A Chama (A Liga dos Corações Puros #1) — César Dabus
Título: A Chama
Autor: César Dabus
Editora: Chiado
Número de Páginas: 484
Ano de Publicação: 2019
Skoob: Adicione
Compre: Martins Fontes
Antes de explicar a sinopse, já adianto e garanto – mas garanto mesmo! -, que este é o livro mais louco que você vai ler em toda a sua vida. Literatura. Poesia. Espiritualidade. Rock’n’roll. Autoconhecimento. Despertar da Consciência. Meditação. Chakras. Alquimia. A Liga dos Corações Puros é a mistura disso tudo numa coisa só.
Agora, vamos para a sinopse. O universo Flor Estelar vive em intenso conflito. O Exército do Rock’n’roll vs o Exército do Ruído. Esqueça as armas convencionais. Esta é uma história onde atiram Rock’n’roll com instrumentos musicais. Sim, os próprios instrumentos “atiram”. Os ruidosos querem continuar causando desarmonia espiritual para propagar o materialismo, enquanto os roqueiros querem trazer harmonia espiritual de volta ao universo.
E foi nessa sociedade onde Zakzor nasceu. E desde pequeno fora condicionado, robotizado, para servir ao desarmônico sistema do Exército do Ruído. Porém, Zakzor tinha poderes mediúnicos, também conhecido como Intuição. Em outras palavras, sua Voz Interior. E isso era “errado”. Você não podia viver conforme a “sua Voz Interior”. Você devia viver conforme “Voz-do-mundo”, a Voz Exterior. A voz social que te conduz, que te robotiza a fazer aquilo que “foi condicionado como certo”. Ouvindo Intuição, Zakzor chega à Liga dos Corações Puros, onde é recebido por sete mestres que o guiam numa jornada interior de autoconhecimento para o despertar de sua consciência e encontrar a harmonia espiritual dentro de si mesmo.
A Chama é o primeiro livro de uma saga. Embarque nesta aventura mais do que recheada de batalhas, sofrimento, meditação, cantorias, e procure conhecer um pouco mais sobre você.
RESENHA EM VÍDEO
RESENHA ESCRITA
Em uma mistura de fantasia, filosofia e Rock’n’Roll, A Chama, primeiro volume da série A Liga dos Corações Puros e romance de estreia de César Dabus, foi uma das leituras mais diferentes que fiz nos últimos tempos.
A história se passa no universo de Flor Estelar, que vive em um intenso conflito entre o Exército do Rock’n’Roll e o Exército do Ruído, o qual, comandado pela Mãe egóica, propaga o apego materialista e o condicionamento robotizado, impedindo os seres de entrarem em contato com sua verdadeira essência. É nesse contexto que o herói Zakzor nasce, com o poder mediúnico de ouvir o Sussurro de seu coração. Embora orientado a ignorar a própria Intuição, Zakzor ouve sua Voz Interior e chega à Liga dos Corações Puros, formada por sete mestres que o guiarão em uma jornada de autodescoberta para que, juntos, possam combater os males dos ruidosos.
A leitura de A Chama é sobretudo visual, uma vez que toda a história se baseia em metáforas. Por exemplo, adorei a ideia da música — o Rock’n’Roll, no caso — ser encarada como um meio de cura e combate, sendo utilizada no livro literalmente como arma. A Liga dos Corações Puros se utiliza de instrumentos musicais para disparar notas, capazes de atingir os combatentes. Assim, há diversas outras imagens como essa, fazendo com que o livro seja bastante descritivo em cenas e situações. Apesar de visual, a leitura é também bastante ágil por conta tanto dos muitos momentos de ação quanto pela própria narrativa. Em terceira pessoa, há passagens com intervenção do narrador, que acaba se dirigindo diretamente ao leitor, assim como o tom em si narrativo me soou por vezes jovial e divertido. Há uma tendência ao exagero pomposo nas falas, salientado pelo uso de adjetivos, vocabulário requintado e fontes em caixa alta, conferindo a sensação jocosa, que traz leveza para a história.
Em termos de enredo, A Chama não oferece tantos acontecimentos quanto o tamanho do livro pode sugerir. O plot gira basicamente em torno da tentativa de Zakzor e da Liga de combaterem os desafios impostos pela Mãe para que o herói atinja sua máxima potencialidade cósmica. Como dito, as batalhas são todas construídas em cima de metáforas, transmitindo a filosofia de um ser uno, conectado com sua parte mais essencial e capaz de se libertar do condicionamento das massas consequente de uma sociedade materialista, o que gera reflexões e pontos de contato a respeito de nossa própria sociedade.
Assim, o que se observa é que A Chama tende a uma prolixidade — percebida desde a extensa Introdução — e a uma repetição de ideias, o que pode tanto agregar, no sentido de reforçar as mensagens transmitidas e de demonstrar uma possível resistência do inconsciente em se libertar daquilo que o condiciona, fazendo da repetição necessária quanto deixar a leitura um pouco cansativa em alguns momentos, especialmente se o leitor, como no meu caso, é da filosofia de que, em termos narrativos, “menos é mais”. O recurso das aspas, excessivo, foi outro aspecto que quebrava um pouco o fluxo da leitura. Também, chamou minha atenção a quase inexistência de figuras femininas — a exceção da Mãe — e a reiteração da descrição de personagens caucasianos.
Em linhas gerais, A Chama cumpre a promessa de ser uma leitura diferente e que tem em seus pontos altos as metáforas com que trabalha e seu tom divertido, apesar de muitas das cenas de batalhas serem sangrentas e da jornada do herói trazer uma atmosfera de mais emoção. Ainda que esse seja o primeiro volume de uma saga, o romance tem começo, meio e fim, possibilitando a experiência de uma leitura completa ao leitor.
Achei legal a ideia em si, gosto de fantasia e metáfora juntos, mas não sei, não me senti tão atraída. Também sou muito do menos é mais e pensar que pode ter muita coisa desnecessária, sempre dá aquela desmotivada. Mas vou acompanhar o trabalho do autor e ver as publicações seguintes.