Título: Put Some Farofa
Autor: Gregório Duvivier
Editora: Companhia das Letras
Número de Páginas: 208
Ano de Publicação: 2014
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“Dont repair the mess. The house is yours. I make question. Pardon anything. Go with god. Come back always.” Publicada em Julho de 2014, a crônica que dá título a este volume, que cria uma conversa imaginária de um brasileiro com um gringo visitando o Brasil durante a copa, rapidamente se tornou um viral de internet, até ser comentada em artigo do Washington Post. Trata-se de uma amostra da verve humorística embebida de zeitgeist, crítica ferina e muito afeto de Gregorio Duvivier, um dos autores mais promissores do Brasil na atualidade. Reunindo o melhor de sua produção ficcional, Put some farofa traz textos publicados na Folha de S.Paulo e esquetes escritos para o canal Porta dos Fundos, além de alguns inéditos. Se Gregorio traz o raro dom da multiplicidade, tendo se destacado no cenário cultural brasileiro ao mesmo tempo como ator, roteirista, comediante, cronista e poeta, também múltiplo é este volume, que transita entre ficções, memórias de infância, ensaios sobre artistas que o influenciaram, artigos panfletários, exercícios de linguagem e outras experimentações. Os textos vão da pauta que está sendo debatida naquele dia no jornal ao completo nonsense; do amor ao ódio, do íntimo ao universal. No conjunto, o que espanta no autor é o frescor, a coragem, a visão transformadora e, sobretudo, a capacidade inesgotável de se renovar a cada semana, contando sempre com a inteligência e a sensibilidade do leitor.
Conheci Gregório Duvivier primeiramente como o ator e roteirista do Porta dos Fundos, vlog de comédia no YouTube. Depois, tornou-se cada vez mais frequente que eu me deparasse com algum texto seu pela internet, algo que chamou cada vez mais minha atenção pela qualidade daquilo que eu lia. Assim, quando a editora Companhia das Letras anunciou a publicação de Put Some Farofa, livro que reúne crônicas de Duvivier e alguns roteiros de Porta dos Fundos por ele escritos, não tardei a solicitá-lo para resenha.
O livro se divide em três partes, cada uma composta por textos de assuntos diversos. Por todo o conteúdo, é possível encontrar desde crônicas carregadas de humor, algumas beirando o nonsense, até outras politizadas, críticas e reflexivas ou, então, sentimentais e emotivas.
“Assento: põe-se embaixo. Acento: põe-se em cima.
(…) Cumpridas: as leis não são. Compridas: as leis são.
(…) Discriminar: o que é feito com o usuário de drogas. Descriminar: o que deveria ser feito com ele.
(…) Golfinho: baleia extrovertida. Tubarão: golfinho sociopata.”
“Nuances”, páginas 100 e 101
Seja qual for a característica predominante de cada crônica, é visível o quanto cada uma dela é dotada de sensibilidade. Gregório demonstra plena noção do mundo ao seu redor e consegue transmitir em suas palavras suas impressões, opiniões e reflexões, independentemente se em forma de humor ou não. Também, consegui ter certa noção de como sua mente, rápida e criativa, funciona, visto que ele também consegue demonstrar isso ao leitor. De modo geral, foram muitas as passagens em que me peguei completamente admirada por sua habilidade e domínio com as palavras.
“O que entendi é que é melhor desistir de entender. O roteirista da vida é preguiçosíssimo. Personagens queridos somem do nada. Personagens chatíssimos duram pra sempre. Tem episódios inteiros de pura encheção de linguiça e, de repente, tudo o que deveria ter acontecido numa temporada inteira acontece num dia só. As coincidências não são críveis – e numerosas demais. A vida é inverossímil.”
“Spoilers”, página 197
Fazendo uso de uma linguagem ora coloquial, ora mais formal, cada forma de sua escrita tem um propósito definido e, independentemente de como se apresente, o estilo é único: o estilo Duvivier, extremamente fluido, sagaz, convidativo e capaz de entreter o leitor.
Put Some Farofa é um livro que pode ser lido aos poucos, sendo calmamente degustado, algumas crônicas por dia. Contudo, é quase impossível não se render à voracidade e devorá-lo inteiro em poucas horas – como acabei por fazer. E, ao terminar, passei longe de uma sensação indigesta; ao contrário, o sentimento foi o de estar plenamente satisfeita.
Confesso que já tinha visto esse livro e sinceramente não senti nenhuma vontade de lê-lo, pensei que fosse um livro de piadas ou coisa do tipo por ter um ator do Porta dos Fundos na capa!
Mas os trechos dele que você postou realmente são bem legais.. gosto de crônicas modernas e principalmente de brincadeira com palavras! Acho que mudei minha opinião em relação a ele rs
beijos =)