Título: Feliz Ano Velho
Autor: Marcelo Rubens Paiva
Editora: Alfaguara
Número de Páginas: 272
Ano de Publicação: 2015
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Feliz ano velho é o primeiro livro de Marcelo Rubens Paiva. Aos vinte anos, ele sobe em uma pedra e mergulha numa lagoa imitando o Tio Patinhas. A lagoa é rasa, ele esmigalha uma vértebra e perde os movimentos do corpo. Escrito com sentido de urgência, o livro relata as mudanças irreversíveis na vida do garoto a partir do acidente. Ele é transferido de um hospital a outro, enfrenta médicos reticentes, luta para conquistar pequenas reações do corpo. Aos poucos, se dá conta de sua nova realidade, irreversível. E entende que é preciso lutar. O texto expressa a irreverência e a determinação da juventude, mesmo na adversidade, e a compreensão precoce “de que o futuro é uma quantidade infinita de incertezas.
Marcelo Rubens Paiva é escritor, dramaturgo e jornalista. Feliz Ano velho foi o seu primeiro livro, publicado em 1982 e um sucesso de vendas na época. O romance é autobiográfico e retrata a vida de um garoto de vinte anos que cursa engenharia agrícola na Unicamp. No auge de sua juventude e com muitas namoradas, tudo parece correr bem, até que Marcelo, ao subir numa pedra e dar um mergulho numa lagoa, perde os movimentos do corpo. É a partir daí que o autor nos conta sua trajetória de vida permeada pela tragédia ocorrida, mas também pelas nuances de uma vida repleta de situações interessantes.
“Qualquer pessoa que está dentro de um profundo sofrimento, à beira da morte ou sei lá o quê, fica mística. Nessas horas, a gente apela pra tudo. Não que eu tenha me convertido à religião católica, mas estava acreditando nas simpatias, nas abobrinhas populares.”
página 46
A narrativa em primeira pessoa é bastante clara e direta, permitindo ao leitor um rápido envolvimento com a trama e uma clara compreensão acerca dos eventos ocorridos.
A história não se detém apenas ao aspecto decorrente do acidente ocorrido com o personagem – apesar desse ser, sim, o principal -, mas também, aborda todas as lembranças e reflexões que são levantadas por ele durante este período tão difícil. Aprender a lidar com as dificuldades, com as mudanças e com a rotina hospitalar o fez revisitar memórias vividas, livros lidos, músicas, amigos queridos e dias felizes e agradáveis de juventude, ao mesmo tempo em que recorda de momentos tristes, como quando seu pai Rubens Paiva desapareceu após ser preso político durante a ditadura militar.
“Rubens Paiva não foi o único “desaparecido”. Há centenas de famílias na mesma situação: filhos que não sabem se são órfãos, mulheres que não sabem se são viúvas. Provavelmente, o homem que me ensinou a nadar está enterrado como indigente em algum cemitério do Rio. O que posso fazer? A justiça neste país é uma palavra sem muita importância.”
página 77
Desse modo, a obra perpassa vários setores da vida do personagem, seu perfil de leitor, seu modo bem humorado de lidar com as pessoas e com as situações, sua proximidade com os familiares e seus relacionamentos amorosos. Assim, a história tem um teor muito realista, e o leitor tanto poderá discordar dos posicionamentos e atitudes do personagem quanto concordar – como disse, é algo real e nos direciona a pensar em nossos próprios valores e questionamentos. É um bom livro para quem procura uma leitura que retrate com fidelidade a realidade de alguém que viu sua vida se transformar do dia para a noite e que trata da superação de um modo simples e sem floreios.
Oi, Clivia
Sempre quis ler este livro. Acho que pelo jeito ele merece os elogios que tem.
Além da premissa interessante, o autor parece ter trabalhado bem com uma situação real e as atitudes do personagem. Costumo sempre tirar algo desses livros, é uma ótima dica para isso Clivia. Gostei do último quote que você escolheu.
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