Título: Ligações
Autor: Rainbow Rowell
Editora: Novo Século
Número de Páginas: 304
Data de Publicação: 2015
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GEORGIE MCCOOL sabe que seu casamento está estagnado. Tem sido assim por um bom tempo. Ela ainda ama seu marido, Neal, e ele também a ama, profundamente – mas o relacionamento entre eles parece estar em segundo plano a essa altura.
Talvez sempre esteve em segundo plano.
Dois dias antes da tão planejada viagem para passar o Natal com a família do marido em Omaha, Georgie diz a ele que não poderá ir, por conta de uma proposta de trabalho irrecusável. Ela sabia que ele ficaria chateado – Neal está sempre um pouco chateado com Georgie –, mas não a ponto de fazer as malas e viajar sozinho com as crianças.
Então, quando Neal e as filhas partem para o aeroporto, ela começa a se perguntar se finalmente conseguiu. Se finalmente arruinou tudo.
Mas Georgie estava prestes a descobrir algo inacreditável: uma maneira de se comunicar com Neal no passado. Não se trata de uma viagem no tempo, não exatamente, mas ela sente como se isso fosse uma oportunidade única para consertar o seu casamento – antes mesmo de acontecer…
Será que é isso mesmo o que ela deve fazer?
Ou ambos estariam melhor se o seu casamento jamais tivesse acontecido?
Conheci Rainbow Rowell por acaso. Pesquisando por chick-lits ainda não lançados no Brasil para minha coluna no Livros & Fuxicos, me deparei com Ligações e fiquei instantaneamente atraída por sua sinopse. Na época, Eleanor & Park, também da autora, já havia sido publicado pela editora Novo Século, mas eu não havia feito a associação entre as obras até começar a receber comentários totalmente entusiasmados sobre Rowell. Desde então, passei a ansiar por essa leitura e, tendo ganhado o livro de presente esse mês, comecei a lê-lo praticamente após tê-lo recebido.
Aqui, temos a história de Georgie McCool, roteirista de séries televisivas casada há mais de 15 anos com Neal, seu namorado da época da faculdade. Workaholic e ambiciosa, foi ela quem sempre se comprometeu com o trabalho fora de casa, enquanto seu marido assumiu a função de “dono de casa” e pai integral para que ela pudesse seguir com sua carreira. Agora, em meio a um casamento que enfrenta problemas, Georgie recebe a proposta de seus sonhos. Mas, para isso, precisa abdicar de sua viagem com a família em pleno Natal, vendo-se, então, sozinha. Até que, ao ligar para o marido, ela nota que algo de muito estranho está acontecendo: ela parece estar comunicando com o Neal do passado.
Confesso que demorei um pouco para realmente me maravilhar com a leitura. Senti que, de alguma forma, estive um pouco distante das personagens e da história como um todo por conta da escrita da própria autora. Embora a narrativa seja em terceira pessoa e através da visão de Georgie, não acredito que tenha sido esse o motivo para meu distanciamento. Algo na escrita em si de Rowell me causou um estranhamento que, até agora, não fui capaz de identificar muito bem.
Entretanto, mesmo que um pouco distante, foi impossível não me sentir atraída pelo mistério da trama – estaria Georgie, de fato, se comunicando com o passado? Qual o motivo para isso? Teria ela que modificar algum acontecimento de sua própria vida? – Foram muitas as perguntas nesse sentido, até que, finalmente, consegui compreender a situação antes dela ser revelada, algo que minimizou um pouco o quesito “surpreendente” da obra. Ainda assim, não acredito que seja esse o motivo que faz dela tão especial e incrível em minha visão.
Em primeiro lugar, amei como a autora foi capaz de inserir tantos elementos que quebram tabus, preconceitos e convenções muitas vezes impostas socialmente de forma tão simples. Neal é quem abdicou de sua carreira pela família, não Georgie – como seria mais esperado, já que, infelizmente, essa tarefa ainda é imposta às mulheres na maioria das vezes. A mãe de Georgie é uma mulher já bem mais velha, mas segura de sua sensualidade – uma característica comumente desassociada das mulheres ao passar dos anos – e casada com um homem muitos anos mais novo. Ainda, é comum que os personagens façam comentários chamando a atenção para possíveis sexismos, evitando tal postura.
Depois, foi impossível não me apaixonar pelas personagens e pela história vivida por elas. Georgie, mesmo muito focada em sua carreira, é completamente apegada a sua família, sendo incapaz de se imaginar sem o marido e as filhas, e Rainbow Rowell criou uma atmosfera familiar como ninguém. Senti todo o carinho da protagonista por suas meninas, toda sua preocupação e amor com elas. Ao mesmo tempo, me encantei pela história de Georgie e Neal, sobretudo pelo próprio Neal. Ainda que suas personalidades possam ser, por vezes, opostas, há um amor imenso entre eles e é justamente essa a força da história. Por amar Georgie, Neal tomou todas as atitudes que um marido e um pai devem tomar, e se tornou uma das minhas figuras masculinas queridinhas da literatura. Georgie, por sua vez, ainda que passe por um processo de amadurecimento no enredo – o que indica nem sempre tomar todas as atitudes ideais -, é completamente consciente de suas próprias características, as vezes ingratas, e do marido maravilhoso que tem ao seu lado. Ainda, é emocionante vê-la tão preocupada em salvar o próprio casamento.
Em linhas gerais, foi o amor presente em Ligações quem principalmente me conquistou e fez com que eu terminasse a leitura emocionada, colocando a obra em minha lista de favoritos. Com uma escrita leve e, por vezes, divertida, Rowell foi capaz de criar um livro sensível e completamente apaixonante.
Que resenha maravilhoda. Eu li Eleonor & Park mas não me senti tão apaixonada pelo livro como vi muitas pessoas ficarem. Gostei da sinopse desse, vou colocar na minha listinha ><