Johnny Casey, seus dois irmãos, Ed e Liam, suas lindas e talentosas esposas e seus filhos passam bastante tempo juntos ― festas de aniversário, celebrações de bodas, viagens nos feriados. E são uma família feliz. Pelo menos Jessie, esposa de Johnny ― e também a mais rica de todos ―, pode jurar que eles são, sim.
Mas basta chegar um pouco mais perto para sentir o cheiro da farsa. Enquanto uns não se suportam, outros se gostam um pouco demais da conta…
Apesar disso, a ordem familiar segue inabalada, até que Cara, esposa de Ed, sofre uma concussão e se torna incapaz de guardar para si o que pensa. Basta um comentário descuidado na festa de aniversário de Johnny, com todo mundo presente, para Cara começar a vomitar todos os segredos cabeludos da família perfeita
Depois de lavar a roupa suja, os Casey sentem que é chegada a hora de finalmente encarar a realidade, e apenas uma pergunta passa a ocupar os pensamentos dos adultos da família: será que não está na hora de crescer?
Adultos é o mais novo, mais divertido e mais engraçado romance de Marian Keyes, autora do best-seller internacional Melancia.
Ficha Técnica
Título: Adultos
Título original: Growns Up
Autor: Marian Keyes
Tradução: Caroline R. Horta
Editora: Bertrand Brasil
Número de Páginas: 658
Ano de Publicação: 2021
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Resenha escrita: Adultos
Adultos é o 14º romance de Marian Keyes, uma das minhas escritoras favoritas de comédias românticas. Traduzido por Caroline R. Horta, traz o estilo conhecido da autora em um formato mais maduro e sutil, com um título absolutamente perfeito para o que entrega.
Os Casey são uma grande família, que passam muito tempo juntos em festas e viagens e se dão muito bem… Ao menos, à primeira vista. Quando segredos sobre diferentes membros da família são acidentalmente revelados em um jantar, não é apenas a relação de cada casal que fica abalada, mas as convicções que cada pessoa tem sobre si mesma.
Marian Keyes inicia a narrativa de Adultos pela noite do jantar catastrófico, atiçando a curiosidade para o que nele será revelado. Então, retrocede alguns meses no tempo de maneira a situar o leitor. É quando ela pouco a pouco apresenta as personagens e as dinâmicas entre elas, e vai construindo as circunstâncias que levam ao clímax do romance, quase ao final da história, quando todas as confusões viram um novelo confuso e de difícil desembaraçamento. Aliás, a energia caótica que paira por todo livro é sentida desde os primeiros parágrafos.
O livro é narrado em terceira pessoa a partir de múltiplas perspectivas. Demorei um pouco para me situar, considerando-se a grande quantidade de personagens. Contudo, assim que me familiarizei, imergi na leitura e senti as personagens como conhecidas minhas, e mal via a hora de descobrir o desfecho que cada uma teria. Em geral, os livros de Marian Keyes trazem grandes pontos de virada, quando a atmosfera da história deixa de ser engraçada para entrar em uma área mais sensível e melancólica — sem perder a leveza — e o véu que cobria a percepção das personagens — e do leitor — sobre os fatos é retirado, dando outro sentido ao enredo. Aqui, isso acontece de maneira muito mais sutil, principalmente porque o humor e a melancolia andam de mão dadas desde o início de Adultos. Não há uma mudança de atmosfera ou de entendimento da história, mas sim um momento de clímax, para o qual tudo que foi anteriormente construído é direcionado — e a partir do qual, haverá drásticas consequências. Há, sim, uma mudança de percepção das personagens sobre quem são e sobre o momento que vivem, quando o estágio delas de negação é enfim quebrado. Contudo, nesse caso, o leitor consegue distinguir a realidade e o que as personagens negam para si, em vez de viver com elas essa negação.
Com comentários engraçados e situações que às vezes beiram o exagero, Marian Keyes constrói com sensibilidade o sentimento de ser adulto, seja após os 40 anos, como a maioria das personagens, seja entre os 20 e os 30, como algumas outras. As dúvidas, inseguranças e vulnerabilidades estão todas lá, mescladas ao contínuo ímpeto de se seguir em frente, demonstrando como essa fase da vida é um constante apostar às cegas de fichas. Relacionamentos, questões financeiras, vida profissional e parentalidade são alguns dos temas abordados em Adultos. Um que merece destaque é o transtorno alimentar, que, em geral, aparece nos livros associado a personagens jovens, e aqui foge desse padrão. A autora explica a doença, retrata com maestria como funciona a cabeça de uma pessoa bulímica e demonstra seu impacto em diferentes setores da vida. Foi uma abordagem responsável e cuidadosa, que também acontece em outras discussões no enredo, como a questão dos refugiados na Irlanda e a pobreza menstrual, inseridos de maneira muito natural no todo.
O que posso dizer é que ri, me emocionei, fiquei aflita e me identifiquei com inúmeras passagens e personagens, terminando a leitura com um sentimento controverso, mas muito real. Nem todas as resoluções são as desejadas, ao menos em uma perspectiva mais romântica, mas são perfeitas para cada personagem. Fiquei com a sensação de que, quanto mais tempo passar e mais eu pensar no livro, mais vou gostar dele. Sem dúvidas, virou um dos meus favoritos de Marian Keyes.
Faz tanto tempo que não apareço por aqui… me perdoe!!!
Eu amei esse livro – li em inglês porque não tinham previsão de publicação por aqui – e me emocionei, me choquei, me machuquei com esse enredo. Mas terminei a leitura com a mesma sensação que você: quanto mais o tempo passar, mais lembrarei desta história de forma mais consistente e por isso, a lembrança da leitura será mais positiva.
bj