[Resenha] Ada ou Ardor — Vladimir Nabokov - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
07

dez
2021

[Resenha] Ada ou Ardor — Vladimir Nabokov

Ada ou ardor reconta a duradoura relação de amor entre dois primos, Ada e Van, desde o primeiro encontro na Mansão de Ardis, em uma “América de sonho”, e ao longo de oitenta anos de arrebatamento, viagens através de continentes, separações e recomeços.

Ao narrar essa história trágica e idílica, Nabokov reinventa a própria vida. Não estamos mais na Terra, mas na Antiterra, uma espécie de espelho distorcido de nossa realidade. No mundo nabokoviano, entre outras coisas, fala-se russo nos Estados Unidos, e os telefones são movidos a água, depois de o uso da eletricidade ter sido proibido. Nessa realidade recriada, Nabokov mescla uma série de referências e estilos para narrar uma história de amor interdita, emocional, que foge a todos os padrões convencionais.

Ficha Técnica

Título: Ada ou ardor
Título original: Ada, or Ardor
Autor: Vladimir Nabokov
Tradução: Jorio Dauster
Editora: Alfaguara
Número de Páginas: 608
Ano de Publicação: 2021
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Resenha: Ada ou Ardor

Um dos livros mais difíceis que já li, Ada ou Ardor de Vladimir Nabokov fala sobre um tema polêmico e de difícil digestão: relacionamentos entre familiares e as idas e vindas do amor.

Na obra de Nabokov, vemos uma paixão louca e sem freios entre Van Veen e sua prima, Ada. A história que se passa em uma fusão de Rússia e EUA conta as idas e vindas dessa paixão, com direito a um triângulo amoroso que vai abalar tudo. Talvez a única arma que acreditam dispor contra os estragos do tempo seja, na verdade, uma maldição que irá destruí-los. “Todas as famílias felizes são mais ou menos diferentes; todas as famílias infelizes são mais ou menos semelhantes” é a frase de abertura de Anna Kariênina de Tolstói, que diz muito sobre Ada ou ardor.

A obra dividida em cinco partes traz um emaranhado de relacionamentos que transbordam palavras difíceis ou passagens entediantes. Isso não o torna ruim, veja bem, mas de difícil leitura. Me peguei várias vezes parando no meio das páginas para refletir ou buscar interpretações na internet. Também fiz anotações no livro, colocando sinônimos das palavras que eu não entendia. Isso é bem importante de se fazer ao longo da leitura, pois elas alteram completamente a compreensão do texto.

Com um avanço lento no tempo, Nabokov trabalhou bem as descrições, estruturando a narrativa de forma que fosse possível transcender os anos sem se perder. É algo que, para o meu gosto literário, funciona super bem, me envolve rapidamente. Talvez nem todos os leitores se identifiquem e acabem se entediando com a forma mais arrastada com que tudo acontece. De qualquer forma, é prazeroso ler o texto e observar outros grandes nomes e livros sendo citados, exemplos dos mais famosos são Freud, Proust, Alice no País das Maravilhas, Doutor Jivago.

Seria mentira se eu dissesse que amei algum personagem, pois a verdade é que não senti um apego por eles, apenas pena e tristeza por viverem algo tão turbulento, cheio de traições e acontecimentos sórdidos. Devo dizer que, quanto às idades diferentes dos personagens, isso é bem incômodo, até pelo fato de que uma das mulheres com que Van se relaciona estava, na época, com apenas 13 anos e era sua meia irmã. Acredito que seja isso o que o autor queria dizer com crônicas de família, pois trata de relacionamentos conturbados, além do protagonista já ter uma relação desgovernada com a prima.

Poucos vão amar essa obra, da mesma forma que poucos amaram Lolita, mas um clássico é um clássico e podemos ver no modo como a narrativa traz os detalhes, os personagens, as situações em um contexto e épocas diferentes, que independentemente do ano que foi escrito, as semelhanças com a atualidade são fáceis de encontrar. Jorio Dauster foi o tradutor da obra, publicada originalmente em 1969 e que, ao lado de Lolita e Fogo Pálido, é considerada a trintade de Nabokov.





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