[Resenha] Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi — Hillary Jordan - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
23

ago
2018

[Resenha] Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi — Hillary Jordan

Título: Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi
Título original: Mudbound
Autor: Hillary Jordan
Tradução: Marcelo Mendes
Editora: Arqueiro
Número de Páginas: 272
Ano de Publicação: 2018
Skoob: Adicione
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Um amor proibido, uma traição terrível, uma agressão selvagem. Um romance de força impressionante, que nos faz mergulhar nas contradições do Mississippi pós-Segunda Guerra Mundial.
Ao descobrir que o marido, Henry, acaba de comprar uma fazenda de algodão no Sul dos Estados Unidos, Laura McAllan, uma típica mulher da cidade, compreende que nunca mais será feliz. Apesar disso, ela se esforça para criar as filhas num lugar inóspito, sob os olhos vigilantes e cruéis de seu sogro.
Enquanto os McAllans lutam para fazer prosperar uma terra infértil, dois bravos e condecorados soldados retornam do front e alteram para sempre a dinâmica não só da fazenda, mas da própria cidade. Jamie, o jovem e sedutor irmão de Henry, faz Laura de repente renascer para a vida, enquanto Ronsel, filho dos arrendatários negros que trabalham para Henry, demonstra uma altivez que não será aceita facilmente pelos brancos da região.
De fato, quando os jovens ex-combatentes se tornam amigos, sua improvável relação desperta sentimentos violentos nos habitantes e uma nova e impiedosa batalha tem início na vida de todos.
Alternando a narrativa entre vários pontos de vista, este premiado romance oferece ao leitor diferentes versões dos acontecimentos. Os personagens, lutando por sentimentos de amor e honra num lugar e época brutais, se veem dentro de uma tragédia de enormes proporções e encontram redenção onde menos esperam.

Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi é um livro forte por sua narrativa, sua história e seu eixo central: o preconceito. É um livro com o pano de fundo histórico do pós-guerra e do impetuoso cenário de segregação racial presente no sul dos Estados Unidos nesse período.

A narrativa em primeira pessoa mescla o ponto de vista de diversos personagens em capítulos curtos. Conhecemos, por exemplo, Laura, uma mulher da cidade grande que acaba mudando-se com seu marido Henry para uma fazenda de algodão no Mississipi. A realidade que a cerca e a presença desagradável do seu sogro vai fazendo com que ela acredite que nunca mais será feliz. Conhecemos também Jamie, irmão de Henry, além de Ronsel, que é filho dos arrendatários Florence e Hap, que trabalham para Henry.

O irmão de Henry e Ronsel possuem algo em comum: são dois soldados condecorados voltando da guerra e os dois acabam construindo uma amizade; no entanto, pelo simples fato de um ser branco e o outro ser negro, a relação dos dois desperta nas pessoas ao redor sentimentos e atitudes que deixam marcas impiedosas, pois estão em um contexto social no qual o preconceito de classe, de raça e de gênero permeava de modo doloroso as relações interpessoais. Sobretudo, era um contexto no qual o racismo era extremamente presente e, nessa história, ele é relatado de um modo bastante impactante.

Além disso, outras relações vão se delineando e conduzindo a trama por uma série de tragédias, dissabores, decepções e contradições. Os personagens são apresentados de forma direta e com as suas contradições e posicionamentos mais absurdos, o que evoca no leitor sentimentos como raiva, tristeza e decepção com o ser humano, já que, por ser em primeira pessoa, acompanhamos de perto a visão dos personagens acerca do mundo ao seu redor que, por vezes, é uma visão velada de preconceito, violência e posicionamentos cruéis e, portanto, inaceitáveis.

Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi nos desperta uma série de sensações e, entre as principais, a indignação, causada por uma leitura que foi intensa, detalhista e reveladora, a qual nos mostra arduamente as cicatrizes deixadas pelo preconceito e pela injustiça. Não é uma leitura fácil, mas é muito significativa e necessária. O livro recebeu uma adaptação para o cinema com direção de Dee Rees.





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