[Resenha] Até que a Culpa nos Separe — Liane Moriarty - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
05

abr
2022

[Resenha] Até que a Culpa nos Separe — Liane Moriarty

Amigas de infância, Erika e Clementine não poderiam ser mais diferentes. Erika é obsessivo-compulsiva. Ela e o marido são contadores e não têm filhos. Já a completamente desorganizada Clementine é violoncelista, casada e mãe de duas adoráveis meninas. Certo dia, as duas famílias são inesperadamente convidadas para um churrasco de domingo na casa dos vizinhos de Erika, que são ricos e extravagantes. Durante o que deveria ser uma tarde comum, com bebidas, comidas e uma animada conversa, um acontecimento assustador vai afetar profundamente a vida de todos, forçando-os a examinar de perto suas escolhas — não daquele dia, mas da vida inteira. Em Até que a culpa nos separe, Liane Moriarty mostra como a culpa é capaz de expor as fragilidades que existem mesmo nos relacionamentos estáveis, como as palavras podem ser mais poderosas que as ações e como dificilmente percebemos, antes que seja tarde demais, que nossa vida comum era, na realidade, extraordinária.

 

Ficha Técnica

Título: Até que a Culpa nos Separe
Título original: Truly Madly Guilty
Autor: Liane Moriarty
Tradução: Julia Sobral Campos
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 464
Ano de Publicação: 2017
Skoob: Adicione
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Resenha: Até que a Culpa nos Separe

Dos romances de Liane Moriarty publicados no Brasil, Até que a culpa nos separe era o único que, até então, eu não havia lido. Com tradução de Julia Sobral Campos, narra a história de três casais e as diferentes culpas que cada um carrega.

Três casais se reúnem em um domingo para um churrasco, e os acontecimentos daquele dia abalam as relações entre eles. Alguns meses depois, cada um parece se lembrar daquela tarde de uma forma diferente, o que desencadeia todo um mistério sobre o que pode ter ocorrido no fatídico evento.

Iniciei a leitura de Até que a culpa nos separe intrigada, já que recebi opiniões divergentes de outros leitores. Porém, desde os primeiros parágrafos, Liane Moriarty me conquistou com sua escrita, sobretudo no que se refere à maneira de descrever as cenas. Há muitos detalhes em relação aos ambientes, às sensações dos personagens e aos seus pensamentos, o que constitui como os protagonistas são desenvolvidos. A narrativa em terceira pessoa acompanha, em capítulos alternados, as perspectivas de uma personagem diferente, e o uso do discurso indireto livre permite uma aproximação muito grande com o íntimo de cada um. 

Assim, Até que a culpa nos separe é daqueles romances com foco psicológico, na personalidade dos protagonistas. São suas bagagens, medos e anseios que determinam os conflitos desenvolvidos no enredo. Também por isso, a leitura é mais vagarosa, uma vez que a trama não é carregada de ação ou de eventos externos. Para manter a curiosidade, Liane Moriarty alterna narrativas do presente da história com flashbacks do dia do churrasco, meses antes. Dessa maneira, constrói-se o suspense e a tensão acerca do que pode ter acontecido. Mais do que a revelação em si, adorei como ela afeta a condução da trama — e como culmina em algumas reviravoltas. Há uma amarga ironia especificamente em uma que, para mim, tanto combinou muito bem com o tom da história quanto cumpriu com o elemento surpresa, o que fez com que eu gostasse ainda mais da leitura. 

Um dos elementos que mais gostei é como as personagens são reais, definidas tanto por suas qualidades quanto por defeitos. É possível simpatizar ou não com elas, o que varia de acordo com quem lê, justamente porque Liane Moriarty as explora em nuances e coloca os acontecimentos em perspectiva. Será que as personagens se sentiriam da mesma maneira em relação ao churrasco se o mesmo trágico evento tivesse acontecido em outras circunstâncias? É cativante como a autora aborda o choque entre moralidade e senso de dever com as reais essências de cada uma, gerando nelas inquietações muito típicas da experiência humana — e que também atingem que lê. Ainda, inclui no mix de impressões e emoções dos casais aspectos de classe e gênero, deixando implícito como essas questões afetam suas percepções. Acima de tudo, fica expresso o quanto as lembranças e opiniões sobre tudo o que é narrado é subjetivo e mutável, de acordo com a bagagem de cada um.

Até que a culpa nos separe é um romance sobre as diferentes relações que podemos estabelecer com o outro — conjugais, familiares, de amizade — mas, também, com nós mesmos. Apesar de não ter sido um livro que devorei, foi uma leitura que me encantou pelo esmero com que cada personagem é construída, e como os detalhes revelam tanto sobre elas. Assim como os protagonistas, as relações entre eles são complexas e ambíguas, o que certamente me exerceu um fascínio, uma vez que gosto desse tipo de olhar sobre os seres humanos — individualmente e como seres sociais, vivendo em conjunto.





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2 Respostas para "[Resenha] Até que a Culpa nos Separe — Liane Moriarty"

Ana - 24, abril 2022 às (10:17)

Ganhei esse livro em uma promoção da Amazon, mas até então não parei para começar a leitura. Imaginei que não seria um livro super intenso, com bastante drama. Vou ler também!

Ingrid Rezende - 11, janeiro 2023 às (11:53)

Olá. Comecei a ler, e já estou amando. Sou do tipo que quando gosta, não para de ler, seja no ônibus, seja no horário de almoço, enquanto eu tenho uma pausa eu leio umas paginas. rsrs.
Eu gosto do modo como a Autora escreve, gosto particularmente de “ouvir” os pensamentos dos personagens, definindo e detalhando seus atos e suas emoções.
Super curiosa para saber o final e o que de tão perturbador aconteceu naquele churrasco. RSRSRS.

Já li outro dela, O segredo do meu marido (AMEIIII) – Conheci seu nome pelas series de TV – Pequenas Grandes Mentiras e Nove Desconhecidos.

Já estou ficando super fã!!!!

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