Título: Amada
Título original: Beloved
Autor: Toni Morrison
Tradutor: José Rubens Siqueira
Editora: Companhia das Letras
Número de Páginas: 368
Ano de Publicação: 2007
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Livro mais conhecido da escritora americana Toni Morrison, prêmio Nobel de Literatura de 1993, o romance, republicado agora no Brasil, ganhou o Pulitzer de 1988 e em 2006 foi eleito pelo New York Times a obra de ficção mais importante dos últimos 25 anos nos Estados Unidos. Em 1998 recebeu uma adaptação cinematográfica, com Oprah Winfrey no papel principal. A história se passa nos anos posteriores ao fim da Guerra Civil, quando a escravidão havia sido abolida nos Estados Unidos. Sethe é uma ex-escrava que, após fugir com os filhos da fazenda em que era mantida cativa, foi refugiar-se na casa da sogra em Cincinnati. No caminho, ela dá à luz um bebê, a menina Denver, que vai acompanhá-la ao longo da história. “Amada” tem uma estrutura sinuosa, não-linear: viaja do presente ao passado, alterna pontos de vista, sonda cada uma das facetas que compõem esta história sombria e complexa. Considerado um clássico contemporâneo, faz um retrato a um tempo lírico e cruel da condição do negro no fim do século xix nos Estados Unidos.
Amada é o romance mais conhecido de Toni Morrison, primeira escritora negra a receber o Nobel de Literatura (1993). Publicada no Brasil pela Companhia das Letras, a obra venceu o Prêmio Pulitzer de Melhor Ficção em 1987 e é considerado, junto de Jazz e Paraíso, como participante de uma trilogia da autora que narra a história do racismo nos EUA, em diferentes momentos da História.
Sethe é uma ex-escrava que atualmente vive com a filha, Denver, em uma casa assombrada pelo espírito da outra filha de Sethe, falecida ainda bebê. Após vários anos, Sethe reencontra Paul D., com quem havia trabalhado na fazenda onde eram mantidos cativos. A história se passa nos anos posteriores ao fim da Guerra Civil, retratando as dificuldades vividas pelos negros não apenas durante a escravidão, mas também após sua abolição.
A narrativa de Amada é não-linear e fragmentada mesmo quando feito o exercício de se alinhar em ordem cronológica os fatos retratados. Dessa maneira, ainda que seja possível compreender a trama em si, não é possível saber em detalhes todos os acontecimentos. Isso acontece porque a narrativa é completamente atrelada à memória das personagens, cujos pontos de vista são apresentados de maneira alternada: a fragmentação e a dificuldade narrativa remetem tanto à impossibilidade de se expressar o horror vivido quanto à dificuldade de se lembrar de acontecimentos traumáticos. Mais do que tudo, a própria Sethe como Paul D. afirmam por diversas vezes no romance seu desejo de não se lembrar do passado, enquanto Denver, nascida após a escravidão, procura se agarrar à história do início de sua vida.
A consequência disso, para o leitor, é uma leitura que desafia e que convoca sua participação ativa. Amada não promove uma leitura passiva, na qual apenas recebe-se o que está sendo lido; ele exige que o leitor reflita, junte as peças que pouco a pouco são dadas e se esforce para compreender o que está sendo dito. Mas não se assuste, porque Toni Morrison faz tudo isso sem deixar de entregar uma escrita completamente poética e arrebatadora. A sensibilidade de suas palavras intensifica com ainda mais veemência passagens extremamente duras, além de promover a beleza de um jeito que apenas a arte é capaz de fazer.
Amada me proporcionou uma experiência de leitura intensa e provocante, na qual eu me via encantada mesmo nas passagens em que sentia mais dificuldade de prosseguir por entre as páginas. Ao final, senti aquele misto de impacto e vazio deixado pelas grandes obras, que alteram parte de quem somos e de como enxergamos o mundo.
Se ao final da década de 1980, quando a problemática das questões raciais nos EUA parecia começar a caminhar para vias de enfrentamento, Amada se fazia necessário para que a história da escravidão e suas marcas não fossem esquecidas, agora, quase 30 anos depois, o romance é ainda mais urgente. O esquecimento do horror só pode se dar quando questão de sobrevivência, em nível individual; em termos de História e coletividade, deve ser um lembrete constante e vergonhoso de um passado ainda não reparado.
Oi, Aione!
Que história ein? Amada parece trazer algo muito forte, uma experiência vivida por uma escrava, sofrimentos, entre outros. Isso me fascina.
Que bom que a Toni conseguiu trazer nessas páginas momentos de reflexão, de que o leitor tenha que parar e pensar.. Não esquecendo de trazer essa escrita ‘poética e arrebatadora’.
Ótimo livro e resenha!,
Beijinhos.