[Resenha] A Geografia de Nós Dois - Jennifer E. Smith - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
28

jul
2016

[Resenha] A Geografia de Nós Dois – Jennifer E. Smith

a-geografia-de-nos-dois-jennifer-e-smith-minha-vida-literariaTítulo: A Geografia de Nós Dois
Autor: Jennifer E. Smith
Editora: Galera Record
Número de Páginas: 384
Ano de Publicação: 2016
Skoob: Adicione
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Lucy mora no vigésimo quarto andar. Owen, no subsolo… E é a meio caminho que ambos se encontram – presos em um elevador, entre dois pisos de um prédio de luxo em Nova York. A cidade está às escuras graças a um blecaute. E entre sorvetes derretidos, caos no trânsito, estrelas e confissões, eles descobrem muitas coisas em comum. Mas logo a geografia os separa. E somos convidados a refletir… Onde mora o amor? E pode esse sentimento resistir à distância? Em A Geografia de Nós Dois, Jennifer E. Smith cria tramas cheias de experiências, filosofia e verdade.

Conheci a escrita de Jennifer E. Smith pela leitura de A probabilidade estatística do amor à primeira vista. Apesar de ter gostado do livro quando o li, não tenho muitas memórias sobre ele, já que faz um tempo considerável desse meu primeiro contato. Assim, comecei A geografia de nós dois sem muitas expectativas – e acabei me surpreendendo com ele.

Está um dia atipicamente quente em Nova York, quando Lucy acaba ficando presa no elevador por conta de um blecaute que atinge toda a cidade. Porém, ela não fica sozinha, mas sim com Owen, filho do administrador do prédio. Os dois não têm quase nada em comum – ela mora no 24º andar, ele, no subsolo; ela estuda em um caro colégio particular, ele, em um público – mas acabam estabelecendo uma forte conexão durante as horas passadas juntas, em meio ao blecaute. No dia seguinte, quando a energia retorna, os caminhos de ambos também se separam, e em meio às mudanças por eles enfrentadas, vão se tornando cada vez mais distantes fisicamente, ainda que emocionalmente mais próximos do que poderiam imaginar.

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Desde o início, foi a escrita de Jennifer E. Smith que mais me encantou na leitura. Ainda que a narrativa em terceira pessoa – ora pela visão de Lucy, ora pela de Owen – seja, de certa forma, simples, há uma inegável carga romântica na construção de frases da autora, além de diversas passagens bastante sensíveis e, de certa forma, poéticas. Tanto as emoções dos personagens quanto suas emoções são bastante conectadas ao cenário da história, sobretudo no que diz respeito às condições climáticas, e essa ligação dá o ar delicado que o livro assume.

“Se traçassem um mapa dos dois, de onde tinham começado e de onde terminariam, as linhas seguiriam para longe uma da outra como imãs de polos opostos. E já tinha ocorrido a Owen que havia algo de profundamente errado com aquilo, que deveriam existir círculos ou ângulos ou voltar, qualquer tipo de traço que possibilitasse às duas linhas voltarem a se encontrar. Em vez disso, iam em direções opostas. O mapa era o mesmo que uma porta prestes a se fechar. E a geografia da situação – a geografia dos dois – estava completa e irremediavelmente errada.”

página 111

Ainda, há um paralelismo muito grande entre as emoções dos dois, de forma que a alternância de capítulos não funciona apenas para trazer uma dupla perspectiva na história, mas, principalmente, para estabelecer essa contraposição entre eles. Em determinado momento, os capítulos são constituídos por trechos bastante curtos, e, se os juntássemos em apenas uma página, encontraríamos algo muito semelhante a um poema.

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Em termos de trama, seu caráter romântico é intensificado pelas atípicas situações que envolvem Lucy e Owen: as poucas horas que passam juntos; a forma de como um mexe com o outro; a improbabilidade e a dificuldade de se encontrarem; o sentimento que se nega a ser esquecido. Cada um desses elementos reforça as emoções por eles sentidas, e a nossa torcida por eles. É importante ressaltar que o romance aparece de forma bastante branda e sutil, uma vez que A geografia de nós dois não pode ser considerado como um livro intenso. A carga romântica é sentida pelas considerações que fazemos da história e pela delicadeza da escrita de Jennifer E. Smith.

“Eram como dois asteroides que tinham colidido, ela e Owen, soltando faíscas breves antes de ricochetearem cada um para um lado outra vez, um pouco lascados, um pouco machucados e marcados, talvez, mas ainda com cem quilômetros a percorrer. Quanto tempo se pode de fato esperar que uma única noite dure? Até que ponto se pode esticar um conjunto tão pequeno de minutos? Ele era apenas um garoto no terraço. Ela era apenas uma garota em um elevador. Talvez tenha sido o fim.”

página 122

Mesmo que a narrativa e romance tenham me encantado, um dos meus pontos favoritos em A geografia de nós dois foram as temáticas familiares abordadas pela autora. Enquanto Lucy se sente sozinha em sua família, já que seus pais estão sempre viajando, Owen se vê no papel de dar apoio ao pai, considerando-se que ele desmoronou após a morte da esposa – mãe de Owen. Ao mesmo tempo em que os dois lidam com as mudanças geográficas a que são submetidos, passam, também, por um intenso período de mudanças interiores, no qual, sem perceberem, acabam por se surpreenderem ao se aproximarem e conhecerem melhor seus próprios pais, e adorei a maneira de como a autora trabalhou essa questão. Sem dúvida alguma, os momentos de pai para filho, no caso de Owen, e de mãe para filha, no caso de Lucy, foram os que mais me tocaram e emocionaram na leitura.

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Em linhas gerais, A geografia de nós dois, mais do que um livro de romance adolescente, é um livro sobre mudanças, sobre adaptações às mais diversas situações. Por meio de uma escrita leve e delicada, Jennifer E. Smith conquista o leitor e o convida a embarcar na história de Lucy e Owen, podendo tanto divertir e entreter quanto emocionar os de coração mais sensível. Uma leitura fofa e tranquila, que certamente recomendo aos que gostam de livros desse tipo.





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4 Respostas para "[Resenha] A Geografia de Nós Dois – Jennifer E. Smith"

Micheli Pegoraro - 28, julho 2016 às (23:05)

Olá Aione,
Que delicia ler essa resenha! Faz tempo que desejo ler um livro da autora, então foi uma grata surpresa ler uma resenha que me deixou ainda mais empolgada para dar uma chance. O livro A Probabilidade Estatística do Amor À Primeira Vista está na lista de desejados há um bom tempo, então acho que vou acabar escolhendo esse para ler primeiro, mas pretendo ler ainda nesse ano A Geografia de Nós Dois. Adoro um bom romance despretensioso, com drama familiar e onde podemos acompanhar o amadurecimento dos personagens, então já sei que vou me envolver com esse livro. Espero ser conquistada por essa escrita leve e delicada de Jennifer E. Smith logo.
Beijos

Bruna - 19, agosto 2016 às (21:15)

Olá! Nossa, amei a sua resenha! Tinha visto esse livro nos lançamentos da página do skoob e mesmo com o conhecimento da sinopse fiquei com um pé atrás com a história. Com sua resenha, pude ver mais profundo do livro e isso me motivou a dá uma chance para autora. Obrigada!
Bjs!

Rosangela Rosa - 03, dezembro 2017 às (10:24)

Num mundo tão individualista e intolerante, um livro doce, suave e puro como o amor!!! Parabéns pela resenha. Muito tocante!!! Me apaixonei a primeira vista pelo título e me ganhou pela história!!!

Lais Souza da Silva - 12, junho 2020 às (08:44)

Estou amando o blog!
É o segundo livro que antes de comprar, venho ver a sua resenha =)
Beijinhos!

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