Sobre o Livro
Título: E Se Fosse Verdade…
Autor: Marc Levy
Editora: Suma de Letras
Número de Páginas: 232
Ano de Publicação: 2013
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Meu primeiro contato com a escrita de Marc Levy se deu através da leitura de Tudo aquilo que nunca foi dito, um livro que figura entre os meus favoritos – foi impossível não me encantar pela trama e, principalmente, por sua narrativa intensa, sensível e extremamente fluída. Quando descobri E se fosse verdade…, foi dupla minha vontade de lê-lo, tanto por entrar em contato com mais uma obra do autor quanto por conhecer a história que originou o filme homônimo e que tanto me agradou, estrelado por Reese Witherspoon e Mark Ruffalo.
Em seu livro de estreia, Marc Levy traz a história de Lauren, médica residente que, após sofrer um grave acidente de carro, entra em coma profundo. Seis meses depois, seu apartamento é alugado pelo arquiteto Arthur, e grande é a surpresa de ambos quando ele descobre a alma de Lauren em seu armário: ele, por jamais esperar aquela situação; ela, por ser a primeira vez, desde o acidente, em que alguém é capaz de vê-la, ouvi-la e senti-la.
“- Não existo mais. Posso vê-las, mas isso não me faz nada bem. Talvez o Purgatório seja assim, uma solidão eterna.”
página 71
A originalidade da trama é indiscutível, e Marc Levy tem um jeito único de contá-la. Em minha leitura, pude separar o enredo em três momentos: no primeiro, há um ar leve e divertido permeando os acontecimentos, enquanto Arthur e Lauren tentam se acostumar à nova situação e começam a conhecer um ao outro. Nessa parte, por mais envolvida que eu estivesse, sentia falta da escrita que me arrebatou anteriormente. Depois, na segunda parte, tanto há um aprofundamento nas emoções das personagens quanto há uma importância maior na exploração de Arthur e seu passado, principalmente relacionado à ligação com sua mãe, falecida há muitos anos. Por fim, há uma intensificação no romance, que passa a ser o foco da trama, e pude ter, novamente, o gostinho da bela escrita do autor. De qualquer maneira, embora eu tenha feito tais divisões, elas não são exclusivas de cada parte, sendo possível notar todas as características ao longo de todo o enredo – elas apenas são mais intensificadas nos momentos citados.
A motivação do autor ao escrever E se fosse verdade… foi a de criar um romance que poderia ser lido por seu filho quando esse se tornasse um adulto, e não é difícil concordar que Levy foi feliz em sua intenção. A história, além de cativante, é recheada de belas e reflexivas mensagens, transmitidas ao leitor de forma leve, através de uma leitura gostosa e, ora divertida, ora emocionante, mas sempre envolvente. O autor fala da importância do presente, de valorizarmos as pequenas coisas do dia a dia, da passagem do tempo e do quanto ele pode ser desperdiçado quando indevidamente aproveitado. Fala de grandes amores – entre pais e filhos; entre amantes -, e do significado de verdadeiramente amar, muito mais voltado ao dar do que ao receber.
“Acho que a maior inconsciência do homem é com relação à própria vida. Você se conscientiza agora de tudo isso porque está em perigo de vida e tudo isso faz de você um ser único, alguém que precisa explicitamente de outra pessoa para viver, pois não tem mais escolha. Então, respondendo à pergunta que não para de fazer há dias, se eu não correr o risco, toda essa beleza, toda essa matéria viva estará definitivamente inacessível para você. E, para mim, conseguir te trazer de volta ao mundo me ajuda a dar um sentido à minha vida. Quantas vezes o futuro vai me possibilitar fazer algo essencial?”
páginas 116 e 117
Talvez, por ter sido o primeiro trabalho de Marc Levy, o livro não foi capaz de me arrebatar, como Tudo aquilo que nunca foi dito, mesmo que tenha sido uma leitura proveitosa e bastante apreciada. Foi uma ótima escolha para uma tarde preguiçosa entre cobertores, e indico a obra aos que buscam uma leitura leve e divertida, mas com belas passagens e mensagens, com um romance do tipo suspirante construído ao longo de suas páginas.
Sobre o Filme
Já perdi as contas de quantas vezes assisti a E se fosse verdade… ao longo dos anos, mas optei por reassistí-lo após ter terminado a leitura para poder relembrar de todas as semelhanças e, principalmente, diferenças entre o livro e o filme.
Logo nas primeiras cenas, somos apresentados à agitada rotina médica de Elizabeth (Lauren, no livro) e à iminência de seu acidente de carro. Depois, temos David (Arthur, no original) alugando um apartamento e tendo seu primeiro encontro com Elizabeth, mas não há uma definição sobre seu estado: não sabemos se ela está viva ou morta, se ele está alucinando ou, de fato, vendo o espírito de uma mulher. Assim, fica evidente que o roteiro do filme é baseado na obra de Levy, mas também que a adaptação seguirá por rumos diferentes do original.
Parte da história é focada na tentativa de Elizabeth e David descobrirem informações sobre ela, uma vez que ela mesma não sabe o motivo para sua inusitada situação. Ao mesmo tempo, aos poucos vamos conhecendo mais também sobre David, e vemos ser desenvolvido o relacionamento entre eles.
Embora o filme tenha caminhado por caminhos bastante diferentes do livro, tanto é possível reconhecer os momentos nos quais muitas das cenas foram inspiradas quanto as mensagens transmitidas são as mesmas nas duas mídias: a importância do presente, a valorização das pequenas coisas do dia a dia, a passagem do tempo e o quanto ele pode ser desperdiçado quando indevidamente aproveitado.
No resumo, acredito que o filme tenha se inspirado no livro e, a partir daí, tomou seus próprios rumos, independentemente deles existirem ou não no original. Mesmo com muitas diferenças, a adaptação é uma excelente opção de entretenimento, mesclando a comédia com o romance e trazendo momentos bastante sensíveis. É importante dizer que, para se aproveitar ao máximo tanto o livro quanto o filme, é necessário se despir de expectativas quanto a um ou outro: se você primeiro viu o filme, como eu, não espere encontrar as mesmas cenas no livro – a obra de Levy proporciona uma ótima leitura, mas pode decepcionar se a expectativa quanto a ela for a da história entre David e Elizabeth. No livro, temos o romance entre Arthur e Lauren e a história deles merece ser lida como, de fato, deles, não como a história da adaptação. E a advertência é igualmente válida para quem primeiro leu e depois buscou o filme – as histórias são, novamente, diferentes, mesmo que uma tenha sido inspirada na outra. Quanto a mim, adorei tanto um quanto o outro e em nada me decepcionei.
Assista ao Trailer!
Já assisti esse filme inúmeras vezes e confesso não sabia que ele tinha um livro, o romance dele é bem leve o que é interessante no meu ponto de vista, sem falar na simplicidade do decorrer da narrativa, sem dúvidas, agora fiquei na vontade de ler, se o filme já achei bom, imagina só o livro?