O filme adaptado da obra de D.H. Lawrence lançado em 1981 tem como base os principais acontecimentos da história original; entretanto, em minha opinião, seu roteiro tomou um rumo próprio.
A começar que toda a história de Constance prévia ao seu casamento não é narrada e tal parte foi fundamental para que eu pudesse compreender a personagem durante a leitura. Ainda, muitos outros momentos da trama foram excluídos do enredo, inclusive aqueles que dão vida ao guarda caça Mellors, dando-lhe uma história e uma personalidade críveis. No filme, sua história foi abordada de maneira demasiadamente superficial, e sua personalidade não se faz tão marcante quanto no livro.
Não apenas pelas omissões, o filme se faz diferente por incluir cenas que não se fazem presentes no livro. Isso acarretou em uma mudança na personalidade dos personagens. A relação entre Constance e Clifford é de co-dependência tanto no livro quanto no filme. Entretanto, em determinado momento do livro, há uma ruptura nessa relação, já que se torna insustentável para Constance continuar emocionalmente ligada a alguém que ela despreza. Clifford, por sua vez, tem um realce em sua frágil condição, tendo uma infantilização da sua retratação. No filme, o poder de sua condição social é ressaltada e a própria Constance se mostra mais submissa a ele.
Por fim, embora haja um paralelo entre os relacionamentos e as condições sociais das personagens, a forte crítica do livro foi amenizada no filme, adaptado de maneira a ressaltar muito mais o lado romântico, ainda que sensual, da história. Além disso, por mais que eu tenha apreciado Sylvia Kristel no papel principal, senti que a personagem Constance foi minimizada na adaptação e que parte da significação de seu relacionamento extraconjugal com Mellors foi perdida, sendo transformada no filme em somente uma paixão surgida durante um casamento que se tornou infeliz. Não estou aqui subestimando o amor de ambos, mas no livro a significação de tudo para Constance é muito maior do que foi abordado no filme.
Sinceramente, eu não gostei, muito menos o considerando como uma adaptação. A história foi retratada de forma muito superficial e, em minha visão, não se fez fiel por isso. Mesmo como filme apenas, livre de comparações com a obra original, não teria acrescentado muito para mim. Não foi algo que me emocionou ou me tocou de alguma outra maneira, diferentemente do livro, que acarretou em diversas reflexões e considerações.
Sendo assim, indico o livro muito mais do que indico o filme. Esse, acredito, pode ser visto como um complemento ao livro, mas jamais em caráter de conhecer a obra de D.H. Lawrence. Vale ressaltar que há cenas de nudez e de relações sexuais explícitas, o que torna o filme impróprio para todas as idades.
Observação: Há outra adaptação do livro para o cinema intitulada somente “Lady Chatterley”, feita em 2006. Apenas soube sobre ela após ter assistido a de 1981. De qualquer maneira, ela me pareceu mais promissora e mais fiel ao livro, tanto pelos poucos comentários que li sobre ela em alguns sites, quanto pela própria nota dos dois filmes no
IMDB (6,9 para o filme de 2006 e 4,8 para o de 1981).
Nunca ouvi falar de nenhum dos dois. Acho que leria o livro, realmente a personagem parece forte e o conteúdo revolucionário para a época. Mas o filme, não gostei pela descrição. Não curto quando o filme muda personalidade dos personagens, inventa muitas coisas e tira outras mais importantes. Porque não fazer outra história então? rs
bjs