Com uma semana de atraso, mas o “Livros na Telona #5” finalmente saiu!
Espero que gostem!
Livros Na Telona é uma coluna na qual analiso filmes que foram baseados em livros!
Título: O Diabo Veste Prada
Autor: Lauren Weisberger
Editora: Objetiva
Número de Páginas: 410
Ano de Publicação: 2004
Skoob: Adicione
Compare e Compre: Buscapé
E ai são mais de 400 páginas de história, sendo 90% delas reclamações de Andrea e ordens absurdas de Miranda. Conforme prossegui na leitura, o tom sarcástico e irônico de Andy, que inicialmente me fizeram rir, passaram a me irritar. Pequeno desabafo: eu odeio pessoas que somente reclamam da vida e não fazem absolutamente nada para mudar. Fica a dica: sua vida só muda se você fizer algo, porque você é o único responsável por ela. E se for pra esperar que ela mude sozinha, melhor esperar sentado. Andrea faz isso o livro inteiro: reclama página após página sobre como trabalhar pra Miranda é um suplício e como ela não tem escolha nenhuma quanto a isso. A Miranda é mesmo terrível e acredito que eu jamais aguentaria essa pressão e as tarefas absurdas ordenadas por ela. Mas Andrea tem opção: ou pedir demissão ou aceitar que escolheu permanecer no emprego e encarar as consequências. Outro ponto que me desagradou é o tom arrogante que a personagem demonstra. Ela chama, em um momento, Harry Potter de “deplorável”. Acredito que nesse momento ela perdeu todo o meu respeito.
Tirando a personalidade e as atitudes de Andrea, achei o livro sem profundidade alguma. Todos os pontos que não tem a ver com o trabalho de Andy são citados superficialmente e praticamente não são explorados. Aqui fica uma análise: como o livro é narrado em primeira pessoa e a vida de Andrea passa a ser resumida em seu emprego, talvez tenha sido essa a intenção da autora, mostrar como Andy enxergava os outros acontecimentos ao redor de sua vida. De qualquer forma, senti falta de ver mais história e menos reclamações e tarefas absurdas, ainda mais com tantos pontos que poderiam ser melhor abordados. Um exemplo: a personagem Lilly, melhor amiga de Andy.
O final também me decepcionou: Lauren parece ter resolvido terminá-lo rápido e correu em colocar os acontecimentos, sem contar que não gostei especificamente de uma parte do final, que infelizmente não poderei contar.
Para ressaltar alguns pontos positivos, que existem:
- Algumas piadas e situação são realmente engraçadas;
- A história é baseada no momento da vida de Lauren em que ela trabalhou como assistente de Anna Wintour, editora da Vogue americana;
- O Alex, namorado há 3 anos de Andy, entrou pra minha lista de melhores namorados da ficção;
- Eu gosto de Miranda. Ela é uma megera? Sim. Ela parece uma máquina? Sim. Mas ela faz o que quer, quando quer e consegue que o mundo faça o que ela quer simplesmente porque ela quer. Resumindo: ela pode. Só senti falta de a autora não ter se aprofundado no lado humano de Miranda, caracterizando-a excessivamente como uma máquina sem sentimentos. Existem poucos momentos em que Lauren tenta mostrá-la como uma mulher infeliz, mas é tudo muito superficial;
- Há um momento do livro que eu pensei “Finalmente, um ponto interessante e que valeu a pena ser lido”. Em determinado momento, Andy lê a carta de uma garota fã da Runaway e faz uma reflexão sobre como milhares de garotas têm problemas com sua aparência e auto-estima e sonham ser como as mulheres que vêem na revista, amando a editora que nem ao menos sabe que essas garotas existem ou que sequer se importa com elas. Essa parte eu adorei. Adoro uma boa reflexão e essa certamente foi uma. Entretanto, foi novamente tratada com superficialidade e falta de aprofundamento, infelizmente.
Em poucas palavras: o livro me decepcionou. Para mim, a autora poderia ter escrito menos reclamações e exemplos de quão absurdo é o emprego de Andy (sério, tinha vontade de dizer: “ok, eu já entendi, podemos continuar a história?”) e se aprofundado mais nas personagens e na própria história. Ou, se quisesse escrever nesse estilo como escreveu, acho que 300 páginas teriam sido mais do que suficientes, isso se 300 também não forem muitas.
Costumo dizer que, em 90% dos casos, prefiro o livro ao filme. Esse é um dos casos que se enquadra nos 10% restantes.
Uma das coisas que normalmente me faz preferir o livro é a profundidade emocional que esse alcança em comparação a uma adaptação cinematográfica. Nesse exemplo, ocorreu o contrário.
O filme mostra o lado humano de Miranda, que tanto senti falta no livro, e conta com a diva Meryl Streep no papel, dando mais um show de atuação. Meryl soube captar a essência de Miranda, não precisando de falas para dizer o que quer ou pensa, exatamente como a personagem. Há momentos em que ela simplesmente olha e você sabe o que ela está dizendo.
Anne Hathaway outra diva que amo é ótima como Andrea. Eu gosto da Andrea do filme, mesmo sem gostar da Andrea do livro. A Andy do livro parece fazer seu trabalho de qualquer jeito e mesmo odiando-o, transforma-o na parte mais importante de sua vida. A Andrea do filme, embora não goste do seu trabalho, aceita o desafio e entra de cabeça nele, dando seu melhor para obter os resultados. Isso tudo com uma incrível dose de graça, sem a irritante arrogância da personagem do livro e muita beleza. Sério, a Anne é linda demais!
O filme também supera a obra de Lauren por não enrolar demais, deixando claro quão absurdo é o emprego, mas sem exagerar na dose. Isso sem falar da maravilha em ver o desfile da moda durante toda a história: eu olhava para alguns sapatos maravilhosos, peças de roupas incríveis e pensava “eu também quero”.
Como a maioria das adaptações, o filme tem diferenças quanto ao livro. A começar pelo Alex ter sido transformado em Nate, que não só teve seu nome modificado como também sua profissão: de professor passou a ser cozinheiro. Lilly, a melhor amiga de Andy, mal tem uma vida no filme, enquanto no livro sua contribuição é importante, embora não tão profundamente abordada. E no filme há um amigo de Andy, Nate e Lilly que não existe no livro. Alguns conflitos no final do filme também foram inéditos, mas, nesse caso, gostei da modificação, sintetizou e exemplificou a personagem de Miranda, além de fazer Andrea entender tudo aquilo que não compreende a história inteira.
Resumindo, já que falei demais: o filme foi melhor e recomendo-o mais do que o livro. É um filme agradável, para ver e se divertir. O livro eu recomendo se você tiver paciência e tempo para lê-lo e não estiver nem um pouco interessada em grandes conteúdos. É um livro grande, mas sem que muita coisa aconteça.
Desculpem-me se fui muito dura com o livro, mas quando a personagem principal me irrita a esse ponto, dificilmente acabo gostando. Espero que tenham gostado do post! Beijos!
Concordo totalmente com você. Comprei esse livro faz alguns anos e quando peguei para ler eu demorei uns intermináveis meses porque simplesmente não conseguia continuar com a história chata de Andy. Acho que o livro ficou abandonado uns quatro meses no mínimo, até eu ter coragem de retomá-lo. Com certeza o livro também me decepcionou.
Assisti ao filme depois de ter lido e na verdade não sei nem como tive vontade, mas descobri que o filme também está nos meus 10% restantes. Sem contar que também adoro a Anne!
O filme realmente é bem mais recomendável que o livro.
Muito bom saber que não fui só eu que achei o livro um saco. Estou lendo agora outro livro da autora(Todo mundo que vale a pena conhecer), e me parece melhor. As vezes dá uma enrolada também, mas me sinto mais envolvida nessa história.
Enfim, também já falei demais. Adorei o post, e gosto muito da forma que você expõe suas opiniões! 🙂
Beijos!
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