Título: Tudo Junto e Misturado
Autor: Ann Brashares
Editora: Seguinte
Número de Páginas: 336
Ano de Publicação: 2017
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Sasha e Ray sempre passam o verão na velha casa de férias da família. Desde pequenos, os dois dividiram muitas coisas — leram os mesmos livros, correram pela mesma praia, comeram pêssegos colhidos na mesma fazenda, tomaram café da manhã sentados à mesma mesa. Até dormiram na mesma cama, mas nunca ao mesmo tempo. Afinal, eles jamais se encontraram. O pai de Sasha um dia foi casado com a mãe de Ray, e juntos tiveram três filhas: Emma, Quinn e Mattie. Mas o casamento acabou, deixando para trás apenas rancor e ressentimentos. Os dois casaram de novo e formaram novas famílias, mas nenhuma delas pretende desistir da casa de praia, muito menos compartilhá-la. Até este verão. As vidas de Sasha e Ray estão prestes a se cruzar — e, com tudo junto e misturado, as famílias vão mudar para sempre.
Tudo Junto e Misturado. Minha primeira impressão foi a de que o título se referia apenas às diferentes (e complicadas) famílias retratadas no mais recente romance de Ann Brashares; contudo, após sua leitura, percebi que ele vai muito além, abrangendo também diferentes estilos narrativos e, sobretudo, as muitas emoções tão misturadas entre si que a leitura proporciona. Sem dúvida alguma, fui bastante surpreendida, mesmo já tendo adorado a série Irmandade das Calças Viajantes da autora.
Lila e Robert foram casados e tiveram três filhas. Após o divórcio nada amigável, continuaram a dividir a casa de praia da família, cada hora ocupada por um, sempre em tempos exatamente iguais entre um e outro. Ambos se casaram novamente e tiveram seus filhos: Lila agora é também mãe de Ray, e Robert é pai de Sasha, os dois com 17 anos. Ray e Sasha cresceram dividindo uma casa, as três meias-irmãs e até mesmo um quarto, mas nunca se encontraram, devido ao rígido esquema de separação das famílias. Até que tudo muda em um verão, quando suas vidas — e de suas complicadas famílias — parecem mais interligadas do que nunca.
Dizer que a narrativa de Tudo Junto e Misturado é composta por diferentes pontos de vista, que se alternam de acordo com as perspectivas das personagens, não basta para defini-la. Mais do que uma mescla de vozes narrativas, temos uma mescla de gêneros. Ainda que esse seja um romance, sua escrita em muito me desconcertou. Há nela um ar de fragmentação, de agilidade descritiva que, aliado à maciça presença de diálogos, dão à obra um caráter dramático, intensificado pelo breve resumo de personagens e cenários presentes no início do livro — assim como no roteiro de uma peça de teatro. Também, há um inegável trabalho poético na escrita de Ann Brashares, que se caracteriza por ser extremamente sutil e delicada, garantindo a presença de mais esse gênero em meio à narrativa. Romance, drama, poesia — tudo junto e misturado.
Assim, se a escrita própria da autora já garante sensibilidade à leitura, a maneira de como ela desenvolve cada personagem apenas acentua essa característica. Apesar da ausência de passagens reflexivas muito extensas, Ann Brashares consegue expor os conflitos emocionais de cada figura que compõe a obra. Com suavidade, a autora revela seus medos e anseios; com pinceladas delicadas, faz de cada uma alguém real, com cores e complexidade; com empatia, nos aproxima de todas elas.
Em um primeiro momento, a leitura de Tudo Junto e Misturado me causou estranhamento, apesar de ser fluida e envolvente desde os primeiros parágrafos. Contudo, essa impressão logo se dissipou e não demorei a me entregar ao estilo que Ann Brashares desenvolveu nessa obra em especial. Pouco a pouco, fui me abrindo a cada uma das emoções com que a autora me presenteava e fui as acolhendo em mim: recebi a expectativa de um primeiro amor, o medo de um passado desconhecido e de suas implicações no presente, a mágoa de conflitos mal-resolvidos, o vazio de uma necessidade voraz de compreensão e conexão, a alegria proporcionada por pequenas conquistas, a dor por uma grande perda; acima de tudo, senti o amor incondicional existente em laços familiares. Todas essas sensações, tudo junto e misturado.
Finalizei a leitura aos prantos, tentando digerir o que havia lido e sem saber qual emoção predominava em mim após essa experiência tão contraditoriamente intensa e delicada. Esperava uma leitura leve e a encontrei, mas não estava preparada para a força da história e para o turbilhão de sentimentos que ela me traria. Ann Brashares superou minhas expectativas com Tudo Junto e Misturado e me entregou um dos melhores YA a que já tive o prazer de ler.
Olá Aione! Realmente achei que poderia ser confusa a leitura de um livro tão peculiar, mas as suas palavras comoventes sobre a trama me instigaram a lê-lo. Adoro livros surpreendentes que deixam as emoções á flor da pele. Já adicionei Tudo Junto e Misturado à lista de leituras de 2018. E essa capa? Que fofa! Beijos