Considerado seu livro mais ambicioso pelo jornal inglês The Guardian e comparado a Silêncio dos Inocentes, de Thomas Harris, pelo The Times, Boneco de Neve é o seu livro mais arrepiante. No dia da primeira neve do ano, na fria cidade de Oslo, o inspetor Harry Hole se depara com um psicopata cruel, que cria suas próprias regras. O terror se espalha pela cidade, pois um boneco de neve no jardim pode ser um aviso de que haverá uma próxima vítima. No caso mais desafiador da sua carreira, Hole se envolve em uma trama complexa e mortal, com final surpreendente.
Boneco de Neve é o sétimo volume da série protagonizada pelo investigador Harry Hole, de Jo Nesbø, e quinto volume dela publicado no Brasil pela Editora Record. Foi meu primeiro contato com qualquer obra do autor e, em muitos momentos, foi capaz de me tirar o fôlego.
Com uma narrativa em terceira pessoa, por vezes crua e direta, mas muito bem estruturada para despertar as emoções certas durante a leitura, o enredo se desenvolve abordando, principalmente, a visão do protagonista Harry Hole. Contudo, outros pontos de vista são descritos e isso, em partes, foi causador de uma ligeira confusão de minha parte: a apresentação de diferentes situações e personagens acabou dificultando que eu memorizasse todas elas, e me vi retornando as páginas, em diversos instantes, para relembrar certos casos. Por outro lado, foi essa mesma ampla abrangência a responsável por tornar a leitura tão interessante, já que me vi tentando conectar as peças desse complexo quebra-cabeça.
Por não ter lido os volumes antecessores à Boneco de Neve, em alguns momentos senti uma maior dificuldade de compreender os fatos ligados à vida pessoal de Harry Hole. Entretanto, isso não afetou o acompanhamento do caso como um todo, podendo a leitura ser feita independentemente das demais para que haja um entendimento do enredo, até porque o foco se concentra na investigação, e não no aspecto particular da vida de Hole.
Algo que muito me impressionou foi a habilidade de Jo Nesbø em criar o suspense em suas cenas. Foram diversas as que me fizeram compartilhar do medo e da angústia das personagens, sem contar a fúria com que me vi lendo os capítulos finais. Interromper a leitura nesses momentos foi quase impossível, tanto pela adrenalina transmitida quanto pela curiosidade pelo desfecho.
Outro ponto positivo foi a imprevisibilidade dos acontecimentos para mim. O autor guiava o leitor para uma direção para, logo em seguida, modificar todo o panorama dos fatos. Foram necessárias muitas pistas serem dadas para que eu pudesse compreender a charada e ela, quando revelada, foi satisfatoriamente aceita, ilustrando muito bem todo o caprichoso trabalho feito pelo autor ao criar a história.
Boneco de Neve foi uma leitura interessante não apenas pela trama ser um prato cheio aos amantes do gênero, mas também por ter me possibilitado formular tantas hipóteses durante a leitura junto do protagonista. Um livro que merece destaque dentre os thrillerspoliciais, não apenas pelas emoções despertadas, mas, principalmente, pela engenhosidade de sua história.
Puxa, Aione, estava curiosa para ter algumas opiniões sobre o livro, mas só daquelas pessoas que me convencem com suas observações. É o seu caso, você sabe que sou fã.
Fico um pouco impaciente quando tenho que recuar numa leitura para compreender melhor, porque já leio devagar, saboreio cada trecho inteligente, e ainda ter que me atrasar ainda mais é um tanto chato, rsrs. Mas tudo compensa quando temos uma narrativa assim, cheia de tensão e angústia – e esse sentimento é fascinante, porque conseguir se colocar no lugar do personagem é a habilidade que considero mais fascinante para um autor. Assim ele me conquista. Detesto ficar distanciada da história.
Adorei! Quero ler. Mais uma vez você me traz algo consistente e sedutor.