Atenção! A resenha pode conter spoilers dos outros dois volumes da série. Para ler as resenhas dos dois primeiros livros, clique aqui.
Título: O Diário de Milena Liebe – Os Filhos de Antéia
Autor: Denir P. M. Junior
Editora: Publicação Independete
Número de Páginas: 320
Ano de Publicação: 2012
Skoob: Adicione
Milena Liebe não conquistou apenas os Sekvens. Seu amor por todos foi tanto que chamou a atenção inclusive de seres extraterrestres, as quais deram à nova espécie originada do DNA-Sekven um planeta para ser povoado por eles: Antéia.Agora, já habituados com seu novo lar, os Sekvens decidem dar um novo passo: terem seus próprios filhos – os primeiros nascidos da espécie, e não originários da modificação do DNA, além de serem, também, os primeiros nascidos em Antéia.
Em O Diário de Milena Liebe – Os Filhos de Antéia foi nítida, para mim, a diferença com relação aos outros dois livros que o antecedem, ainda que haja uma grande harmonia entre os três, possibilitando a visualização de todos como partes de uma série.Nos dois primeiros volumes, o diário é a forma de como nos é contada a história de Milena e das pessoas que com ela convivem. Por mais que, como no caso do primeiro livro, o enredo seja linear em alguns momentos, é possível observar as transformações que a protagonista vivencia, além dos próprios rumos que sua vida toma.Já no terceiro livro, o diário não tem mais como função principal contar a vida dos Sekvens. Ele também apresenta esse papel, porém o principal é, ainda que indiretamente, funcionar como um registro da adaptação em Antéia e das evoluções sofridas pelos Sekvens ao longo do tempo. Afinal, essa é uma nova espécie em um novo planeta, então nada mais natural do que haver um registro do que lá ocorre, tanto para manter os dados armazenados quanto para que eles possam, futuramente, serem analisados. O diário deixa de contar simplesmente a história de Milena para contar a história dos Sekvens e a história de Antéia.Dessa forma, o livro acabou destoando dos outros no sentido de que foi alterado o estilo da história. Mesmo assim, algumas características presentes nos volumes anteriores foram mantidas, garantindo, deste modo, certa uniformidade entre os livros. A principal mensagem da história nos volumes anteriores é a da força do amor e essa permanece inalterada nesse último. Ademais, o diferente estilo de vida dos Sekvens continua sendo explorado, sendo que, aqui, fica claro o impacto de tal estilo na criação da nova geração de Antéia, a qual desconhece completamente o estilo de vida humano.Para que a leitura desse livro possa ser feita de maneira satisfatória, é imprescindível a noção de que os Sekvens são uma nova espécie, com uma cultura diferente da humana. Ainda que os primeiros Sekvens tenham nascido humanos, eles não mais o são e enxergar seus hábitos com os mesmos olhos com que é vista a cultura humana acarretará em uma não aceitação da vida em Antéia. Da mesma maneira que há diferentes culturas na Terra e são inúmeros os conflitos gerados por essas diferenças, pelos simples fato de não existir compreensão da cultura do outro, é necessário compreender que os Sekvens pensam e agem de maneira diferente dos humanos e, portanto, seus valores e costumes também são diferentes dos nossos.Algo que não faz parte da história, mas faz parte do livro, foi a incorporação de comentários do autor ao final de cada capítulo. Achei essa inovação ótima, porque é possível visualizarmos melhor o que passou pela cabeça de Denir, tanto sobre o ato da escrita em si quanto sobre sua opinião sobre algum tema em cada capítulo. O autor, da mesma maneira que traz curiosidades sobre o processo de escrita do livro, incita também a reflexão do leitor sobre os mais diversos assuntos. Tais comentários também foram inseridos nas novas edições dos dois primeiros volumes.Como fatores negativos, cito apenas alguns erros de revisão, que podem ser resumidos em erros de digitação e de pontuação, principalmente pelo uso de vírgulas. A sensação de artificialidade de alguns diálogos, sentida principalmente no primeiro livro, foi amenizada nesse volume. Acredito que não seja nem uma questão de ser ou não artificial, mas, novamente, uma diferença nos hábitos dos Sekvens. Eles são naturalmente mais carinhosos e amorosos e, por isso, não falam da mesma maneira com a qual estamos acostumados. Vale ressaltar que a versão que li não é a final: a história ainda sofrerá alguns acréscimos, mas isso é assunto para mais tarde.Do mesmo modo que é primordial ter a consciência de que os Sekvens formaram uma nova sociedade com uma cultura diferente da humana, independente se ocidental ou oriental, é essencial compreender que a principal função da obra de Denir não é da literatura em si, mas sim a de transmitir uma mensagem e uma reflexão por meio da escrita. Assim, se você deseja entrar em contato com algo diferente do habitual e está disposto a aceitar e enxergar a mensagem transmitida de modo a refletir sobre ela, não deixe de ler essa série.
Gostei da resenha, mas o livro não faz o meu tipo. Desanimei mais por saber que é série, dei uma bizoiada nas outras e continuo por não gostar do enredo. Beijos.
Rafa,
http://leiturasvivas.com