A Prisioneira do Tempo — Kate Morton
Título: A Prisioneira do Tempo
Título original: The Clockmaker’s Daughter
Autor: Kate Morton
Tradução: Rachel Agavino
Editora: Arqueiro
Número de Páginas: 448
Ano de Publicação: 2020
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No verão de 1862, um grupo de jovens artistas liderado pelo talentoso e passional Edward Radcliffe segue para Birchwood Manor, uma bela casa de campo às margens do rio Tâmisa. O plano é passarem um mês isolados em uma aura de inspiração e criatividade. No entanto, ao fim do verão, uma mulher está morta e outra desaparecida, uma herança inestimável se perdeu, e a vida de Edward está arruinada.
Mais de 150 anos depois, Elodie Winslow, uma arquivista de Londres, descobre uma bolsa de couro contendo dois itens aparentemente sem conexão: a fotografia de uma mulher de aparência impressionante, vestida em roupas vitorianas, e o caderno de desenho de um artista, que inclui o rascunho de uma grande casa à beira de um rio.
Por que Birchwood Manor parece tão familiar a Elodie? E quem é a linda mulher na fotografia? Será possível, depois de tanto tempo, desvendar seus segredos?
Narrada por diversos personagens ao longo das décadas, A prisioneira do tempo é uma história de assassinato, mistério e roubo, de arte, amor e perda. Entremeando cada página, há a voz de uma mulher que teve seu nome apagado da história, mas que assistiu a tudo de perto e mal pode esperar pela chance de contar sua versão dos fatos.
RESENHA ESCRITA
A Prisioneira do Tempo é o mais recente romance de Kate Morton, cujas obras trazem uma mescla de gêneros. Entre o histórico, o drama, o suspense e o romântico, a autora constrói uma teia complexa de personagens entrelaçados pelo tempo por meio de uma linguagem elaborada com esmero.
A arquivista Elodie Winslow encontra uma bolsa de couro contendo uma foto de uma mulher e um caderno de desenhos. Ao reconhecer entre as ilustrações uma casa que só havia visitado em sua imaginação, decide investigar os pertences e o mistério que a conecta a eles.
A Prisioneira do Tempo já começa revelando um diferencial: entre as várias narrativas em terceira pessoa que se darão ao longo da leitura, há uma em primeira pessoa, cuja personagem é o principal mistério ao redor dos acontecimentos em Birchwood Manor, a casa que atrai Elodie para a investigação. A questão é que essa personagem é um fantasma que habita o local há mais de 150 anos e, através de suas impressões a respeito dos moradores que por ali passaram ao longo do tempo, vai nos ajudando a reconstruir os acontecimentos. Assim, entre essas passagens em primeira pessoa, encontramos blocos narrativos em terceira pessoa, cada um em um diferente momento no tempo, pela perspectiva de algum personagem que passou por aquela casa. Dessa forma, temos diferentes histórias sendo narradas que, apesar de suas particularidades, constroem uma maior.
Além da própria escrita de Kate Morton ser bastante detalhada, rica em impressões e sensibilidade artística, a própria estrutura do enredo faz da leitura mais lenta. Esse não é um livro com uma narrativa frenética, repleto de ação e eventos que nos fazem virar a página com fúria; ao contrário, é daquelas histórias para ser degustada, aproveitada em seus pormenores. Os principais temas de A Prisioneira do Tempo são a arte e a própria passagem do tempo, o que faz da memória e seus efeitos um dos principais elementos do romance. As personagens que aparecem, cada uma em uma diferente época, encaram conflitos particulares, mas que, de algum modo, se relacionam com Birchwood Manor, como se a mansão tivesse o poder de transformá-las — e é a fantasma narradora quem registra os fatos e os relata.
Foi sem dúvida a escrita da autora o que mais me cativou em A Prisioneira do Tempo, uma vez que Kate Morton relaciona arte, sentimentos e impressões de uma forma belíssima, transmitindo essa mescla em palavras capazes de encantar os olhos. Mesmo não tendo sido um livro que me levou às lágrimas ou que me causou euforia, foi um trabalho que admirei.
No resumo, A Prisioneira do Tempo é aquele tipo de leitura tranquila, para se fazer sem pressa e absorvendo suas nuances. Como um belo quadro clássico a se admirar através de um vidro, proporciona uma experiência talvez um pouco distante, mas, sem dúvida, estimada.
“ Como um belo quadro clássico a se admirar através de um vidro…” uau 😮 achei essa frase no final um resumo esplêndido 👏🏻
Confesso que quando vi o lançamento desse livro não fiquei tão encantada assim e você falando que é uma leitura lenta me desanimou mais ainda… mas a frase final bateu aquela curiosidade sobre esse “fantasma” hahahaha 🤣