Desde que vi a resenha de
O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares no
Book-Addict fiquei curiosa pela leitura. Afinal, um livro envolvendo mistérios com uma história não usual e repleta de fotografias reais ao longo de suas páginas só poderia ser interessante.
O livro me ganhou nas primeiras páginas por conta do prólogo. Achei sua narrativa incrível e muito bem elaborada, a ponto de ficar impressionada e certa de que gostaria da leitura. Não me enganei, mas, ao mesmo tempo, não me senti arrebatada ao dar continuidade à história como havia me sentido logo no início.
“Eu tinha acabado de aceitar que minha vida seria apenas comum quando coisas extraordinárias começaram a acontecer comigo. A primeira delas foi um choque terrível e, assim como qualquer coisa que muda você para sempre, dividiu minha vida em duas partes. Antes e depois. Como muitas das coisas extraordinárias que viriam, ela envolveu meu avô, Abraham Portman.”
página 8
Acredito que o ponto alto do livro – além de sua narrativa – seja a sua originalidade. A história é recheada de mistérios desde o início, e sempre temperada com um ar sombrio, mesmo que de forma leve. Em nenhum momento cheguei a ficar amedrontada ou horrorizada com alguma descrição, mas sim curiosa. Há um comentário do aclamado diretor Tim Burton na contracapa do livro que, acredito, resuma muito bem essa atmosfera da história:
“Vocês têm certeza de que não fui eu quem escreveu esse livro? Parece algo que eu teria feito…”
Também, não posso deixar de citar a habilidade do autor em inserir, sutilmente, problemáticas da família de Jacob apenas com pequenos comentários feitos por/sobre seus pais. A narrativa em primeira pessoa permite que sejam relatadas, apenas, as impressões do garoto; contudo, por meio desses comentários, consegui visualizar os possíveis problemas que afetam o relacionamento de seus pais, principalmente ligados à profissão de seu pai e do papel de sua mãe como esposa e mãe. De qualquer forma, esses foram momentos pontuais do livro e que chamaram a minha atenção, não constituindo como foco da história ou momentos de grande importância no desenvolvimento como um todo. Acredito que eles foram importantes para ajudar a situar a vida de Jacob e de como ele se sente sobre ela.
Jacob, ao sair em busca por maiores informações sobre seu avô, acaba entrando em uma jornada sobre si mesmo e em diversos momentos do enredo me perguntei se os fatos relatados não eram simplesmente frutos da sua imaginação e de seu psicológico abalado pela morte do avô (não é spoiler). Acredito que essa seja uma vantagem da fantasia: ela tanto pode funcionar para a criação de um mundo novo como, também, para metáforas sobre o nosso quotidiano. Também, todo o mistério envolvendo a morte de seu avô é o grande impulsionador da leitura no início da história.
Não costumo falar sobre a diagramação dos livros nas minhas resenhas, mas, nesse caso, torna-se imprescindível comentar sobre ela. Achei interessantíssimo que o autor tenha se utilizado de diversas fotografias antigas para desenvolver a história, e a presença delas no livro só torna a leitura ainda mais curiosa.
Comentei que não me senti arrebatada ao longo da leitura, mas, até o momento, apenas a elogiei. Por mais contraditório que possa parecer, não consigo pensar em comentários negativos para fazer sobre o livro, apenas que ele não me envolveu tanto quanto supus ao iniciar sua leitura. Há ação em suas páginas, há suspense e, até mesmo, leves pitadas de romance. Entretanto, faltou algo para, de fato, conseguir me prender em suas páginas a ponto de eu não querer sair delas. Infelizmente, não consegui adentrar por completo no universo da Srta. Peregrine, o que não torna o livro menos interessante ou incapaz de conquistar a outros leitores, nem ao menos me torna incapaz de apreciá-lo. Sendo assim, indico-o a todos que procuram por uma leitura diferente e com uma ótima narrativa e que estejam dispostos a conhecer um universo, digamos, peculiar.
Vale lembrar que o livro pertence a uma série – sem quantidade de livros definidas, até onde eu saiba – e que sua continuação já foi anunciada pelo autor.
Que historia de arrepiar, adorei!