Sobre o Livro
Título: Austenlândia
Autor: Shannon Hale
Editora: Record
Número de Páginas: 240
Ano de Publicação: 2014
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Um chick-lit que gira completamente ao redor de Jane Austen e suas obras? Essa ideia foi mais do que suficiente para atrair minha atenção para Austenlândia, cujo enredo envolve uma protagonista traumatizada pelos maus relacionamentos tidos ao longo de sua vida e completamente obcecada pelo Sr. Darcy, responsável por ofuscar quaisquer figuras masculinas com quem ela tem contato. Após receber, de herança, uma viagem para a Austenlândia, um misterioso lugar na Inglaterra onde as pessoas devem se portar como no século XIX, Jane tem a chance de viver seu sonhado romance.
Em terceira pessoa, o enredo se desenvolve de maneira leve e divertida, sem grandes arroubos de comicidade. Ainda, ao início de cada capítulo, somos apresentados a cada um dos homens com quem Jane se relacionou ao longo da vida, tendo um breve resumo de como os conheceu, conviveu com eles e de como tudo terminou.
O que certamente mais me encantou no enredo foi a mistura de passado e presente que Jane vivencia após viajar para a Austenlândia. Assim, Jane precisa se deixar envolver pelo ambiente, adotando as roupas e os costumes lidos nos romances de Austen e abandonando qualquer ligação com o mundo “real” e atual.
“Sem esperança, era impossível conseguir fantasiar. Esse era seu problema, decidiu Jane: ela sempre arrastava um excesso de esperança atrás de si. Se fosse mais pessimista, não teria que lutar com esses caprichos impossíveis e não estaria aqui agora, abandonada e sentindo-se patética na Inglaterra de faz de conta.”
página 80
É interessante acompanhar os conflitos internos vivencidados pela protagonista: seu medo em se render à fantasia, principalmente por seu maior desejo ser, justamente, o de se livrar da obsessão que sente pelo Sr. Darcy; o desejo de poder experimentar, de verdade, essa experiência única a qual teve a oportunidade de viver; e, principalmente, a vontade de descobrir seus reais desejos, sem afastá-los de si pelo medo de sofrer novamente.
“Será que a própria Austen se sentia assim? Será que sentia esperanças? Jane se perguntou se a escritora solteira havia morado na Austenlândia e se tinha a sensibilidade parecida à de Jane: satisfeita, horrorizada, mas em verdadeiro perigo de se deixar levar.”
página 151
Também, é curioso pensar, depois do encantamento inicial oferecido pela Austenlândia, no quanto a ideia do local pode ser bizarra, levando-se em consideração que atores são pagos exatamente para oferecer às mulheres a sensação que procuram ao se hospedarem lá – ainda que essa possa ser a chance de Jane ter seu sonhado romance com um Sr. Darcy.
Em termos gerais, Austenlândia foi uma leitura leve, divertida e extremamente rápida, ideal para um momento de distração e relaxamento. Mais do que em um romance em si – que acabou sendo bastante satisfatório também -, a história foca no auto-conhecimento de uma mulher, sem se aprofundar em nenhuma questão, cumprindo muito bem com sua função de entretenimento. Aos fãs de Jane Austen e chick-lits, uma leitura muito mais do que recomendada.
Sobre o Filme
Desde o início, o filme, que tem como um dos produtores Stephenie Meyer, demonstrou que algumas mudanças significativas aconteceriam no enredo.
A começar, a protagonista não ganha a viagem como uma herança de sua tia avó e vai até a Austenlândia resistindo à ideia. No filme, temos Jane gastando suas economias e indo ao local extremamente ansiosa pela experiência. Tal modificação, para mim, descaracterizou parte da história, considerando que, no original, Jane vive o conflito de ceder ou não à fantasia da Austenlândia, enquanto, no filme, ela vai até lá disposta a isso e só passa a questionar se deve ou não se render quando já está lá.
Outra mudança significativa no enredo foi a constante menção das atividades que seriam realizadas pelos clientes da Austenlândia bem como a discrepância entre cada tipo de pacote adquirido – dos mais luxuosos aos mais simples – através de um sistema de som, lembrando, a todo momento, que aquele é um local comercial, enquanto, no livro, é feito de tudo para que os hóspedes realmente se imaginem em meio à Inglaterra de Austen e se esqueçam do motivo e das condições para estarem ali.
Ainda sobre os pontos que me desagradaram estão a descaraterização de alguns personagens. Enquanto Jane (Keri Russell), Miss Elizabeth Charming (Jennifer Coolidge), Mr. Nobley (JJ Feild) e Martin (Bret McKenzie), principalmente, foram interpretados de forma bastante fiel ao descrito por Shannon Hale sobre suas personalidades, achei que os demais – ao menos no hall dos protagonistas – foram, de certa forma, descaracterizados por um excesso de comicidade. O livro é divertido, mas de uma maneira contida, enquanto o filme tem como finalidade ser engraçado. A personagem mais discrepante, em minha opinião, foi Lady Amelia Heartwright (Georgia King): enquanto no livro a personagem esbanja graça, elegância e demonstra reprimir seus sentimentos, a Lady Amelia do filme é exagerada em suas atitudes e gestos.
Essas foram as alterações mais significativas em minha opinião. Outras, em menor escala, também aconteceram, mas são justificáveis para uma adaptação, sem necessariamente alterarem a essência do enredo. Também, sendo justa, muitas cenas foram reproduzidas fielmente às da obra original, garantindo, inclusive, que diálogos inteiros tenham sido mantidos como no escrito pela autora.
De modo geral, Austenland configura em uma comédia romântica divertida para um entretenimento, mas que deixa a desejar tanto como adaptação quanto como filme, livre de comparações.
Assista ao Trailer!
Já tinha lido a sinopse de Austenlândia e achei bem interessante; contudo não sei se me levaria a compra-lo. Já em relação ao filme ( que assisti), achei muito lindo toda a cenografia, mas com alguns exageros em certos pontos. Como não li o livro não tenho como compara-los. A resenha ficou maravilhosa, bjs.