[Resenha] Só as partes engraçadas — Nell Scovell - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
10

maio
2022

[Resenha] Só as partes engraçadas — Nell Scovell

Por mais de trinta anos, a escritora, produtora e diretora Nell Scovell trabalhou nos bastidores de programas famosos, como Os Simpsons, Late Night with David Letterman e Sabrina, aprendiz de feiticeira, do qual foi criadora e produtora executiva. Segunda mulher a escrever para a família amarela mais famosa da TV, Nell saiu de trás das câmeras para falar publicamente sobre a falta de diversidade de gênero entre os roteiristas dos famosos talk-shows noturnos após um escândalo sexual envolvendo Letterman. Dois anos depois, ela estava participando de palestras ao lado de Sheryl Sandberg e, posteriormente, da produção do livro Faça acontecer — mulheres, trabalho e vontade de liderar, que resultou em um grande debate mundial.
Só as partes engraçadas é uma história em ritmo acelerado de uma garota nerd da Nova Inglaterra que escalou até o topo do tão concorrido e masculino campo do entretenimento, e também um olhar mordaz sobre tudo que acontece na indústria cinematográfica e televisiva. Além de tudo, este livro nos presenteia com insights valiosos sobre o processo criativo e truques para lidar com um ambiente de trabalho difícil sem nunca (ou quase nunca) perder o bom humor.

 

Ficha Técnica

Título: Só as partes engraçadas
Título original: Just the funny parts
Autor: Nell Scovell
Tradução: Laura Folgueira
Editora: HarperCollins Brasil
Número de Páginas: 386
Ano de Publicação: 2019
Skoob: Adicione
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Resenha: Só as partes engraçadas

Só as partes engraçadas traz o relato da estadunidense Nell Scovell, roteirista e produtora de televisão, escritora de revista e diretora de cinema. Criadora da série de televisão Sabrina, entre outros importantes trabalhos, retrata no livro os bastidores do show business, apontando problemas relevantes do meio, mas sem perder o bom humor.

Por meio de uma escrita direta e divertida, Nell Scovell reconstrói sua trajetória profissional, mesclada a elementos de sua vida pessoal — como casamentos, divórcios e outras questões familiares. Compreender o contexto de sua criação é importante por trazer a construção de sua personalidade, bem como de visão de mundo.

Se você perguntar a mil escritores diferentes “Como você começou?”, receberá mil respostas diferentes. Mas, se perguntar a mil escritores diferentes, “Por que você começou?”, receberá a mesma resposta: porque escrevemos.

página 32/posição 375

O centro de Só as partes engraçadas está não simplesmente em demonstrar o funcionamento dos bastidores de programas de entretenimento — o que é um fator interessantíssimo na leitura, especialmente por ser uma realidade distante para mim. Não conhecia quase nada do que envolve a elaboração de um roteiro e de como se dá a participação dos roteiristas —, mas na sua experiência de ser praticamente a única mulher em sua função na maior parte dos trabalhos que realizou. É a partir daí que Nell Scovell chama a atenção para a falta de diversidade geral no meio, assumindo sua posição como branca, cis e heterossexual, o que lhe dá privilégios em relação a pessoas não-branca e da comunidade LGBTQ+, por exemplo. O debate levantado por Nell, além de relevante por si só, salienta o quanto a diversidade impacta, inclusive, em retratos mais amplos de vivências e experiências na hora de construir personagens e situações, que ficam limitadas quando partem da criação de um grupo homogêneo. Também, é interessante a reflexão que a autora faz sobre a atuação do feminismo em diferentes culturas e países: a luta de Nell não é a mesma de mulheres em condições precárias de vida.

Adorei, também, como a autora oferece muitas observações sobre criatividade e processo criativo. Embora não seja o foco de Só as partes engraçadas, o livro contempla escritores de outras mídias ao entregar tais ponderações. Além disso, Nell fornece muitos de seus truques para lidar com um ambiente de trabalho difícil, como os que frequentou.

No resumo, Só as partes engraçadas foi uma leitura extremamente interessante e fluida, sobretudo pela narrativa da autora soar quase como uma conversa com uma amiga. Adorei seu humor perspicaz, que exemplifica muito bem a função em si do humor, que Nell também aborda. O divertimento do livro não oculta a seriedade e relevância das temáticas discutidas, nem o tom emocionado de algumas passagens, mas faz dele ainda mais agradável de se ler. Finalizei a leitura, no mínimo, inspirada, e desejosa de conhecer mais sobre os trabalhos de Nell Scovell.





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