Rossignol, duas irmãs bastante diferentes uma da outra e marcadas por seus próprios traumas, enfrentando, cada uma a seu modo, as dificuldades surgidas durante o conflito. Enquanto Vianne, cautelosa, vê-se obrigada a hospedar um soldado nazista em sua casa após a partida do marido para o combate, Isabelle, impetuosa, passa a fazer parte de um grupo revolucionário que trabalha às escondidas, auxiliando de qualquer forma necessária os mais necessitados e perseguidos pelo governo de Hitler.
“Se há uma coisa que aprendi nesta minha longa vida foi o seguinte: no amor, nós descobrimos quem desejamos ser; na guerra, descobrimos quem somos.”
página 7
Os capítulos, em sua quase totalidade, são narrados em terceira pessoa, com pontos de vista que se alternam entre as irmãs. Alguns poucos capítulos são narrados em primeira pessoa no tempo presente da trama (o ano de 1995), por uma personagem identificada apenas ao final da obra. Dessa maneira, não apenas os próprios fatos do enredo cativam o leitor e o instigam a querer saber como a história terminará, quanto a própria narrativa presente intensifica essa curiosidade e traz consigo, também, uma nova carga de emoção, visto que narrativas em primeira pessoa costumam ter essa característica justamente por revelarem diretamente os sentimentos e pensamentos do narrador-personagem.
Embora predomine a narrativa em terceira pessoa e, portanto, haja certo distanciamento entre as emoções das personagens e o leitor, a escrita de Kristin Hannah não se faz menos intensa e nem a obra se torna menos comovente. Pelo contrário, O Rouxinol é um dos livros mais angustiantes da autora, principalmente pelo período que o contextualiza. Hannah foi extremamente detalhista sobre os horrores da guerra, tanto no que diz respeito aos fatos históricos – alguns mesclados à ficção e ao romance por ela criados – quanto às mudanças enfrentadas pelas personagens. Aqui, a história abrange desde os primeiros meses do conflito até o seu final, e é possível, assim, acompanhar cada dificuldade, cada obstáculo, exacerbado conforme o avançar da guerra. Foi extremamente aflitivo ler sobre os sofrimentos de um dos períodos mais trágicos da nossa história, principalmente por saber a realidade por trás deles, e impossível não me perguntar como o ser humano é capaz de ser tão cruel, como sequer podem continuar existindo conflitos semelhantes, ainda que em menor escala, e como as pessoas podem se tornar tão cegas frente a algumas crenças, capazes de eliminar o mínimo de compaixão para com o outro.
“Não sei mais qual é a coisa certa a fazer. Quero proteger e manter Sophie segura, mas de que adianta a segurança para crescer em um mundo onde as pessoas desaparecem sem deixar vestígios por rezarem a um Deus diferente?”
página 253
E mais do que sobre os detalhes da guerra e informações históricas sobre esse período, adorei a forma de como Kristin Hannah trabalhou suas personagens. Ainda que ambas ajam de maneiras praticamente opostas, não há como julgar uma em detrimento da outra porque as atitudes das duas são completamente compreensíveis, considerando-se as extremas dificuldades a que foram submetidas. De certa forma, me senti mais próxima de Vianne justamente por ter sido mais capaz de me imaginar em sua situação, mais semelhantes a uma realidade que consigo supor, já que Isabelle passa por condições que sequer consigo me imaginar vivendo. Ainda, a autora deu voz a duas heroínas da guerra que representam as milhares de mulheres que sobreviveram ao período e resistiram, a suas maneiras, aos horrores a elas impostos, e que nem sempre são devidamente lembradas, suprimidas pelos heróis condecorados que lutaram as batalhas – e merecem todo o reconhecimento por isso, vale dizer.
O Rouxinol, assim, se faz uma obra sensível e complexa por assim serem seus personagens, e extremamente emocionante por todos os acontecimentos nela retratados. Foi impossível não me sensibilizar com a leitura, não sentir um aperto no peito e um nó na garganta nos momentos mais trágicos, ao mesmo tempo em que também foi impossível não me encantar pela beleza de cada luta e pela predominância do amor em suas mais diversas formas. Recomendo a todos, sem dúvida alguma!
Oi Mi,
Assim que vi o lançamento desse livro já adicionei aos meus desejados do skoob. Você me apresentou as leituras da autora por causa de suas resenhas lindas e desde então, sou viciada nela; viciei até minha cunhada de tanto que gostei e agora somos duas loucas por Kristin Hannah na família! Sua resenha é belíssima, e só me fez querer ainda mais esse livro.Conhecendo a escrita tocante da autora já irei providenciar os lencinhos para as lágrimas que certamente serão inevitáveis.
Beijos